Discussão nacional

Santa Maria projeta os dois cenários políticos

Marcelo Martins

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Há exatos 24 anos, o Brasil vivia a mesma realidade dos dias atuais: a discussão em torno do impeachment de um presidente da República. Contudo, o cenário daquele nem tão longínquo 1992 guarda um abismo de diferença do momento atual, pois, agora, a presidente Dilma Rousseff (PT) é o alvo de um processo de impeachment que será votado no domingo por 513 deputados. Muitos santa-marienses nem eram nascidos quando os caras-pintadas foram às ruas de norte a sul do país pedir a saída de Collor.

Desde a redemocratização, o que se vê hoje é um país dividido entre aqueles que usam o verde e amarelo para defender a legitimidade do processo do impeachment, e os que se vestem de vermelho (cores do PT e de movimentos sociais, como o MST) para bradar que há um "golpe em curso" capitaneado pela grande mídia e um direcionamento seletivo da Lava-Jato, conduzida pelo juiz Sergio Moro.

Santa Maria contará com mobilizações pró e contra o impeachment no final de semana

Defensores e opositores do impeachment digladiam-se na arena das redes sociais e vociferam palavras de ódio e propagam discursos de intolerância que, muitas vezes, beiram à intolerância. Entre "petralhas", "coxinhas" ou "isentões", todos, queiram ou não, estamos na mesma barca. Por tudo isso e por vivermos em uma democracia, em que as instituições funcionam de forma soberana e independente, especialistas ouvidos pelo Diário analisaram os dois possíveis cenários e seus reflexos para Santa Maria: com a consolidação do processo de impeachment (se passar, neste domingo na Câmara e, após, pelo Senado) ou se o impeachment for derrubado, e Dilma permanecer no comando do país até 2018.

Os reflexos dessa crise política, ancorada em um cenário de elevado descontrole da economia – inflação em disparada, desemprego em alta e contração do PIB –, também reverberam em Santa Maria. O município, a exemplo de outras cidades de todo o país, sofre os efeitos de uma economia combalida e convive com o drama, vivido por muita cidade grande, como o desemprego nos setores do comércio e da construção civil. Mesmo que não tenha uma indústria pujante, a exemplo de Caxias do Sul, os investimentos estão em compasso de espera.

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O comércio e a prestação de serviços, que têm fatias expressivas do PIB local, também andam de marcha à ré. Levantamento do "Diário", feito neste mês, apontou um cenário preocupante há, pelo menos, 86 imóveis comerciais vagos nas ruas centrais e nos shoppings da cidade, reflexo da crise econômica.

Projeção nebulosa

E se o momento é ruim com o atual governo, não se pode dizer que, em um eventual mandato de Michel Temer (PMDB), teremos dias melhores. A reportagem ouviu 16 entrevistados, entre empresários, comerciantes, cientistas políticos, políticos, e todos concordam em um ponto: o cenário, com ou sem Dilma, seguirá nebuloso.

– O Brasil já viveu outras crises. Só que, agora, temos um agravante: a ausência de uma liderança, seja do lado que for, que congregue e que tenha credibilidade – afima o empresário Odilo Marion.

À frente do município desde 2009, o prefeito Cezar Schirmer (PMDB), que é colega de partido e amigo de Temer, acredita que o quadro financeiro não deverá apresentar alterações significativas. O peemedebista, entretanto, arrisca dar um palpite sobre um possível governo Temer:

– O que pode acontecer é um encurtamento da crise, e o país voltar a readquirir confiança de investidores. 

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