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Apesar de todos os esforços para amenizar o caos na saúde em Manaus, que sofre com falta de leitos e de oxigênio, a situação continua dramática. Uma santa-mariense que vive na capital do Amazonas e trabalha em uma fábrica multinacional, de 700 funcionários, relata os momentos de grande apreensão e sofrimento pelo qual está passando com o marido e a filha de 8 anos. Segundo a engenheira de produção Lisandra Marchi da Silva (na foto), 41 anos, o clima é de muito medo e ansiedade, porque muita gente próxima está morrendo de Covid-19 por falta de leitos e de oxigênio nos hospitais.
- Ainda está bem complicada, bem difícil a vida aqui. Não mudou muito de um semana para cá. É muito pior do que em maio e junho. Trabalho numa indústria, e nessa fábrica, tenho diversos colegas que perderam pais e pessoas próximas por falta de oxigênio nos últimos dias. Só ontem (segunda-feira), um colega perdeu a esposa, e outro, o pai, por falta de hospitalização. Entram no hospital, mas não conseguem UTI. O pai de um colega chegou a fugir do hospital porque via as pessoas morrendo e não queria morrer no corredor do hospital. Foi internado novamente e, infelizmente, veio a óbito. Tenho muitos colegas em luto por familiares que morreram. Tem gente que perdeu o pai numa semana, e a mãe na semana seguinte. E tem gente que entrou no hospital numa sexta, e a família só ficou sabendo o estado de saúde na segunda, pois o hospital não consegue avisar os parentes - afirma.
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Diante desse caos, Lisandra se reveza com o marido para cuidar da filha de 8 anos, já que não tem escola ou onde deixá-la.
- Diante disso tudo, é muita ansiedade e medo, porque, se pegar a Covid, não se sabe se vai ter tratamento médico e hospital. Vivo com medo de ir até no supermercado, não sabe quem está doente. Estamos numa bolha e, psicologicamente, bem abalados. Estou há dois anos sem ver meus pais e minha irmã em Santa Maria, e optamos por não viajar nestas férias com medo de ficar doente ou passar a doença para eles. É muito difícil isso tudo - conta.
Lisandra lembra que o marido teve Covid em maio e que, até agora, ainda está sem sentir cheiro. Por isso, teme que, em caso de ficar doente de novo, possa ter a situação agravada.
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A santa-mariense faz questão de relatar toda essa situação para que sirva como alerta para Santa Maria e o restante do país não se descuidarem das medidas de prevenção, até para não repetirem o caos de Manaus.
- Em Manaus, foi uma série de fatores. Teve a população, que foi um pouco relapsa de não se cuidar. Tem bairros que ainda não pararam as atividades não essenciais. No Natal e Ano Novo, estava cheio de gente na rua, e outros viajaram nas férias mesmo assim. Mas teve o relapso por parte do governo, fechou hospitais de campanha muito cedo. Em setembro e outubro, já falavam em segunda onda. Deveriam ter se preparado mais antecipadamente para isso. É extremamente triste o que está acontecendo, e peço a todos que se conscientizem - diz.