Santa Maria

De 20 empresas locais, 13 tiveram queda de vendas este ano

Joyce Noronha

Foto: Pedro Piegas (Diário)

O ensaio de melhora nas vendas, ocorrido após o fim da recessão, no final de 2017, já perdeu força, com o PIB no país voltando a ficar no negativo e o risco de nova recessão. Em Santa Maria, a realidade não é diferente. Para traçar o cenário econômico na cidade, o Diário falou com empresas de variados setores para uma amostragem da atual situação.

A reportagem conversou com 20 estabelecimentos, sendo cinco da indústria, cinco de serviços, cinco da construção civil, imóveis e materiais de construção, e cinco do comércio. E o resultado foi preocupante: 13 estão com queda nas vendas em relação a 2018, dois dizem que estão estáveis e só cinco tiveram alta. Apesar das dificuldades, a maioria, 11 deles, ainda mantém o otimismo e só dois estão pessimistas - as outras sete estão indiferentes.

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O contato foi feito via telefone, durante uma semana, e mais de 50 empresas foram contatadas. Mas 30 não quiserem falar, mesmo que o nome do estabelecimento não fosse divulgado. Ainda assim, das 20 que aceitaram participar, sete pediram para não ter o nome divulgado. A enquete não obedeceu critérios científicos e buscou ouvir não só as maiores empresas de seus setores, como também empresas pequenas e médias.

Entre os dados coletados com as 20 empresas, estão a situação de vendas do 1º semestre de 2019 em comparação ao ano anterior, empregos (geração, cortes ou manutenção do quadro), previsão de investimentos e expectativa do cenário até o final do ano (veja quadro abaixo).

PANORAMA
Além de a maioria das empresas (13 das 20) registrar queda nas vendas, esse mesmo número de empresários respondeu que prefere aguardar uma melhora geral do cenário econômico para poder voltar a fazer grandes investimentos. Apesar disso, outras sete empresas já estão com obras em andamento ou programadas (sejam de ampliação de sedes ou até mesmo de novos espaços). 

EMPREGOS 
Já sobre os empregos, quatro estabelecimentos preveem novas contratações no segundo semestre, 14 querem manter o quadro de funcionários, uma empresa se organiza para fazer cortes de pessoal e uma está com a situação indefinida.  

O estabelecimento que apresenta a indefinição é um restaurante, que pretende abrir outro - como uma filial -, mas caso compre um estabelecimento que já seja do setor, a intenção é manter os funcionários do local mesmo com a troca de administração. Se a aquisição for de um espaço que será transformado em restaurante, devem ser ofertadas cerca de 15 novas vagas de emprego.

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COMÉRCIO
Das cinco empresas do comércio ouvidas, três registram queda nas vendas sobre 2018, e duas tiveram alta. A presidente da Câmara de Dirigentes Lojistas (CDL), Marli Rigo, diz que a situação no comércio está difícil, mas que esta não é uma realidade só de Santa Maria. Ela conta que, em junho, voltou de São Paulo, onde percebeu que a crise é sentida em todas as partes do país. Ela só vê possibilidade de melhoria caso o governo federal faça mudanças:

- Até que o governo modifique algumas coisas, não vejo como podemos crescer. A crise está muito grande. Buscamos maneiras de inovar para atrair os clientes, mas todos estão muito receosos, empresários e clientes - afirma Marli.

Apesar da falta de otimismo, ela diz que a chegada de novos empreendimentos, como a Havan, pode modificar o quadro para o 2º semestre.

  • Vendas (em comparação a 2018)
    Em alta: 2  
    Iguais: 0
    Em queda: 3  
  • Empregos
    Contratará mais: 1
    Manterá quadro: 4
    Cortará: 0
  • Investimentos
    Pretende investir: 1
    Não pretende investir: 4  
  • Expectativa até final do ano
    Otimista: 5
    Igual: 0
    Pessimista: 0 

SERVIÇOS
No setor de serviços, quatro das cinco empresas tiveram queda nas vendas. O presidente da Associação de Hotéis Restaurantes e Agências de Viagens (Ahturr), João Carlos Provensi, diz que desde 2018 o setor passa por dificuldades, que tem como consequência bares e restaurantes fechando as portas. Entretanto, ele conta que novos empreendimentos devem chegar a Santa Maria e, mesmo que não seja na mesma proporção dos fechamentos, é um indicativo de que empresários ainda investem aqui.

Provensi diz que o setor de serviços costuma ser o primeiro a perceber a crise, já que os consumidores optam por fazer cortes nesta área. Ele avalia que é preciso maneiras de chamar a atenção dos clientes e parcerias entre o poder público e empresas, ou até mesmo entre empreendimentos, são uma boa forma de movimentar o setor.

  • Vendas (em comparação a 2018)
    Em alta: 0   
    Iguais: 1 
    Em queda: 4   
  • Empregos*
    Contratará mais: 1
    Manterá quadro: 3
    Cortará: sem informações  
  • Investimentos
    Pretende investir: 3
    Não pretende investir: 2   
  • Expectativa até final do ano
    Otimista: 2
    Igual: 3 
    Pessimista: 0

*Indefinido - 1

INDÚSTRIA
Quatro das cinco fábricas ouvidas registram queda nas vendas. Para o presidente do Sindicato das Indústrias Metalúrgicas, Mecânicas e de Material Elétrico de Santa Maria, Julio Kirchhof, a instabilidade é o maior problema para o setor industrial. Uma das consequências é a falta de novos empreendimentos e negócios.

- Algumas empresas estão bem, mas outras ativeram queda no faturamento, e é por isso que não negócios novos - avalia Kirchhof.

Mas o 2º semestre tem oportunidades para indústrias da área de agronegócio, conforme o presidente do Simmmae, pois o Plano Safra foi liberado e os investimentos começam em julho.

No quesito empregos, Kirchhof diz que o quadro é estável, sem demissões ou admissões.

  • Vendas (em comparação a 2018)
    Em alta: 0   
    Iguais: 1   
    Em queda: 4    
  • Empregos
    Contratará mais: 1 
    Manterá quadro: 3 
    Cortará: 1
  • Investimentos
    Pretende investir: 3
    Não pretende investir: 2    
  • Expectativa até final do ano
    Otimista: 1
    Igual: 2
    Pessimista: 2

CONSTRUÇÃO E IMÓVEIS
No setor de construção e imóveis, três empresas estão com alta nas vendas, e duas, com queda sobre 2018. Segundo o presidente do Sindicato da Construção Civil de Santa Maria (Sinduscon), Samir Samara, a construção tem tido queda. Ele conta que, neste momento, é mais difícil vender imóveis na planta do que aqueles já prontos.

O presidente do Sinduscon acredita que depois da aprovação da reforma da Previdência, as pessoas ficarão mais tranquilas e voltarão a investir.

Já o setor de imóveis apresenta melhora, conforme o presidente do Secovi, Cristian Menezes. A entidade representa as imobiliárias e registrou aumento de vendas e, mais ainda, de aluguéis. Apesar disso, os preços dos imóveis tiveram queda para tentar reaquecer as vendas.

  • Vendas (em comparação a 2018)
    Em alta: 3   
    Iguais: 0   
    Em queda: 2     
  • Empregos *
    Contratará mais: 1   
    Manterá quadro: 4   
    Cortará: 0 
  • Investimentos
    Pretende investir: 0
    Não pretende investir: 5     
  • Expectativa até final do ano
    Otimista: 3
    Igual: 2
    Pessimista: 0

*Indefinido - 1

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