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Uma carta aos Reis

data-filename="retriever" style="width: 100%;">No dia 6 de janeiro, comemoramos o dia dos Reis Magos, conhecido em nuns lugares como o dia da Festa de Reis e em outros como a Festa do Presente.

Em alguns países acima da linha do Equador, em particular da Europa, a Festa de Reis se caracteriza por ser a data para dar e receber presentes e de confraternizar com amigos e familiares, porque o Natal é tido como uma festa santa, tendo bem em conta o aniversário do Príncipe da Paz, do Amor e da Bondade. No dia 25, a festa é ao meio-dia, íntima, só com a família, raramente com convidados externos.

A Festa dos Reis é diferente. Tem presente, comilança, fogos, amigos que vem e vão, e as calçadas ficam repletas para ver os ternos de reis, com ricas roupas medievais, puxando o camelo de madeira com rodinhas nas patas, jogando caramelo para o alto. Muitas famílias, times, escolas, igrejas, profissionais liberais, empresas, sindicatos e clubes têm o seu terno de reis.

Para esta comemoração, há o costume de escrever uma carta pedindo presente. Os velhos raramente escrevem, pois lembram da infância pobre vivida no pós-guerra, com dores, tristezas e perdas. Mesmo assim, a família os presenteia com coisas alegres e doces. Os velhos mais brincalhões pedem que os reis deletem um pouco dos anos vividos, pois querem ter mais uns para verem os netos crescer.

Este ano, uma amiga italiana das cercanias de Milão, que trabalha na Casa Dom Guanella onde fiz minha tese de doutorado, me contou que juntaram as crianças da Escola de Educação Infantil com os moradores da Casa para escreverem as cartinhas. Disse que foi uma grata experiência, tardes emocionantes, cheias de aprendizagens.

Ao lerem as cartas constataram que os presentes mais pedidos pelas crianças foram tablets, iphones e animais de estimação, ou seja, coisas só para si. Os velhos pediram paz, saúde, e o fim da pandemia, coisas que ajudam aos outros e a todos. No entanto havia 10 cartas dos velhos com pedidos bem específicos: dois homens pedindo bola de couro especificando entre parênteses "bola de verdade", e oito senhoras querendo boneca com roupa de tecido, e todos argumentando que já haviam feito estes pedidos muitas vezes, mas que nunca chegaram.

No último dia do projeto, o que mais surpreendeu aos organizadores foi que, todos, crianças e velhos, sem exceção, se recebessem estes presentes os trocariam por abraços e beijos dos familiares, pois os pequenos gostariam de estar mais com os pais, e os velhos queriam estar mais perto dos filhos.

Caro leitor, você alguma vez escreveu uma cartinha para os Reis Magos pedindo um presente? Qual foi o presente que eles nunca lhe entregaram?

Aqui, emerge a segunda questão: De quem você está esperando um abraço e quem você deveria procurar para abraçar?

Se tens a resposta, o que estás esperando para concretizar?

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