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'Cenário da economia é positivo devido a fatores internos do país' diz economista de banco

data-filename="retriever" style="width: 100%;">Foto: Renan Mattos (Diário)

Durante palestra na Feisma, o economista do Bradesco Constantin Jancso falou que, com as reformas, o Brasil está entrando nos eixos e deve voltar a crescer. Confira a entrevista dada à coluna:

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Diário - De que forma a reforma da Previdência, que entrou em vigor este mês, vai impactar nas contas públicas e em uma melhora da economia no longo prazo? 
Constantin Jancso - A reforma da Previdência te abre horizonte de factibilidade para o ajuste fiscal. O crescimento das despesas previdenciárias era a principal parcela do orçamento público que mais crescia. Então, com a reforma, você consegue segurar esse crescimento, e aquela regra aprovada pelo Congresso há dois anos, do teto dos gastos, ela passa a ser viável. Na prática, a reforma da Previdência te dá essa previsibilidade e essa possibilidade de ajuste fiscal. Tirando grande fonte de risco do caminho. 

Diário - Por que isso é bom para a economia? O problema maior é a falta de dinheiro para investimento público ou a confiança do mercado de que, no futuro, o governo poderá pagar os juros da dívida?
Constantin - São as duas coisas. A dívida estava grande demais, ela cresceu demais e estava em uma trajetória que ia continuar crescendo se a gente não tivesse mais alguma coisa para segurar o crescimento da despesa. Então, a reforma faz isso. Ela ajuda a segurar o crescimento da despesa e a gente cria possibilidade de trazer essa dívida para baixo. Com menos, dívida você consegue, primeiro, abrir espaço no orçamento para o governo investir lá na frente e, segundo, dar mais segurança para o investidor, para o empresário em termos de que a dívida pública é sustentável e de que não vai ter nenhum susto lá na frente. 

Diário - O susto seria o país chegar a um ponto de não conseguir pagar o que deve?
Constantin - O ponto onde isso começasse a pressionar muito os juros. Esse ambiente de juros baixos que vivemos hoje, para manter ele, é preciso fazer esse trabalho na dívida.  

Diário - Se chegasse a um ponto de dar um problema lá na frente, isso impactaria de que forma a economia?
Constantin - Juros subindo, encarece o custo do capital do empresário, dificulta investimento, afugenta o investidor estrangeiro. São filmes que já vivemos no passado.  

Diário - Hoje, a previsão é que cerca de 1,4% do PIB seja destinado para investimento público. Qual seria o ideal para que o governo pudesse investir mais e fazer com que a economia crescesse?
Constantin - Em 2014, que foi o momento mais alto, o investimento (público e privado) chegou a 21% do PIB. Durante a recessão, ele despencou para 15%. Para conseguirmos crescer o PIB 3% ao ano, que é o tipo que eu gostaria de ver no Brasil, a gente tinha de levar esse investimento de volta para 20%. No curto prazo, o setor público consegue isso. Todo engessado com orçamento. Então, a lição de casa é atrair empresários, o setor privado para investir, oferecer as oportunidades e melhorar clima de negócios. Acho que essas coisas, aos poucos, estão sendo feitas. Mencionei a parte de investimento na área de transportes. Temos várias deficiências e uma quantidade de oportunidades muito grandes. É o primeiro passo. Na medida em que você vai ajustando o orçamento público, cria mais espaço para fazer investimentos que são mais complicados, investimento de maturação mais longa, mais em educação, por exemplo. São coisas mais típicas do setor público e, aí, seria muito importante abrir espaço no orçamento federal para que o setor público possa investir nisso e não em pagar, por exemplo, os juros elevados e coisas do tipo. 

Diário - De que forma a desburocratização da atividade econômica, com a MP da liberdade econômica, entre outras reformas previstas, pode impactar? 
Constantin -
 Olha, no Brasil é difícil de você ser empresário. Falo que quem é empresário no Brasil é herói. Tem tanta coisa dificultando, trabalhando contra. Deixar de atrapalhar empresário, criar um campo de jogo onde se gera mais liberdade para o empresário buscar as oportunidades. Acho que isso está começando a aparecer no Brasil. Isso é um dos principais motivos pelos quais eu estou confiante na economia nos próximos anos. Acho que o clima de negócios no Brasil está melhorando.  

Diário - A projeção do Bradesco é alta de quanto do PIB?
Constatin -
De o Brasil crescer 2,4% em 2020, crescendo para 3% no ano seguinte.  

Diário - Isso já é um crescimento satisfatório?
Constatin -
 Crescimento a partir de 3%, as coisas já começam a se encaixar melhor. Essa transição em 2020, muito melhor do que tivemos nos últimos três anos, acho que é um processo que caminha rumo aos 3%.

Diário - O senhor mostrou gráfico de que o Brasil acaba seguindo um pouco a tendência global em termos de PIB. Essas projeções daqui para frente têm mais a ver com o cenário global ou com as reformas?
Constatin -
Estamos fazendo a nossa lição de casa, aprovando a reforma da Previdência, o juro está caindo. Então, o motor desse crescimento, é doméstico. O cenário externo é um risco importante.


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