Jaqueline Silveira

“Burmann está comandando o partido por força de uma caneta”, afirma o ex-presidente do PDT Marcelo Bisogno

“Burmann está comandando o partido por força de uma caneta”, afirma o ex-presidente do PDT Marcelo Bisogno

Foto: Pedro Piegas (Diário/ Arquivo)

O número 12 ostentado por três décadas por Marcelo Bisogno, como na foto de 2020 quando concorreu à prefeitura pela segunda vez, parece ser página virada com sua saída do partido de Leonel Brizola. A convite do deputado federal Luiz Carlos Busato, presidente gaúcho do União Brasil (UB), ele ingressará na sigla, a exemplo do ex-prefeito José Farret. Ontem, em entrevista ao programa Bom Dia, Cidade!, da CDN, o ex-presidente do PDT criticou a direção estadual pela condução do processo em Santa Maria, que decidiu não fazer convenção, inicialmente, indicando o ex-reitor da Universidade Federal de Santa Maria (UFSM) Paulo Burmann como novo chefe do PDT em Santa Maria. Bisogno demonstrou descontentamento e até certa mágoa com a cúpula gaúcha e com Burmann. A seguir, confira os principais trechos da entrevista de Bisogno aos jornalistas Alexandre De Grandi e Rogério Kerber.


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União Brasil

“Recebi um convite por parte do deputado Busato, que é um amigo que eu tenho de bastante tempo na política. Tivemos muito próximos de fechar com nossa candidatura à prefeitura de Santa Maria. Quando surgiram esses fatos (questões internas no PDT), o deputado Busatto começou a me ligar, colocando-se à posição na eventualidade de ter algum problema interno. Eu respondi prontamente que agradecia, estava realmente muito feliz e lisonjeado pelo reconhecimento, pelo carinho e pelo respeito a minha história política, todo o nosso trabalho na cidade, e que estava, a partir daquele momento, analisando e pensando de uma posição futura”.


Troca por cargas

“Eu tenho essa questão interna, o PDT estadual faz seis anos que não realiza eleições para o novo diretório do comando estadual do partido. Hoje, o partido está sendo politicamente coordenado apenas por uma executiva provisória, o que não representa a força estadual do partido. A maioria dos seus membros é ligada a deputados estaduais e que hoje estão apenas visualizando o interesse pessoal, que é estar no governo Eduardo Leite (PSDB), do qual eu sou completamente contra. Nada contra a figura, acho o governador uma pessoa de boas ideias, uma pessoa preparada, um jovem na política, mas a política que ele implementou hoje no Rio Grande do Sul é a política que eu também discordo. Nessas questões, eu acho que o PDT acabou trocando cargos no governo estadual e rasgando as suas bandeiras, rasgando o seu legado, rasgando a sua história”.



Crise na cidade

“Em Santa Maria, e não só aqui, em várias cidades do Rio Grande do Sul, onde esses 19 ou 20 membros da executiva estadual provisória – e quase todos estão lotados em cargos no governo Eduardo Leite ou que têm algum familiar ou assessor de deputado com interesse diretamente em cargos no governo estadual –, nas cidades onde tem uma resistência, eles estão passando a caneta. Eles não estão abrindo eleições municipais, não estão privilegiando o partido onde tem filiados e que tem uma força eleitoral maior. O partido está comprometido com os cargos no governo Eduardo Leite e não com as bandeiras do PDT”.


Ascensão?

“Eu não vejo ascensão, porque a votação que o Burmann fez aqui em Santa Maria para deputado federal foi muito abaixo da expectativa e muito abaixo do eleitorado do PDT. Ele fez a votação para deputado federal praticamente igual à votação que eu fiz para vereador, em 2012, concorrendo contra 415 candidatos a vereador: eu fiz 9 mil. De 200 mil eleitores, Burmann fez 9 mil votos, nós consideramos dentro do PDT uma votação muito baixa para alguém que poderia, digamos, estar em ascensão. Hoje, por exemplo, ele está ocupando um cargo no governo Eduardo Leite de quinto escalão para uma pessoa que foi reitor da Universidade Federal de Santa Maria.


Fundo do poço

“Mas isso não é o problema, porque eu não tenho nenhuma questão de cunho pessoal. Ele é um quadro importante dentro do PDT, é uma pessoa qualificada, mas a condução política que ele, juntamente com esse grupo, hoje, que erradamente conduz o PDT ao precipício, ao fundo do poço é o que está colocando em xeque toda uma discussão municipal. Eu pedi eleição aqui dentro do PDT, eu tenho mais de 700 fichas trabalhadas na cidade de novas filiações, são lideranças de vários cantos de Santa Maria, de distritos, de bairros, que estão se filiando para construir um projeto e o PDT estadual, simplesmente, até agora nos negou uma eleição interna para chamar os mais de 3 mil filiados a decidir a política, o partido. Democracia com as urnas é assim, o que se faz internamente nos partidos também é assim”.

Golpe

“Se chamar uma eleição hoje dentro do PDT, talvez o ex-reitor Burmann não consiga nem entrar no diretório, não tem ficha para colocar uma chapa para disputar o diretório. Hoje, ele está comandando um partido por força de uma caneta, por força de um golpe contra a democracia do partido internamente. O partido está se esquivando. O presidente Ciro Simone, por telefone, quatro meses atrás, proferiu as seguintes palavras: ‘Marcelo, se eu chamar eleição agora, tu vais patrolar o Burmann em Santa Maria, eu não quero que isso aconteça, eu quero que a gente tente achar um consenso’. Eu disse: “Presidente! Eu não vou patrolar, nós temos um trabalho político, tu estás tentando escolher aqui para a presidência do partido alguém que não tem voto dentro do partido e não tem voto na cidade’. A condução está completamente errada”. (Colaborou Letícia Klusener)

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