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'Muita gente morreu sem saber o que estava acontecendo', diz sobrevivente

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Foto: TJRS (reprodução) 

No terceiro depoimento deste sábado, a sobrevivente Cristiane dos Santos Clavé falou sobre a madrugada do incêndio e se emocionou ao lembrar do amigo Leandro Nunes, com quem foi a festa e que morreu na tragédia. Conforme o depoimento, ela considera que só conseguiu se salvar porque conhecia a estrutura da boate.

- Eu só saí porque sabia o caminho, estive lá outras vezes. Meu amigo Leandro que estava lá pela primeira vez não conseguiu. Não tinha sinalização e não dava para ver nada (...) Muita gente morreu sem saber o que estava acontecendo - descreveu, dizendo, ainda, que ninguém na boate avisou sobre o incêndio para que as pessoas pudessem sair.

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Cristiane conta que estava dançando na pista, próximo do palco, quando começou a se sentir mal com a fumaça:

- Eu estava dançando com um menino, quando começou a fumaça. Nem falei nada e saí de lá. Pensei: "vou la fora respirar e volto". No caminho, encontrei outro amigo e desisti de sair. Fui no banheiro com uma amiga e, depois que saí de lá, vimos o pessoal correndo e achamos que era briga. Só que vimos alguém no palco com um extintor. Era muito quente, como se fosse vapor de panela.

Na saída, Cristiane narra que tentou encontrar o amigo, mas não conseguiu. Viu que já havia alguns corpos empilhados em um estacionamento em frente à boate.

- Até hoje não consigo olhar para esse estacionamento, porque passei por cima dos corpos lá tentando encontrar o Leandro - revelou.

Além do melhor amigo, a sobrevivente perdeu outros conhecidos. O momento em que eles começaram a ser identificados foi o mais difícil. Além disso, Cristiane também relata uma preocupação com os filhos:

- Quando eu cheguei no portão de casa eu desabei, porque estava voltando para os meus filhos. Eu fiquei 48h sem dormir, e apareciam os nomes das pessoas que morreram e iam identificando. 15 vezes eu olhei para o meu irmão e dizia: "eu conheço". Foram 15 amigos, 15 conhecidos...

Em momento de muita emoção, o Ministério Público exibiu em um telão a foto de uma jovem junto de dois filhos pequenos. Cristiane reconheceu a pessoa da imagem como sendo quem a tirou de dentro da boate. Depois de salvar Cristiane, a jovem morreu no incêndio. 

SEQUELAS

Depois do incêndio, Cristiane passou a conviver com asma e outras doenças pulmonares. Ela trouxe a plenário os remédios controlados que precisa tomar diariamente.

- Meu pulmão queimou. Eu uso tudo isso aqui de remédio todos os dias (mostra cartelas de remédios aos jurados), não posso viver sem - falou a sobrevivente. 

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