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Os invernos da vida

data-filename="retriever" style="width: 100%;">O inverno, definitivamente, não é a minha estação preferida. Além do frio, que não raras vezes está acompanhado de umidade intensa, tem seus dias mais sombrios e com durações reduzidas, o que implica em noites mais longas e mais momentos de reclusão. Ele traz a imagem daqueles momentos da vida em que tudo parece inerte.

Na natureza, é um tempo de aparente morte, as árvores perdem as folhas e os animais ficam escondidos, hibernando em seus habitats. Além de menos luz, há menos sons e expressões de vida. Como essa estação nos obriga a diminuir o ritmo, é natural a introspecção.

Dizem alguns psicólogos que as noites mais longas servem para momentos de mais contato com o nosso mundo interior. Para ouvirmos as vozes da alma e dos nossos desassossegos, fortemente guardados, o que pode nos assustar.

Esse período de mais de ano de pandemia lembra muito o inverno, foram dias duros, frios, sombrios, de recolhimento forçado e de muita reflexão sobre a vida. Estamos no segundo inverno desde que fomos, literalmente, atropelados pela Covid e, infelizmente, ainda não podemos retornar aos velhos hábitos. Serão mais três meses de isolamento, não apenas pela necessidade de evitarmos disseminar a doença, mas, principalmente, pelas características próprias da estação. Contudo, o inverno desse ano, será diferente do anterior, pois, segundo a previsão do Ministério da Saúde, até o seu término, mais da metade da população brasileira já estará imunizada, com a segunda dose da vacina, o que sem dúvidas é um acalento.

Outra boa notícia, é que desde a última segunda-feira, os dias ficarão, paulatinamente mais longos e logo veremos e ouviremos a natureza desabrochando.

Apesar de não gostar da atual estação, não posso negar que ela traz consigo o sentimento da vida latente e pode revelar incríveis potenciais se conseguirmos enfrentar os nossos medos, que não é uma tarefa fácil, mas necessária. Khalil Gibran, poeta libanês, escreveu: A consciência de uma planta no meio do inverno não está voltada para o verão que passou, mas para a primavera que irá chegar.

A planta não pensa nos dias que já foram, mas nos que virão. Se as plantas estão certas de que a primavera virá, por que nós, os humanos, não acreditamos que um dia seremos capazes de atingir tudo o que queríamos?

O desafio é aceitar a dança da vida, o que está posto, e buscar o melhor do que ela tem a nos oferecer. Tirar dos invernos, das longas noites e dos distanciamentos algum aprendizado e fortalecer a esperança de que, como na natureza, em breve, tudo se renovará.

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