data-filename="retriever" style="width: 100%;">Fotos: Renan Mattos (Diário)
A relação entre a arte e a morte se debruça na história e deixa um legado em um espaço bem conhecido: os cemitérios, também referidos como o campo santo, necrópole, sepultário. E é no dia 2 de novembro, feriado nacional de Finados, em que os encontros e as homenagens são mais frequentes. Porém, além da celebração dos mortos, a cidade de pedras tem significados ampliados, sendo um museu a céu aberto. Professora de Arquivologia da Universidade Federal de Santa Maria (UFSM), e ministrando uma disciplina de mestrado em Patrimônio Cultural, Fernanda Kieling Pedrazzi defende a preservação da memória social contida em cemitérios. Ela também integra a Associação Brasileira de Estudos Cemiteriais (ABEC) e, desde 2015, coordena o multidisciplinar Grupo Informação e Cemitério, também na UFSM.
- Seria importante esse patrimônio estar presente na educação das pessoas, para além do ensino universitário. É necessário abordar a educação patrimonial e a maneira de tratar a morte, desmistificando o assunto, que deveria ser inserido desde cedo. Poucos são os que falam sobre o dia em que ele próprio ou um familiar fará o passamento e como vai utilizar o serviço (de sepultamento). A responsabilidade com cemitérios não é só dos entes públicos, da prefeitura, que devem zelar, sim, mas é de cada cidadão - salienta a pesquisadora.
Atualmente, Santa Maria conta com oito cemitérios: o maior deles, o Ecumênico Municipal, o Pau-a-Pique, o do Campestre do Menino Deus, o de Arroio Grande, o Jardim da Saudade, o São Marcos, o São José e o Santa Rita de Cássia. Os últimos dois locais concedidos à iniciativa privada.
- Às vezes, é preciso um olhar de fora para vermos algo que estava diante de nós o tempo todo. A sociedade precisa manter estes espaços porque ela está neles, através de quem construiu as cidades, as fez progredir, de modo anônimo ou sendo reconhecido. E os cemitérios fazem parte das cidades, são uma representação de épocas e costumes. Costumo dizer que todos os caminhos nos levam ao cemitério. Hoje, até existem alternativas para o destino de nossos restos mortais, como a cremação, mas há uma tradição em dar sepultura para as pessoas. É uma forma de homenagear a sua passagem por um território. Muitos estrangeiros são sepultados em outras terras, e ao fazê-lo, tornam-se efetivamente parte daquele lugar. É preciso observar esse valor histórico, artístico e cultural com atenção. A memória social agradece este olhar - pontua Fernanda.
style="width: 100%;" data-filename="retriever">Cruz - com pontas agudas remete à aflição. O coração é uma variação do ornamento, que também pode remeter ao sagrado coração de Jesus
Origens
- A palavra "cemitério" (do termo latino tardio coemeterium, derivado do grego kimitírion, a partir do verbo kimáo, "pôr a jazer" ou "fazer deitar") foi dada pelos primeiros cristãos aos terrenos destinados à sepultura de seus mortos. Os primórdios do cemitério remetem ao período pré-histórico: escavações arqueológicas identificaram o hábito de cobrir os mortos com pedras ou enterrá-los. Mas o costume tinha um sentido diferente: os corpos em decomposição atraíam animais, colocando a vida das demais pessoas em risco. Após o período de uso das catacumbas subterrâneas, as áreas internas das igrejas e os espaços adjacentes passaram a ser utilizadas para o enterro de pessoas. No entanto, essa prática criou um problema: já não havia mais espaço para abrigar tantos corpos, e o resultado foi a contaminação do solo. Surgiu, então, uma lei inglesa direcionada aos sepultamentos, que passaram a ser feitos ao ar livre e longe da área urbana. Este é, possivelmente, o ponto de partida para os cemitérios como conhecemos hoje.
- Os sepultamentos em igreja permaneceram comuns até o século XIX (registros históricos indicam que no Brasil eles ocorriam até o início do século XX). Segundo a tradição católica, a prática aproximava os falecidos aos santos.
- O pesquisador Fernando Catroga, no livro O céu da memória, fala que na cultura ocidental há uma velha tradição de escamotear a morte, ou seja, "esconder a morte dos olhos". A professora Fernanda acrescenta que há várias percepções. Alguns estudiosos defendem que o culto aos mortos é o que diferencia homens de outros animais. Esconder a morte também pode ser uma forma de não ver a decomposição do cadáver relacionada à cultura. Por outro lado, a conservação do corpo é prática em algumas civilizações, como a egípcia.
- No mundo cristão, é frequente as ideias pares e antagônicas: o visível e o invisível, a memória e o esquecimento, o que se percebe em homenagens, que vão da perceptível reunião de pessoas que honram aquele que está embaixo da tampa do sepulcro.
Em Santa Maria
- Cemitério Ecumênico Municipal
- Cemitério Pau-a-Pique
- Cemitério do Campestre do Menino Deus
- Cemitério Jardim da Saudade
- Cemitério São Marco
- Cemitério São José
- Cemitério Santa Rita de Cássia
- Cemitério de Arroio Grande
UMA EXPRESSÃO DA CULTURA LOCAL
Os cemitérios, além de repouso dos mortos, são uma expressão da cultura local e refletem os cuidados que a comunidade tem no espaço onde está inserida, segundo aponta a pesquisadora Fernanda Kieling Pedrazzi.
- Aquilo que encontramos na cidade, também encontramos dentro dos muros dos cemitérios. É uma série de informações, que nos faz considerar o local como um arquivo a céu aberto. São informações escritas e iconográficas, como fotografias e a toda gama de arte funerária.
style="width: 100%;" data-filename="retriever">Anjo - figura que representa aquele que cuida da alma e irá conduzir a travessia terrena aos céus. São dos ornamentos cemiteriais as mais recorrentes. Tratam-se de esculturas sacras que representam a ligação entre a terra e o céu. Tanto podem ser produzidos em série como esculpidos à mão nos diferentes tipos de pedra
Ecumênico
O Cemitério Ecumênico Municipal foi criado no século XIX como opção de sepultamento para os não católicos. À época, a maioria eram alemães protestantes. Por outro lado, os cristãos católicos da cidade desejavam ser enterrados junto das Igrejas, o que mais tarde tornou-se um problema de higiene pública.
Hoje, o Ecumênico é o maior da centro do Estado e guarda alguns dos sepultamentos mais antigos na região, sobretudo, na parte inicial, onde era chamado "o cemitério alemão", onde eram sepultados os primeiros imigrantes que vinham a Santa Maria, por não professar a religião católica. São exemplos as famílias Kruel, Niederauer, Brenner, entre outras.
- Aqui temos dos simples aos mais luxuosos jazigos. Desde lajota até um mármore de carrara. Além de figuras que representam a arte cemiterial. O local era um chamado cemitério extra-muro, fora da cidade. Com o desenvolvimento do município, hoje está na área central - explica Fernanda.
style="width: 100%;" data-filename="retriever">Pietá - está entre a estatuária relacionada à religião. A virgem Maria, sofredora, dolorosa na morte de seu filho crucificado nos braços, representa o desejo que a alma seja bem recebida
SIMBOLISMOS E ELEMENTOS
As fotografias dos mortos mostram elementos como roupas, acessórios, cabelo e até mesmo o olhar do falecido. Os textos, em português ou na língua materna, trazem valores importantes para a sociedade, como as relações de família, políticas e profissionais. Já a arte funerária se revela repleta de simbolog Papoula - É uma flor que representa o sono eterno, o repouso da alma. Está ligada, na mitologia grega, com Hypnos, o Deus do sono, irmão gêmeo de Thanatos, o Deus da Morte. Se vê nas alegorias a presença da flor de papoula nas mãos de Hypnosias. Veja algumas.
- Epitáfio - É a inscrição que encontra-se na lápide. Ela envolve informações sobre nascimento e morte, nomes próprios e de família, cidade ou país de origem e ainda compreende alguma homenagem escrita sobre o falecido. Pode ser um discurso voltado para a pessoa ali sepultada ou para informar o público que circula no cemitério
- Anjo - Figura que representa aquele que cuida da alma e irá conduzir a travessia terrena aos céus. São dos ornamentos cemiteriais os mais recorrentes. Tratam-se de esculturas sacras que representam a ligação entre a terra e o céu. Tanto podem ser produzidos em série como esculpidos à mão nos diferentes tipos de pedra
- Pietá - Está entre a estatuária relacionada à religião. A virgem Maria, sofredora, dolorosa na morte de seu filho crucificado nos braços, representa o desejo que a alma seja bem recebida
- Cruz - Com pontas agudas remete à aflição. O coração é uma variação do ornamento, que também pode remeter ao sagrado coração de Jesus
- Ramos de palma - Representam a vida eterna, o renascimento e a vitória, o triunfo de Cristo sobre a morte
- Tocha - Com fogo virado para baixo representa a finitude da vida terrena ou própria morte que cessa
- Papoula - É uma flor que representa o sono eterno, o repouso da alma. Está ligada, na mitologia grega, com Hypnos, o Deus do sono, irmão gêmeo de Thanatos, o Deus da Morte. Se vê nas alegorias a presença da flor de papoula nas mãos de Hypnos
- Pranteadoras - Estátuas que choram por seus mortos. A figura feminina que mostra pesar, uma representação do feminino da antiguidade clássica
style="width: 100%;" data-filename="retriever">Pranteadoras - estátuas que choram por seus mortos. A figura feminina que mostra pesar, uma representação do feminino da antiguidade clássica
SIMBOLISMO HISTÓRICO E SACRO
Cemitérios de cidades turisticamente importantes são parte do roteiro cultural. O Cemitério da Recoleta, em Buenos Aires, e o Cemitério de Montparnasse, em Paris, oferecem um espaço de convívio para quem os visita, permitindo outros usos, conforme menciona a professora Fernanda Kieling Pedrazzi. Outros exemplos estão no Cemitério do Montparnasse, onde estão sepultadas personalidades como a escritora Marguerite Duras (que tem uma porção de canetas cravadas em um vaso que fica sobre o seu túmulo), o enciclopedista Pierre Larrouse, os filósofos Simone de Beauvoir e Jean Paul Sartre, e o sociólogo Émile Durkheim.
- As sepulturas são um convite a retomar suas obras, reconhecer o legado e compartilhar a a experiência de vida e morte - destaca Fernanda.
ÍCONES LOCAIS
No Cemitério Ecumênico de Santa Maria, há jazigos bastante visitados ou historicamente conhecidos.
Entre eles, o túmulo do doutor Victor Frederico Teltz, que, em quase duas décadas vivendo em Santa Maria, conquistou consolidou amizades e ganhou admiração profissional pela sua atuação como médico humanitário. Após sua morte, seu jazigo foi erguido com contribuições da comunidade, como gratidão dos santa-marienses.
No mesmo campo santo estão diversas políticos locais e personalidades como o doutor Astrogildo de Azevedo, que dá nome a um importante hospital da cidade, José Mariano da Rocha Filho, fundador da Universidade Federal de Santa Maria (UFSM) e teatrólogo e escritor Edmundo Cardoso.
PESQUISAS
A professora ainda menciona a necessidade de explorar outros estudos de grande importância histórica.
- Já nos foram sugeridos alguns temas. Um deles é a respeito do Movimento Negro (de décadas passadas) e das vilas operárias. Toda essa história continua depois da morte. É importante saber e reconhecer onde estão e como foram homenageados. Sabemos, por exemplo, que junto da Igreja do Rosário havia um cemitério, que hoje não existe mais. Para onde foram as pessoas enterradas lá? Temos poucas informações - comenta Fernanda.
ESTRATIFICAÇÃO SOCIAL
Outro aspecto mencionado pela pesquisadora são as visíveis diferenças sociais e até hierárquicas dentro dos cemitérios.
- Temos marcas escancaradas através de edificações. São gavetas de parede a mausoléus luxuosos - explica.
No Coração do Rio Grande, o Cemitério Jardim da Saudade, no Bairro Caturrita permite essa percepção. É lá que pessoas de baixa renda podem se beneficiar do enterro com gratuidade. Para isso, a própria família deve acessar Secretaria de Desenvolvimento Social com atestado de óbito e documentos da pessoa falecida. Assim como o Cadastro Único do governo federal, este processo é auto declaratório.
Outros elementos também permitem reconhecer a sociedade e aplicar à pesquisa científica.
- Pelas lápides, podemos saber quais famílias viveram em quais épocas, a expectativa de vida das pessoas, a causa das mortes - acrescenta Fernanda.
OUTROS JAZIGOS QUE CHAMAM ATENÇÃO OU TÊM APELO POPULAR
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Mausoléus militares
Há uma tipologia de sepultura, que pode ir desde a cova rasa até o panteão. O mausoléu é um tipo de local de sepultamento mais pomposo, uma forma de monumentalizar a morte. No Cemitério Ecumênico de Santa Maria, há um mausoléu coletivo para os pracinhas (ex-combatentes) da Força Expedicionária Brasileira (FEB) da Segunda Guerra Mundial que eram residentes em Santa Maria e região. Como forma de homenagear estes homens, foi reservado um espaço para que fossem sepultados ali, naquele monumento que conta com a imagem de um soldado.
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Bernardo Boldrini
O corpo da criança, morta aos 11 anos pelo pai, pela madrasta e outras duas pessoas, em abril de 2014, na cidade de Três Passos, no noroeste do Estado está enterrado no jazigo da família em Santa Maria. O menino está ao lado da mãe, Odilaine Uglione, que morreu em 2010 e da avó Jussara Uglione, que morreu e 2017. Na lápide, a família informou somente o sobrenome Uglione. Flores, velas e brinquedos são deixados todos os anos no jazigo. No ano passado, um grupo de fiéis da Igreja Católica chegou a pedir a santificação do menino. À época, a Diocese de Frederico Westphalen, cerca de 80 km de distância de Três Passos, informou que não foi comunicada dos casos. Pelo menos duas pessoas - de Ijuí e Curitiba - declararam terem pedidos atendidos pela criança. No túmulo do menino já há uma placa escrita "por graça alcançada". Também foi encontrada no cemitério, uma oração a Bernardo em formato de "santinho", impresso em papel. Abaixo da oração, a frase: "em agradecimento por uma graça alcançada."
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Maria Carolina Schmidt, a "Maria Parteira"
Maria Carolina Schmidt, conhecida por Maria Parteira nasceu em 22 de abril de 1822. Por 35 anos, exerceu a profissão que ajudava centenas de pessoas a virem ao mundo com maior ou menor dificuldade. Após sua morte, em 29 de junho de 1888, o túmulo de Maria Carolina foi construído pela comunidade, sendo mantido até os dias de hoje. Parte da biografia da Maria Parteira é contemplada no livro Santa Maria, o passado pitoresco em prosa fluída!, de Romeu Beltrão.
Em um dos trechos, o autor menciona que a morte da mulher "aquele ataúde encerrava também as esperanças de salvação de muitas mães de família, nas ocasiões de dores cruciantes".
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MARIAZINHA PENNA, A SANTA POPULAR SANTA-MARIENSE
Além de personalidades históricas vinculadas à política, ciência ou arte, em muitas cidades, há cemitérios que guardam os seus "venerados". No Cemitério Ecumênico Municipal é Maria Zaira Cordova Penna, a Mariazinha da Penna, a santa popular santa-mariense, que reúne centenas de fiéis em torno de sua sepultura para além do Dia de Finados.
Informações do livro "Mariazinha Penna, a predestinada", de Leyda Tubino Abelin, traçam a biografia da menina que nasceu na residência dos avós paternos, na Estação Colônia (hoje, Bairro Camobi), antigo distrito de Santa Maria, em 13 de abril de 1933. Certo dia, aos 16 anos, quando saía do banho, colidiu sua coxa contra uma cadeira. A batida forte deixou uma contusão que, de início, não chamou a atenção, mas, logo, Maria começou a ter dificuldades para andar. Após uma promessa a Santo Antão, a moça sentiu-se bem durante um ano. Porém, as dores na perna, aos poucos, voltaram e, depois de um tratamento fora da cidade, foi constatado câncer na parte alta do fêmur, e desenvolveu-se uma ferida aberta na perna.
A saúde da moça piorava a cada dia, e ela teve que passar os próximos nove meses na cama, enquanto sua perna foi inchando, e ela, emagrecendo. Para enfrentar a dor, Maria rezava, mas da sua perna já fluía uma secreção mal cheirosa e ela acabou ficando cega e entrando em coma. No último dia de vida, em 11 de outubro de 1953, voltou a ver e estava lúcida, e o odor em seu quarto, que era insuportável, sumiu, passando a exalar um perfume de rosas pela casa. Um mês após sua morte, começaram os pedidos a Maria.
Conforme relatos, sua fé e resignação frente à longa e dolorosa enfermidade conferiram-lhe notoriedade. As pessoas, profundamente sensibilizadas, iniciaram uma intensa peregrinação ao seu túmulo para pedir ou agradecer por graças alcançadas. Acredita-se que o primeiro agradecimento por graça alcançada, publicado no extinto Jornal A Razão (acima), tenha sido no dia 13 de dezembro de 1953, cerca de dois meses após sua morte.
O túmulo é sempre o mais visitado e, a cada ano, ganha novas placas de agradecimento. Há décadas, uma capelinha, que inclusive já passou por duas reformas, foi construída ao lado do jazigo de Mariazinha.
Da devoção à pesquisa científica
O clamor que orbita o legado de Mariazinha perpassa a fé, atrai o turismo religioso - pois, muitos que vêm a Santa Maria para honrar seus mortos acabam visitando a santa popular -, e também tem sido tema de diversos artigos acadêmicos. Marcelo Gabriel Ercolani, 47 anos, é formado em Ciências Econômicas e, atualmente, é aluno do mestrado em Patrimônio Cultural da Universidade Federal de Santa Maria (UFSM). Ele desenvolve um projeto de pesquisa com o intuito de registrar a manifestação devocional à santa popular. O interesse pelos estudos cemiteriais, em específico, por Mariazinha, começou ainda da infância:
- Na década de 1980, as idas ao cemitério eram frequentes, geralmente acompanhando minha avó paterna, que levava os netos para auxiliarem na limpeza e manutenção do jazigo perpétuo da família. O espaço cemiterial era mais um local para as brincadeiras de criança. Além das esculturas de anjos, pranteadoras, Cristo e dos mausoléus, que despertavam minha curiosidade e admiração, fui testemunha ocular do frequente e intenso movimento de devotos que visitavam o túmulo de Mariazinha, repleto de pessoas rezando, flores, bilhetes e placas que revestiam o sepulcro e a capela de velas. Nessa capela, sempre havia muitas velas acesas. Em 2019, ingressei no mestrado. Minha pesquisa pretende reunir documentos e artigos sobre Mariazinha, a fim de ratificar as informações constantes na biografia.
Após 67 anos de morte, constante renovação da fé
Mesmo após 67 anos da morte de Mariazinha, a devoção é renovada. Há pelo menos três décadas, todas as segundas-feiras, às 15h, em frente ao túmulo de Mariazinha Penna, um grupo se reúne para orações. Com o distanciamento social por conta da pandemia do novo coronavírus, as atividades foram suspensas. Nesses encontros, reza-se o terço como forma de homenagear, agradecer e pedir a intercessão da "santinha de Santa Maria". A oração que faz parte do terço é de autoria é desconhecida.
- Sou natural de Formigueiro e visito o túmulo há muito tempo. Mas, há 28 anos, vou toda às segundas no cemitério. A gente chega ali por 13h30min, limpa o local, organiza e troca as flores. Às 15h, começamos as orações. Já tive graças alcançadas. Há 17 anos, meu netinho nasceu muito mal, com problemas respiratórios e foi para UTI. Eu rezei tanto para Mariazinha, e ela me ajudou. Hoje, ele é muito saudável - conta a aposentada Jandira Chaves da Rosa, 70 anos.
Santa Maria ainda conta com a Ermida de Mariazinha Penna, na Paróquia Nossa Senhora da Glória, no Bairro Camobi, inaugurada no dia 30 de novembro de 2008. Desde de 1988, a prefeitura também promulgou a Lei Nº 3028/1988 que denomina como Mariazinha Penna, a área verde localizada na quadra 12A, do Bairro Tancredo Neves.
Oração
- Oh! Mariazinha Penna que conheceis a aflição deste coração amargurado e triste, vinde alinhar-me e consolar-me, que não cansarei de glorificar e louvar a Deus por teu intermédio