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Mais amor, menos presentes

data-filename="retriever" style="width: 100%;">A origem do Dia dos Namorados no Brasil em nada guarda o romantismo incentivado. A data é comercial e foi instituída para aquecer as vendas no mês de junho, período em que as lojas amargavam lucros menores. O 12 de junho foi uma sacada publicitária, tradição que já dura quase 70 anos. Desculpe se quebrei o encanto! O romantismo e o amor precisam extrapolar um único dia. As demonstrações devem ser atitudes e gestos contínuos, desprendidos do incentivo ao consumo e dos bens materiais.

Amor é mais do que presente. Amor é mais amplo, mais abrangente. Amor não tem limites. Amor é entrega. Amor não está associado, exclusivamente, às pessoas. Amor também está relacionado às plantas e aos animais, estejam eles em nossa casa ou, simplesmente, cuidados ou mantidos por nós. O Criadouro São Braz faz um amoroso trabalho tratando e cuidando de animais silvestres resgatados. Atualmente, precisa da colaboração da comunidade para que o trabalho se mantenha, mesmo durante a pandemia. Há muitos outros trabalhos de amor realizados por pessoas e instituições, como o recolhimento de animais de rua para adoção. O amor também se manifesta nos cuidados e acolhimento de pessoas em tratamento de saúde, como a Aapecan, que necessita da comunidade para manter seu apoio aos pacientes com câncer.

O acolhimento de vítimas de violência e abandono é expressão de amor. A distribuição de refeições, roupas, material de higiene aos moradores de rua é mais um gesto de amor. A distribuição de cestas básicas para famílias desassistidas aflora amor ao próximo, devido à ausência de políticas públicas para o enfrentamento efetivo dos problemas sociais decorrentes da Covid-19.

O amor se manifesta pelos professores que se desdobram para minimizar a falta de condições para o ensino remoto. Reduzir desigualdades, construir pontes, derrubar paredes para visualizar o horizonte são atitudes de amor. O que dizer dos profissionais de saúde e dos cuidadores? Afastam-se, muitas vezes, dos seus amores para preservar amores alheios. A natureza é uma mãe amorosa. Dá o melhor sem cobrar nada em troca. É essencial cuidá-la. Quem ama, cuida!

O distanciamento social tem aflorado a importância dos pequenos gestos. Em tempos de pandemia, atitudes simples ganham valor. Valorizar gestos e quem os têm deve ocorrer continuamente. É nesta ideia de sempre que um presente no Dia dos Namorados para transparecer sentimento, não faz falta. Presente é o amor diário. É sentimento compartilhado, respeitado, valorizado, trocado, vivenciado, expresso. Estes gestos fazem falta. A ausência deles nos enfraquece, nos esvazia, nos congela. Sentimento vai além de um namorado/uma namorada, cujo o amor, como diz o Poetinha, não é imortal, posto que é chama. Amor verdadeiro é perene, aquece, preenche, é leve, é sentimento. Cultivemos o amor presente como representação verdadeira de amor, em lugar de simplesmente dar presentes. 

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