Fiscalização

Novos abates do Frigorífico Silva estão suspensos

Jaiana Garcia

"

Problemas no ambiente de trabalho, como máquinas que ofereciam ameaças à saúde dos funcionários, motivaram a interdição do Frigorífico Silva, em Santa Maria, na manhã da última sexta-feira. A medida foi determinada pelo Ministério do Trabalho e Emprego (MTE), que, em conjunto com o Ministério Público do Trabalho (MPT), fez uma inspeção rigorosa no local, entre terça e quinta-feira.

O frigorífico é o maior empregador da iniciativa privada em Santa Maria, conforme o levantamento do Cadastro Geral de Empregados e Desempregados (Caged) de fevereiro, com 762 funcionários.

Bares e casa de festas são fechados após fiscalização em Santa Maria

A interdição vale por tempo indeterminado, até que sejam alterados cerca de 15 itens para melhorar o ambiente de trabalho. Os dois órgãos federais destacam que não foi encontrado nenhum problema sanitário. A direção da empresa não quis falar com a imprensa e afirmou que vai se manifestar oficialmente nos próximos dias.

Entre as irregularidades apontadas pelos órgãos fiscalizadores estavam problemas ergonômicos, referentes à postura e à posição do trabalhador no ambiente de trabalho, e em máquinas que não têm proteção e oferecem ameaças à integridade dos funcionários da empresa. Algumas máquinas, segundo o MPT, com risco de ferimentos graves, amputação e até morte.

Desde terça-feira, técnicos dos dois ministérios e de outros órgãos vinculados ao setor montaram uma força-tarefa para analisar a situação dos empregados de alguns setores.

— Há falta de segurança nas máquinas, ritmo excessivo de trabalho e do uso de força, com postura inadequada. A empresa já tinha sido notificada (desde 2007), mas não houve melhorias. Apenas a jornada de trabalho, que era de 12 horas, foi corrigida e hoje fica em torno de 8 horas — diz o procurador do MPT, Ricardo Garcia.

Na sexta, foi permitido o abate dos animais que já estavam no local, mas não foi autorizada a entrada de novos caminhões para descarregar gado no local. O frigorífico abate, em média, 700 animais por dia.

— Depois que cumprirem nossas exigências, faremos uma nova vistoria e, se estiver tudo aprovado, eles poderão retomar o trabalho — afirma o auditor fiscal do MTE, Mauro Müller.

Ministério Público do Trabalho vai investigar outras denúncias

Por cerca de três horas, o "Diário" ficou em frente ao frigorífico na manhã de sexta-feira, mas a direção não quis falar com a equipe. Por telefone, o diretor comercial Cléber da Silva afirmou que nos próximos dias deve enviar uma nota sobre o assunto.

O Ministério Público do Trabalho de Santa Maria também vai investigar casos de assédio moral e excesso no ritmo de serviço na empresa. Segundo estudo realizado pela Confederação Nacional dos Trabalhadores da Alimentação (CNTA), uma série de fatores internos estariam afetando a saúde dos trabalhadores do frigorífico. As doenças estão relacionadas às extensas jornadas de trabalho, ao ritmo elevado de produção e ao excesso de peso que o trabalhador carrega nos braços por dia.

— Eles também instalaram câmeras, que não são de vigilância patrimonial, para vigiar o que os funcionários fazem, focando o rosto deles. Isso é assédio moral — explica o coordenador da CNTA do Estado, Darci Pires da Rocha.

"

Carregando matéria

Conteúdo exclusivo!

Somente assinantes podem visualizar este conteúdo

clique aqui para verificar os planos disponíveis

Já sou assinante

clique aqui para efetuar o login

Anterior

Feira do Peixe Vivo começa dia 31 de março em Santa Maria

Próximo

Protótipo feito por equipe da UFSM consome só um litro de gasolina para ir de Santa Maria até Porto Alegre

Economia