Depois dos combustíveis e dos fertilizantes, outro produto já tem seus preços fortemente impactados por causa da guerra na Ucrânia: o trigo. E os reflexos devem vir em breve para o consumidor brasileiro, com alta dos preços de pães, massas e bolachas. Aqui na região, em uma cooperativa, a saca de trigo era cotada a R$ 86 no dia 2 de março, mas já subiu para R$ 100 nos últimos dias - 16%. Como os estoques demoram um pouco para serem repostos, a tendência é que os preços ao consumidor tenham reajuste daqui a algumas semanas.
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A Associação Brasileira das Indústrias de Biscoitos, Massas Alimentícias e Pães & Bolos Industrializados (Abimapi), como representante das categorias, publicou nota em que esclarece como os conflitos entre Rússia e Ucrânia impactam no preço dos insumos na cadeia produtiva e no valor final dos produtos. A nota diz: "A Rússia é o maior exportador de trigo do mundo e tem sido afetado economicamente pelo conflito com a Ucrânia - juntos, os dois países respondem, em média, por 30% das exportações mundiais de trigo. Além da queda na oferta de trigo, fator da alta dos preços, o desabastecimento tem a ver com dificuldades logísticas - a guerra fechou portos, interrompeu o transporte - e com a queda da produção ucraniana da commodity. O Brasil produz menos da metade do trigo consumido e precisa importar grandes quantidades do grão de países do Mercosul - sobretudo da Argentina -, do Canadá e dos Estados Unidos. A elevação do preço do grão impacta diretamente os valores de produção para os fabricantes das categorias representadas pela Abimapi. Nas massas, em média, 70% do custo é de farinha. Nos biscoitos, o peso é de 30%, e nos pães e bolos industrializados, de 60%. A disparada da cotação do trigo começa a ser sentida pelos fabricantes nas negociações com os fornecedores, porém existe a entrega de farinha compromissada em contratos antigos. O que se pode afirmar é que haverá reajustes de preços nas próximas semanas, mas, com o horizonte indefinido, já que a cada notícia da guerra, o preço do trigo no mercado internacional oscila para cima ou para baixo com valores expressivos. O consumidor brasileiro deve começar a sentir os efeitos em breve, quando as indústrias comprarão as novas safras.
As indústrias estão com estoques relativamente curto, pois estão no início da entressafra de trigo, lembrando que o produto acabado também não tem estoques e que varia muito de empresa para empresa. De todo modo, este repasse tende a ser gradual, pois não há espaço para elevar os preços de uma só vez para o consumidor final."