Esses dois gráficos ajudam a entender a atual crise dos caminhoneiros e o preço baixo do frente. O valor do litro do diesel é só a ponta do iceberg de um problema maior, que é o excesso de caminhões. O preço do combustível acaba sendo também o estopim que faltava para explodir esse barril de pólvora.
O gráfico abaixo mostra que, devido ao forte incentivo do governo para renovar a frota de caminhões, com juros baixos (na tentativa de sairmos da crise de 2009), houve crescimento expressivo dos emplacamentos de 2010 a 2013. Não haveria problema maior se a economia continuasse crescendo. Porém, devido à crise no país, o PIB caiu, e não havia mais tantos produtos para os caminhoneiros transportarem - ou excesso de caminhões, como mostra o gráfico acima. Resultado: o preço do frete caiu. Para piorar, quando o diesel teve grande alta, devido ao aumento do dólar e do preço do petróleo, estourou a greve dos caminhoneiros de maio de 2018. Paralisação que só acabou porque o governo subsidiou o preço do diesel por seis meses, com redução de 46 centavos no litro, o que custou mais de R$ 8 bilhões aos cofres públicos.
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Era visto que, neste ano, haveria o risco de a crise dos caminhoneiros voltar. Só não ocorreu em janeiro porque, quando acabou o subsídio do governo, o petróleo estava em baixa. Agora que voltou a subir, a gritaria dos caminhoneiros retornou.
A categoria está dividida. Enquanto alguns líderes dizem que não haverá greve, outros mantêm a ameaça de paralisação a partir de 29 de abril. Porém, diante desse quadro de frota maior que o PIB do país, que saídas eficazes o governo vai buscar agora? Talvez o problema só se resolva quando a economia do país voltar a crescer de forma vigorosa.