Alto número de acidentes na Faixa Nova preocupa: 28 foram registrados nos três primeiros meses do ano

Vitor Zuccolo

Um dos trechos de rodovia mais importantes de Santa Maria, a RSC-287, conhecida como Faixa Nova, que liga o centro de Santa Maria ao bairro Camobi, vem sendo alvo de diversas discussões acerca de seu caminho ao longo dos 9 quilômetros por diversos motivos: o atual é o alto índice de acidentes neste início de 2024.

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Até o momento, de acordo com o Batalhão Rodoviário, responsável pelo trecho, 28 acidentes foram registrados nos três primeiros meses deste ano. A notícia boa que fica, é que até o momento, não houve mortes, apenas danos materiais e lesões corporais. Um dos motivos talvez seja o fato de que é proibido ultrapassar ao longo dos 9 quilômetros, pois há cerca de 10 anos, foram pintadas faixas contínuas e instalados tachões na faixa central para impedir ultrapassagens nesse trecho urbano.

 
Nesta semana, um acidente envolvendo um carro e uma moto aumentou a contagem dos números. Estes acidentes se tornam mais frequentes à medida que é notado o estreitamento dos sentidos Centro-Camobi e Camobi-Centro. O alto fluxo de veículos, principalmente no trevo da RSC-287 com a Avenida Roraima, na saída da UFSM, e na estrada Eduardo Duarte, próximo à entrada da empresa de entregas FedEx, reforça a necessidade de duplicação das vias para que haja diminuição nos acidentes.

O pedido de duplicação é feito por entidades de Santa Maria há mais de 10 anos, quando a rodovia era uma BR. O Dnit chegou a fazer um esboço para um projeto para duplicar o trecho, porém, a estrada voltou para o Estado, virando RSC-287. Quando os 9 km da Faixa Nova ficaram fora da concessão da RSC-287 para pedágios e duplicação, em 2021, a pressão sobre o governo do Estado cresceu. Na época, o governador Eduardo Leite (PSDB) se comprometeu em duplicar a rodovia com verbas do Estado. 

Em maio de 2022, foi lançada a licitação para contratar um escritório de engenharia para fazer o projeto de como será a duplicação, definindo inclusive os locais onde deve haver viadutos e passarelas. Em outubro de 2022, a empresa vencedora, Engemin Engenharia, de Pinhais (PR), pelo valor de R$ 1,548 milhão, iniciou os estudos para fazer os projetos da obra, com previsão de entrega em 12 meses. Porém, depois, o prazo para prorrogado, para dezembro de 2023.

Em outubro do ano passado, o diretor-geral do Daer, Luciano Faustino, afirmou ao Diário que a licitação para escolher a construtora que fará a duplicação deveria sair ainda em 2024. Porém, em janeiro, o Daer confirmou que deu mais quatro meses para a Engemin entregar os projetos prontos: ou seja, até abril agora. Mas agora o órgão informou que houve nova prorrogação e que os projetos serão entregues até a metade deste ano. Depois disso, será preciso fazer a revisão e a definição de quanto custará a obra para ir atrás de verbas e poder lançar a licitação.

Foto: Beto Albert

O atraso da duplicação prejudica não só os motoristas que trafegam diariamente pelo local, mas também ao comércio que se estende ao longo da via. A equipe do Diário percorreu um trecho da RSC-287 durante a tarde de quarta-feira (27) para observar o movimento e as condições da via, além de conversar com pessoas que estão pelo trajeto ao longo das semanas.

Durante os 30 minutos de observação do trânsito, foi possível notar o alto fluxo de veículos por minuto no sentido Centro-Camobi e Camobi-Centro. Em uma loja de veículos, próximo à rótula da UFSM, a caixa Jéssica Morais, 26 anos, conta sobre a diferença no movimento em dias de semana e aos finais de semana.

— Os dias de aula, né, durante a semana. No sábado, o movimento já é bem menor, então é mais tranquilo. No domingo nem se fala. O pessoal é mais de fora, aí vai pra casa, então Camobi fica deserto — afirmou.

Sobre acidentes, ela comenta que mais visualiza acidentes entre carros, principalmente entre as rótulas que separam a Faixa Nova da Faixa Velha. Outro ponto discutido sobre a duplicação é a possibilidade de criação de uma ciclovia, visto que também há um alto movimento de pessoas que utilizam bicicleta na via.

— O cuidado tem que ser redobrado, pois o pessoal não respeita, a gente tem que vir bem pelo canto. Outra questão é das paradas de ônibus, que não têm nenhuma visível, nenhuma sinalização, então quando vem o ônibus, tu tem que pedalar mais rápido — completou Jéssica.

Ela finaliza comentando sobre as perspectivas de diminuição nos acidentes e um maior conforto para ela e outros ciclistas.

— Acredito que vai ter uma diminuição, principalmente porque hoje em dia o jovem não está andando tanto de carro. Geralmente, pega aplicativo de transporte, ônibus ou usa bicicleta, o que facilita a ida e a volta para a universidade, ou até para vir ao trabalho, como é o meu caso.



Outro ponto que leva a pressão de uma rápida resposta quanto à duplicação é a valorização dos espaços no entorno da RSC-287. Ao longo do trecho, é possível notar poucas casas. Quando duplicada, a tendência é de aumento de imóveis e valorização dos espaços. É a opinião do trabalhador Sidinei Soares, de 54 anos, que há mais de 20 anos trabalha como auxiliar administrativo em uma imobiliária que fica às margens da Faixa Nova.

— Camobi todo é mais focado nos imóveis que tem, então vai aumentar mesmo o movimento e a valorização, inclusive os terrenos que ficam na beira da faixa. Então, isso aí vai aumentar bastante o número de imóveis à beira da faixa, a valorização vai ser maior — comentou.

Sidinei ainda comenta sobre a questão do desmatamento, tema que ainda é tratado entre Fepam e Ibama, visto que o trecho é de grande colaboração para a flora de Santa Maria.

— Olha, no espaço entre Camobi e Centro, a gente já vê diversos imóveis, o que na teoria só aumentaria com a duplicação, e a questão do campo já não é tão extensa, visto que já tem justamente comércio ao longo do trecho. 


As perspectivas para a duplicação são positivas para grande parte dos envolvidos, pois o fluxo de veículos ficaria mais leve, seguindo o exemplo da ERS-509, a Faixa Velha, que em 2018, teve concluída sua ampliação do trecho de 4,3 quilômetros. A obra, na época, demorou cerca de 5 anos para ser concluída pelo Daer. Assim como em 2018 com a Faixa Velha, a tendência é de valorização financeira da via.


Em contato com o Diário de Santa Maria, o capitão do Batalhão Rodoviário Estadual, Thiago Nunes, divulgou dados sobre acidentes na RSC-287 em 2024.


Locais que registram maior engarrafamento na RSC-287

  • RSC-287 com a Avenida Roraima
  • RSC-287 com a estrada Eduaro Duarte
  • RSC-287 com a estrada Adão Comasseto


Dias de maior movimento

  • Segundas-feiras
  • Quintas-feiras
  • Sextas-feiras


Horários de maior movimento

  • Entre 7h e 8h
  • Entre 12h e 13h30min
  • Entre 17h e 19h


Número de acidentes em 2024

  • 28 acidentes na RSC-287 do Km 232 ao 241
  • 17 ocorrências com danos materiais
  • 11 com lesões corporais

Orçamento para as obras de consertos da via  

Além da esperada duplicação da Faixa Nova, outro ponto que chama a atenção de quem passa e trabalha nas proximidades são as más condições de todo o trecho que liga o centro da cidade a Camobi. Além dos constantes buracos, a má sinalização dos quebra- molas e poucas placas de sinalização, principalmente se comparada à Faixa Velha, chamam a atenção. O Daer fez uma licitação, em dezembro, para recuperar as rodovias asfaltadas na região de Santa Maria, inclusive a Faixa Nova. Já há empresa vencedora, mas o início da obra está no aguardo da definição das verbas do Orçamento de 2024.

Ainda sobre a duplicação, o Daer informou que a empresa responsável pela elaboração dos estudos para a realização das obras de duplicação da Faixa Nova de Camobi trabalha para entregar o projeto executivo até junho deste ano. O atraso se dá pelas situações climáticas extremas ocorridas nos últimos meses de 2023, que impediram a realização de vários estudos de campo. Devido a isto, foi solicitada e concedida a extensão do prazo inicial.

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