Temporada de férias é época de mar e de piscina, de passeios e de planejar atividades para diversão das crianças. E também é período de pais e responsáveis redobrarem a energia e os cuidados com a criançada. Quando se trata dos pequenos (dos mais agitados aos mais tranquilos) é sempre bom ficar de olho: um instante é o suficiente para um filho desaparecer da vista dos mais zelosos pais e das mais atentas mães. Os perigos podem não ser tão visíveis e as pessoas costumam achar que os acidentes nunca irão acontecer com elas, mas todos estamos sujeitos a passar por uma situação inesperada. E angustiante.
No caso da professora, psicóloga e escritora Mônica Raouf El Bayeh, instantes de distração foram o suficiente para provocar vários sustos. Todos relacionados aos dois rebentos. Ela já esqueceu o filho no carro e passou pelo desespero de perdê-lo na praia, no Rio de Janeiro, e já viu a filha correr e se jogar na piscina sem que ela tivesse tempo ou voz para impedir. Em todos os casos, Mônica e o marido resolveram os problemas com facilidade e sem maiores consequências. Mas a escritora reconhece a sorte que teve e lamenta por outras famílias que viram afogamentos e esquecimentos virarem tragédias. As experiências assustadoras de Mônica viraram a crônica "Esqueci o meu filho no carro", publicada por um jornal carioca e com grande repercussão no país, no mês passado, depois de uma sequência de mortes de crianças esquecidas em veículos por seus pais ou cuidadores.
No fim das contas, a conclusão dela e de especialistas é que não basta estar perto dos pequenos. É necessário estar atento o tempo inteiro. Onde o seu filho está neste momento? Há um adulto observando o que ele está fazendo? A piscina está cercada? As tomadas estão cobertas? Em lugares movimentados como o clube ou a praia, você já tomou providências para evitar que a criança se perdesse? Ter atenção redobrada com os pequenos é o único jeito de garantir férias tranquilas.
Curiosidade faz parte da infância
O pediatra e chefe da divisão médica do Hospital Universitário de Santa Maria, Larry Argenta, explica que, assim que começam a caminhar, as crianças estão expostas ao perigo que o ambiente pode proporcionar. Segundo o médico, que também é professor de pediatria da Universidade Federal de Santa Maria (UFSM), nos primeiros anos de vida, tudo o que é desconhecido é muito atraente:
- Uma criança pequena, de uns dois anos de idade, se ficar em uma sala, naturalmente, vai mexer nas tomadas, nos fios, porque ela não conhece e porque ela está aprendendo, ainda não sabe o que é aquilo e não sabe que é perigoso. E a forma de as crianças tomarem contato com o mundo é chegar perto, pegar com a mão. Tudo que é novo chama atenção - explica Argenta.
O médico alerta que também é a curiosidade que faz com que uma criança enxergue alguma coisa, em um lugar movimentado, e vá atrás dela. Muitas vezes, os pais não percebem essa movimentação e, quando se dão conta, o filho não está mais lá.
Isso foi o que aconteceu com a escritora Mônica Raouf El Bayeh, em um de seus momentos de pavor envolvendo os filhos. Aos 2 anos, a pequena Maria Clara se jogou na piscina. Em um piscar de olhos, diz Mônica, a menina estava submersa.
- A gente estava se organizando para entrar na água. Mas nem deu tempo de colocar a boia na Maria Clara. Quando eu vi, ela saiu correndo e pulou na piscina, que era grande. Eu corri atrás, pulei e tirei ela do fundo, na mesma hora. Ela me olhou e disse: "mamãe, eu mergulhei!".
Hoje, Maria Clara tem 14 anos e seu irmão mais velho, Pedro, tem 17. Mesmo com os filhos adolescentes, as preocupações de Mônica não terminaram. No mês passado, ela esqueceu o primogênito no carro.
- O meu filho é calado, diferente da menina. Ele estava do meu lado, no banco da frente, lendo uma revista. O meu trabalho é no caminho da escola dele. Costumo levá-lo, faço a volta e vou trabalhar. Naquele dia, eu esqueci o me"