prejuízos

Todos os 39 municípios da região decretaram situação de emergência pela seca

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Foto: Renan Mattos (Diário)
Barragem do DNOS, em Santa Maria, está abaixo do nível normal

A lista de cidades calejadas pela estiagem dos últimos seis meses cresce a cada dia no Rio Grande do Sul. Já são 369 prefeituras que assinaram o decreto de situação de emergência por causa da seca no Estado, o que representa 74% do total de municípios gaúchos. Na Região Central, todos os 39 municípios estão em situação de emergência.

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Os principais problemas enfrentados são na agricultura, que teve perdas de R$ 2,9 bilhões, principalmente na safra de grãos. Na soja, praticamente toda a área plantada já foi colhida, resultando em prejuízos de 57%, conforme dados da Emater. A previsão inicial era de uma produção média de 54,3 sacas por hectare, mas acabou caindo para 23,1 sacas. Em Tupanciretã, que é um dos maiores produtores do Estado, 100% da área foi colhida, e a produtividade média ficou em torno de 27,5 sacas.

Além da agricultura, o árido cenário faz com que moradores da região já sofram com a falta d'água, principalmente na zona rural. Em Santa Maria, em abril, a Defesa Civil entregou mais água em caminhão-pipa do que em todo 2019. Até agora, em 2020, 611 famílias do interior receberam cerca de 280 mil litros de água. Em São Sepé, 1,3 milhões de litros de água já foram entregues para mais de 200 famílias.

Um dos municípios mais afetados com a falta d'água é Santiago. Por lá, um decreto prevê racionamento, fiscalização e multa para quem desperdiçar água. De acordo com o prefeito, será permitido apenas o uso de água tratada pela Corsan para fins domésticos e higiênicos, sendo proibido o uso para atividades como lavagem de carros e calçadas. O não cumprimento do decreto pode acarretar sanções, como advertência por escrito e multa. Em caso de reincidência, os serviços de abastecimento de água potável poderão ser interrompidos pela Corsan na residência ou estabelecimento que descumprir as medidas.

ÚLTIMO MUNICÍPIO A DECRETAR
O município de Silveira Martins, na Quarta Colônia, foi o último da região a assinar o decreto de emergência, na semana passada. Conforme dados da Emater da cidade, a produtividade da soja no pequeno município de 2,4 mil habitantes ficou acima da média da região, com cerca de 40 sacas por hectare. Ainda assim, ficou bem abaixo da média do ano passado, quando a maioria dos agricultores chegou a colher 70 sacas por hectare.

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- A gente percebe que os nossos agricultores fazem bastante manejo do solo, o que ocasiona uma boa cobertura do solo e favorece a atividade agrícola, por isso observamos alguns resultados melhores. Mas, ainda assim, embora cidades vizinhas estejam sofrendo mais com a seca, houve bastante perda por aqui também - destaca a engenheira agrônoma da Emater Katiule Morais.


Foto: Jeferson Dellamea (Arquivo Pessoal)
Colheita da soja ficou acima da média regional em Silveira Martins

Conforme o decreto municipal assinado pelo prefeito Fernando Luiz Cordero (MDB), as principais perdas estão concentradas na zona rural, onde alguns produtores já encontram dificuldades para oferecer água aos animais. Por isso, a prefeitura tem trabalhado na abertura de bebedouros nas localidades de Marco 50, Linha Base, Vila Cattani, Linha Dois Norte, Linha Quarta, Linha Mantoanos, Linha Seis Sul e Linha Três Sul.

BUSCA POR RECURSOS
Até agora, na região, apenas Silveira Martins não teve o decreto homologado pelo Estado e reconhecido pela União. Todos os outros 38 municípios já estão aptos a elaborarem planos para solicitar recursos estaduais e federais. 

Rios e barragens da Região Central estão até 4 metros abaixo do nível normal

Poucas prefeituras já conseguiram receber esses recursos. Santiago conseguiu a liberação de R$ 70 mil do Ministério do Desenvolvimento Regional para comprar cerca de 1 mil cestas básicas. O ministério também repassou R$ 64,8 mil para Santa Margarida do Sul, que utilizou o recurso, entre outras coisas, para o aluguel de um caminhão-pipa com capacidade para 10 mil litros que auxilia no abastecimento das famílias que vivem na zona rural. Unistalda também recebeu cerca de R$ 15 mil para compra de cestas básicas para a população em vulnerabilidade social.

A Defesa Civil Estadual também já enviou mais de 30 toneladas de alimentos para ajudar moradores da zona rural na Região Central. 

CHUVA DESTA SEMANA PODE AMENIZAR A SECA

A previsão de 90 milímetros de chuva para esta semana tem animado os agricultores da região. Embora os prejuízos já registrados sejam irreversíveis, até porque a colheita de grãos já está na reta final, a chuva deve aumentar a umidade do solo e ajudar no desenvolvimento das pastagens. Com isso, deve amenizar a dificuldade dos pecuaristas da região de alimentarem o gado, já que praticamente todas as pastagens haviam secado.

Conforme o meteorologista Fábio Luengo, da Somar, a precipitação ainda não será suficiente para reverter o nível baixo dos rios e barragens. Para isso, serão necessárias chuvas regulares, pelo menos, para os próximos dois ou três meses.

- Ainda é cedo para se falar em barragens novamente cheias, mas, sem dúvidas, essas chuvas previstas ajudam a manter os níveis. Mas o mais importante, neste momento, vai ser a volta da umidade no solo - destaca o meteorologista. 

O maior volume de chuva está previsto para terça e quarta-feira. Até esta segunda, choveu apenas 18 milímetros na cidade durante o mês de maio. O meteorologista prevê que, no mês, o acumulado de chuva deve chegar muito próximo da média, que é 154 milímetros. Mas as chuvas devem ser mal distribuídas, o que não ajuda a reverter a situação de seca.

*Colaborou Janaína Wille

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