grãos de ouro

VÍDEO: safra de soja histórica deve movimentar cerca de R$ 9 bilhões na região

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Foto: Pedro Piegas (Diário)

A perspectiva de safra de soja histórica, aliada ao preço altíssimo pago pela saca, tem animado os produtores rurais, que ainda se recuperam dos prejuízos ocasionados pela quebra com a seca na colheita passada. A Emater indica que devem ser colhidos cerca de 20,2 milhões de toneladas de soja no Rio Grande do Sul, sendo cerca de 3,2 milhões na Região Central.

Com isso, a expectativa é que, na região, a safra movimente cerca de R$ 9 bilhões e ajude na retomada econômica, uma vez que esse dinheiro deve circular pelos municípios. Entidades e especialistas consideram que esta será a maior safra da história em área plantada, em produção e também a mais rentável.


Até agora, 45% de toda a soja plantada nos 996 mil hectares destinados à cultura na região já foi colhido. De acordo com a Emater, os resultados até agora indicam uma produtividade ainda maior do que aquela estimada no início da colheita. A estimativa é que a média de sacas por hectare fique em 55 na região, maior do que as 53 sacas esperadas inicialmente.

- São resultados muito positivos, ainda mais se considerarmos que viemos de uma safra passada em que perdemos mais da metade da produção por causa da seca. E tínhamos uma dificuldade também no início desta safra, com uma nova previsão de estiagem, que, felizmente, não impactou muito no resultado final - destaca o gerente regional da Emater, Guilherme Godoy dos Santos.


Foto: Pedro Piegas (Diário)

CLIMA FAVORÁVEL
Mesmo com a influência do fenômeno La Niña, desta vez, não faltou chuva, em geral, durante a safra. Até houve períodos de estiagem entre novembro e dezembro e em algumas semanas nos meses de janeiro e fevereiro. Mas as plantações conseguiram se recuperar e não houve perdas - pelo contrário, o desempenho ficou acima até mesmo da expectativa inicial do órgão de assistência técnica feita no início do ciclo, em setembro passado, que era de 18,9 milhões de toneladas no Estado.

- Não chegamos a grandes acumulados de chuva durante o verão, mas a chuva veio nos momentos certos, de forma e regular e bem destruída, que é o que a soja precisa - afirma o professor de Agronomia Alencar Zanon, da Universidade Federal de Santa Maria (UFSM).

DADOS NA REGIÃO

  • Área plantada - 996 mil hectares
  • Área colhida - 537,8 mil hectares (45%)
  • Produtividade média - 3,3 mil quilos por hectare (55 sacas)
  • Produção esperada - 3,2 milhões de toneladas (54,7 milhões de sacas) 
  • Preço médio pago (saca de 60 quilos) - R$ 165
  • Expectativa de rentabilidade - R$ 9 bilhões

O QUE LEVOU O RS A MAIOR SAFRA DA HISTÓRIA 

De acordo com o professor Alencar Zanon, são três fatores que levam a atual safra de soja a ser considerada a maior de todas:

- Estamos com a maior área plantada da história. No Estado, são 6 milhões de hectares. Nunca antes tivemos uma área tão grande, assim como os 996 mil hectares da nossa região. A produtividade também deve ser a maior de todas, já que nunca se teve uma média de sacas por hectare tão alta. E outro fator importante é a rentabilidade. O preço pago pela soja dobrou de um ano para cá e também é o maior da história.

Em época de colheita, estradas do Interior recebem melhorias

A cotação da soja, nesta semana, é de R$ 165,03 a saca de 60 quilos. Com o aumento do preço da soja, naturalmente, o valor dos insumos também deu um salto. Ainda assim, conforme Zanon, no início da safra, os insumos, como adubos, sementes e defensivos agrícolas, ainda estavam com um preço mais baixo. Então, a lucratividade será alta ao fim da colheita. Porém, na próxima semeadura, os agricultores irão sentir no bolso esse aumento.

Além de alavancar o setor agrícola, o "grão de ouro" deve impactar significativamente na economia local e ajudar na recuperação de setores prejudicados com a pandemia. Isso porque boa parte dos R$ 9 bilhões que serão gerados com a safra devem circular na região.

- O agricultor vai poder investir em maquinário novo, comprar imóveis, carro, gastar mais no comércio em geral. Também vemos mais caminhoneiros nas estradas, por causa da supersafra. Toda a sociedade, todos os setores acabam impactados positivamente - diz Zanon.


Foto: Pedro Piegas (Diário)

COLHEITA INÉDITA E PREÇOS AQUECIDOS ANIMAM APÓS PERDAS EM 2020
O agricultor Roberto Santini, 56 anos, vive no distrito de Arroio do Só, em Santa Maria, desde que nasceu. Ele afirma que esta será a maior colheita de soja em sua propriedade, a Granja Irmãos Santini, que administra ao lado dos dois irmãos. Dos 270 hectares que planta, mais de 60% já foram colhidos. E a produtividade média está em 75 sacas, bem acima da média da região.

- Eu já vi pessoas comentando que tiveram safras com mais de 70 sacas por hectare, mas eu nunca tinha colhido tudo isso. Até custava a acreditar. Hoje vejo que é possível. Está sendo uma safra espetacular. Em algumas áreas chegamos a colher até 90 sacas por hectare - conta.


Foto: Pedro Piegas (Diário)

Ele mora com a esposa Rose e o filho Daniel, estudante de Agronomia na UFSM. O sustento de toda a família vem do campo. Na última safra, Santini teve perda de quase 50% na lavoura de soja, na que considera a pior seca que já enfrentou. Agora, sair da pior safra da história para a melhor de todas é motivo de muita comemoração para a família.

- É muita alegria. E dá mais vontade de seguir no campo - reitera Roberto.

Em dias de colheita, toda a família trabalha junta. A colheitadeira vai para a lavoura por volta de 10h, quando a umidade já não está mais tão alta, e só volta pelas 21h. Nesse período, o grupo se reveza na máquina e nos caminhões, usados para escoar a produção. Para descansar, eles aproveitam uma sombra em um matagal que fica no entorno da lavoura, onde também almoçam.

- É uma rotina que começa desde cedo e não tem uma hora exata para acabar. Já estamos há semanas colhendo aqui e também prestamos serviço aos vizinhos. Tudo vale a pena ao ver que a plantação está rendendo bastante e o grão está valorizado - relata Daniel.

SAFRAS NO RIO GRANDE DO SUL

  • 2011 - 11,7 milhões de toneladas
  • 2012- 5,8 milhões de toneladas
  • 2013 - 12,4 milhões de toneladas
  • 2014 - 13,2 milhões de toneladas
  • 2015 - 14,2 milhões de toneladas
  • 2016 - 18,7 milhões de toneladas
  • 2017 - 18,2 milhões de toneladas
  • 2018 - 17,08 milhões de toneladas
  • 2019 - 18,6 milhões de toneladas
  • 2020 - 10,6 milhões de toneladas
  • 2021 - 20,2 milhões de toneladas (estimativa)

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