Fotos: Renan Mattos (Diário)
Neste final de semana, o Diário traz uma reportagem especial sobre a falta de dignidade enfrentada por famílias de baixa renda da cidade na hora de enterrar seus entes. Entre os principais fatores, estão a falta de dinheiro e a burocracia. A realidade é que se paga, e paga-se caro, para morrer na cidade: o custo médio de um sepultamento na cidade é de R$ 3,5 mil.
Por isso, os planos funerários se tornaram a opção para quem não tem como arcar com uma despesa alta e, não raro, repentina. Em Santa Maria, os valores são variados e, de acordo com o número de pessoas, por plano e faixas etárias, por exemplo. O pacote pode incluir maquiagem, translado do corpo e de familiares até o velório, entre outros serviços. Os valores podem variar do mínimo de R$ 1,7 mil ao máximo de R$ 20 mil.
TAXAS CEMITERIAIS
Em relação às taxas cemiteriais, a Secretaria de Infraestrutura e Serviços Públicos informa que, dependendo do serviço, há valores que podem ser pagos anualmente. Os preços são variados e dependem do tipo de serviço, como aluguel ou compra de carneira, exumação, entre outros. Os custos são tabelados de acordo com o Código Tributário - Lei Complementar nº 02/2001. Os valores arrecadados são recursos livres. Assim, entram no Caixa Único do município.
O custo de alguns cemitérios
Taxa de anuidade*
- Santa Rita - R$ 125,90 (39 UFMs)
- Ecumênico - Terreno de 3mx3m, R$ 145,27 (45 UFMs), e terreno de 1m10cm x 2m40cm,R$ 80,70 (25 UFMs)
- São José, Pau a Pique, Campestre, Jardim da Saudade e distritais - R$ 48,42 (15 UFMs)
*Unidade Fiscal do Município (UFM), que equivale a R$ 3,2282
Terrenos
- Cemitério Ecumênico - Terreno de 3m x 3m, R$ 4.552,76, e terreno de 1m10cm x 2m40cm, R$ 1.333,25
- Cemitérios Pau a Pique, Campestre, Jardim da Saudade e São José - Terreno de 1m10cm x 2m40cm - R$ 1.065,31
- Cemitérios dos distritos -Terreno de 1m10cm x 2m40cm, R$ 926,49
SEM CREMATÓRIO
Santa Maria ainda não disponibiliza de um crematório, sendo o mais próximo o da cidade de Santa Rosa. Tampouco, possui uma capela velatória municipal. A propósito, as conhecidas "Capelas do Caridade", construídas em 1991, pela Funerária Cauzzo, são particulares. Com exceção de gratuidade, sob responsabilidade das funerárias, não há previsão de melhorias ou projetos para o sepultamento de pessoas de baixa renda ou indigentes.
DOR DA ESPERA AMENIZADA
Durante quase todo este ano, morrer em Santa Maria em consequência de crimes, acidentes ou suicídios, dependendo do dia, tinha mais um agravante: a demora na liberação do corpo. Isso porque, com a falta de servidores do Posto Médico-Legal (PML),foi preciso fazer um plantão compartilhado entre os postos de São Gabriel e Santiago e aguardar o traslado do corpo para a cidade correspondente da escala. Contudo, desde 1º de novembro, três médicos e uma perita criminal foram nomeados para Santa Maria . Apesar de os quatro servidores ainda serem insuficientes para atender toda a demanda, não há mais a necessidade de escalas.
Segundo Adriano Teixeira, técnico em perícia do PML de Santa Maria, os cadáveres costumam ser necropsiados por ordem de admissão no necrotério, considerando-se o tempo de morte prevista em lei, que é de seis horas. Em virtude do local possuir apenas uma câmera fria com duas gavetas, o prazo estabelecido para liberação pode ser ainda menor.
Cadáveres não identificados ficam no local por um prazo de cerca de duas semanas. Após, o PML procura autoridade policial ou judiciária, bem como a prefeitura, para o providenciar o sepultamento.
No último mês, um caso chamou a atenção na cidade: Francisco Antonio Silveira, 70 anos, que costumava tocar violino no Calçadão e morreu após ser atropelado, ficou dias sem que ninguém aparecesse para fazer reconhecimento do corpo. Um cunhado de Silveira apareceu somente quatro dias depois.
Conforme o PML de Santa Maria, em 2017, foram feitas 308 necropsias, e, em 2018, até a última terça-feira, 156.
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reportagem
PÂMELA RUBIN MATGE
fotos
RENAN MATTOS
GABRIEL HAESBAERT
vídeo
RAFAEL SANCHES GUERRA
