"É impressionante. Algo semelhante ao que aconteceu em abril e maio de 1941", diz meteorologista sobre volume de chuva em Santa Maria

Foto: Beto Albert (Diário)

Pela segundo mês consecutivo, Santa Maria registra recordes no volume de chuva. Abril de 2024 ainda segue como o mês mais chuvoso da história, com 655,4mm de água. No entanto, de acordo com dados da BaroClima Meteorologia, maio de 2024 se aproxima desse dado. Até as 21h15min de quinta-feira (23), foram 525,2 mm na cidade. A somatória dos dois meses é de 1180,6 milímetros, número que representa 66% da média anual, que é de 1.778 mm

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– É uma chuva impressionante e histórica. É algo muito semelhante ao que aconteceu em abril e maio de 1941 – destaca o meteorologista Gustavo Verardo.

Comparação dos acumulados de chuva nos anos de 1941 e 2024Gráfico: BaroClima Meteorologia

A condição de instabilidade que trouxe essa marca para a Região Central é explicada por uma série de fenômenos, como a combinação do El Niño, mudanças climáticas e o aquecimento global. O meteorologista alerta para a diminuição do espaço de tempo entre esses eventos extremos

– Que panorama podemos trazer para o futuro não muito distante? Eventos intensos de chuva irão se tornar mais constantes. O espaçamento será menor. Há vários dias viemos comentando sobre os altos volumes de chuva. Muitas vezes isso soa como algo natural, mas não é normal cair uma chuva de um mês em um intervalo de tempo tão curto – afirma Verardo.

A tendência é que a crise climática se intensifique no Estado e outros desastres naturais ocorram. 

Em gráfico da BaroClima Meteorologia (confira abaixo), é possível identificar que, nos últimos seis anos, pelo menos quatro meses estiveram entre os mais chuvosos da história do município

Ranking dos meses mais chuvosos na cidade desde 1912Gráfico: BaroClima Meteorologia

Instabilidade durante a semana

Na última quarta-feira (22), uma massa de ar quente ingressou no Estado e trouxe a Santa Maria temperaturas mais elevadas – que chegaram a 30°C – e o já tradicional vento norte. Após o calor na quarta, uma frente fria tomou conta do Rio Grande do Sul e causou instabilidade em todo território gaúcho. 

Segundo a BaroClima, em Santa Maria a chuva atingiu 113 mm, na estação meteorológica do Bairro Lorenzi, até as 7h45min desta sexta (24). A condição de chuva nesta semana já havia sido monitorada e alertada por Verardo no programa Bom Dia, Cidade! da Rádio CDN

De acordo com informações divulgadas pela prefeitura, foram registrados alagamentos nas localidades de Alto da Colina, no Bairro Camobi; Vila Schirmer, no Bairro Presidente João Goulart; Portelinha, no Bairro Lorenzi; além de pontos dos bairros São José e Caturrita. Em alguns desses locais, o sistema de coleta de esgoto transbordou.

Chuva observada em Santa Maria entre quinta e sexta-feira até as 7h45min

  • Lorenzi 113mm
  • Perpétuo Socorro 111mm
  • Camobi - INMET 87mm
  • Camobi - Novo Horizonte 80mm
  • Boca do Monte 57mm
O gráfico mostra a média mensal de chuva em Santa MariaGráfico: BaroClima Meteorologia

Chuva na região 

Assim como em Santa Maria, outros municípios da região também sofrem com as chuvas nesta semana. Em Cruz Alta foi registrado um volume de 144 milímetros até as 7h45min desta sexta-feira (24). Em Tupanciretã, os acumulados ficaram em 139 mm. Já em Restinga Sêca, a chuva teve volume médio de 119 mm

Por conta dos estragos causados nas cidades nas últimas semanas, o cenário é de alerta e preocupação. Abaixo da superfície, o solo ainda tem uma condição de umidade e alagamento, o que dificulta a absorção da água e favorece o deslizamento de terra em encostas

Chuva observada na região entre quinta e sexta-feira até as 7h45min

  • Cruz Alta 144 mm
  • Tupanciretã 139 mm
  • Restinga Sêca 122 mm
  • Toropi 112 mm
  • Dona Francisca 105 mm
  • São Vicente do Sul 104 mm
  • Nova Palma 101 mm
  • Faxinal do Soturno 100 mm
  • Caçapava do Sul 94 mm
  • Rosário do Sul 95 mm
  • São Martinho da Serra 93 mm
  • Santiago 89 mm
  • Agudo 84 mm
  • São Sepé 74 mm
  • Cacequi 69 mm
  • São Francisco de Assis 66 mm
  • Silveira Martins 62 mm
  • São Gabriel 61 mm

Vale do Rio Pardo e Região Metropolitana

Outras regiões do Estado também apresentaram níveis de preocupação em relação às chuvas. No Vale do Rio Pardo, na cidade de Rio Pardo, a chuva chegou a 152 mm

Em Porto Alegre, o volume foi de 151 milímetros. A capital gaúcha sofre há dias com enchentes e inundações causadas pela elevação do Rio Guaíba. Em alguns bairros, a água subiu pelos bueiros, alagando regiões que ainda não tinham sido afetadas. O Departamento Municipal de Água e Esgoto (DMAE) afirma que o barro levado pelas cheias das últimas semanas secou, trancando as galerias pluviais, que funcionam no escoamento da água, e afirma que o elevado volume de chuva, o acúmulo de lixo nas ruas e redes pluviais e restrições no funcionamento de casas de bombeamento prejudicaram a saída da água, provocando o transborde.

*Com informações do Governo do Estado do RS


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