A notícia da suspensão da importação de carne de fêmeas bovinas pela União Europeia movimentou a semana. A decisão, comunicada aos frigoríficos por meio do Ofício Circular Nº 24/2024 feito pelo MAPA, causou surpresa e indignação nos produtores e se baseia em um suposto risco de resíduos na carne de um hormônio comumente usado nos manejos reprodutivos com IATF (inseminação artificial em tempo fixo). A medida somente será revogada após a implementação de protocolos que certifiquem que as fêmeas nunca receberam o produto.
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Pauta científica
Para o professor Dr. Pietro Baruselli, da USP, a medida não tem alicerce científico.
— No Brasil, não usamos esse hormônio para fins zootécnicos, apenas reprodutivos. Aplica-se a quantidade que a vaca estaria produzindo se estivesse em cio. É uma dose muito pequena, metabolizada em um ou dois dias e não deixa resíduo — explica o especialista.
Esse veto às fêmeas torna ainda mais complexa a relação do Brasil com o bloco europeu, que pretende também barrar as importações de carne bovina produzida em áreas associadas ao desmatamento, medida que deverá vigorar a partir de 2025. Talvez esteja na hora do Brasil assumir “novos encargos” apenas quando houver remuneração adequada, já que no caso, a quantidade de carne negociada com a EU é muito pequena.
As exportações de carne bovina pelo Brasil fecharam 248.061 toneladas em agosto, com faturamento de US$ 1,072 bilhão. Comparado ao mesmo mês, no ano passado, os embarques aumentaram 16,5% em volume e 13,7% em faturamento. No acumulado do ano, o Brasil já exportou 1,8 milhão de toneladas (+27,9% sobre o mesmo período de 2023). Os dados do Ministério do Desenvolvimento, Indústria, Comércio e Serviços (MDIC), foram divulgados pela Associação Brasileira das Indústrias Exportadoras de Carne.
Arroz
Com investimento de R$ 75 milhões, a nova fábrica de beneficiamento de arroz da Cooperativa Agrícola Mista Nova Palma (Campal) em Linha Grande, interior de Dona Francisca, será responsável por quadruplicar a produção. A unidade anterior, na mesma cidade, tinha capacidade para produzir 2,4 mil toneladas de arroz embalado por mês, enquanto a nova indústria apresenta capacidade de até 370 mil fardos de 30 quilos por mês (11,1 mil toneladas).