O pesadelo dos servidores estaduais, que sofrem com o pagamento atrasado de salários, deve ser longo. Durante passagem por Santa Maria para uma reunião de trabalho, o subsecretário da Receita Estadual gaúcha, Mario Wunderlich dos Santos, admitiu que o atraso nos pagamentos de salários dos servidores deve se agravar a partir de maio. É que, agora neste mês, a folha só será quitada até 20 de abril, e haverá menos recursos para os salários do mês seguinte, em que a primeira parcela pode ser inferior aos R$ 1.250 de abril.
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Questionado se há uma luz no fim do túnel ou alguma saída, ele diz que o Estado está analisando algumas alternativas para aumentar a arrecadação, mas acredita que o Rio Grande do Sul só saia da crise e volte a pagar salários em dia a partir de 2017.
- Em que pese a gente ter claro que a dificuldade é muito grande, o momento é de buscar alternativas para enfrentar a crise. Vai agravar, ainda vai agravar. A alternativa que nós temos é voltar a crescer. A expectativa é que a partir do ano que vem, o país retome o crescimento. É uma solução que não é só nossa, é de todos os Estados. Quando isso vai acontecer, as perspectivas são que a partir do ano comece a se reverter isso. Mas é aquilo, tem um bocado de futurologia nessas previsões dos economistas - afirmou Wunderlich.
Alternativas à crise
Segundo Mario Wunderlich, a alta do ICMS ajudou, mas resolveu a crise nas finanças. Agora, entre as alternativas para amenizar os atrasos, estão reduzir a sonegação, captar recursos com a venda a administração da folha de pagamento ao Banrisul, assinar a renegociação da dívida com a União, que permitiria baixar de R$ 260 milhões para R$ 110 milhões o pagamento mensal ao governo federal por dois anos, além de outras propostas que são discutidas internamente.
Ele diz que a boa safra de grãos pode ajudar a reaquecer a economia e a arrecadação. Tudo isso é necessário para reduzir o déficit do Estado, em que estão faltando R$ 500 milhões por mês.
Wunderlich diz que, mesmo que Tarso ou outro candidato tivesse sido eleito governador, não teria como evitar o parcelamento dos salários, pois o drama do atraso da folha é vivido também pelo Rio de Janeiro, e Minas Gerais também enfrenta forte crise.
Na tentativa de reduzir a sonegação, a partir de maio, os devedores do Estado devem ser incluídos nas listas dos cartórios de protestos, para tentar pressionar o pagamento. O foco é, principalmente, nos devedores contumazes.
- Esses maus empresários estão tirando o policial da Brigada da rua, estão tirando salário do professor. O que a gente tem de entender, e a população às vezes não entende, é a função social do imposto. Pode até entrar no debater se a carga tributária está alta ou baixa, mas não existe sociedade organizada sem imposto - diz.
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