sociedade

Para ser feliz é preciso disciplina

Carolina Suptitz


Sempre tive dificuldade de saber o que eu queria para a minha vida, o meu futuro, o próximo ano. Por um lado, porque sou libriana. Por outro, porque eu só conseguia pensar que o que eu queria e quero é ser feliz. Do resto, nada sei. E cá estou eu novamente pensando na felicidade - ou diminuição do sofrimento - para 2019.

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Tanto a felicidade como o sofrimento são estados de consciência. E este ano pude experienciar nitidamente esta verdade. Em alguns momentos bem desafiadores consegui manter a paz e a confiança, tendo mais clareza e tranquilidade para identificar qual seria o ensinamento contido na situação. Em outros momentos, situação pequena ou até nenhuma (a não ser na minha mente) me levou a grandes angústias, tristezas, desânimo e sofrimento.

Para se chegar a um ou outro destes estados são necessárias transformações na nossa forma de ver, sentir e se relacionar com o mundo. Por isso, para o próximo ano, além do pedido de sempre, pedirei aquilo que descobri ser chave central para a mudança interna e, portanto, verdadeira fonte de transformação também do mundo externo. Eu quero ter mais disciplina!

Disciplina. Palavra que talvez desanime você de continuar lendo esse texto. E eu entendo. Também tive muita resistência a ela. Afinal, a gente quer é ser livre! Mas, então, que tal a gente ressignificar a disciplina? A disciplina de que fala o Yoga é a que corresponde aos nossos comandos mais verdadeiros. E, justamente por isso, é exatamente ela que verdadeiramente nos liberta! 

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Sinceramente, quero me libertar, por exemplo, da minha gula por doces, pois o açúcar me faz muito mal, a curtíssimo e longo prazo (tenho tendência à diabete). Esta gula também está me impedindo de me firmar no veganismo, no que tanto acredito. Você acha que há liberdade em eu me alimentar contrariando a minha saúde e consciência? Claro que não. Há, sim, dependência. A aparente liberdade é na verdade a minha escravidão diante dos meus impulsos autodestrutivos fundados ou em aspectos do insconsciente (parece que o apego ao açúcar está relacionado à carência...) ou ao simples desejo primitivo e irracional de viver o prazer a curto prazo.

Quero me libertar também da minha dificuldade de levantar da cama com o primeiro toque do despertador. Por que inventaram o "soneca", minha gente?! Sou completamente viciada nele! E dizem - e acredito, pois sinto na pele - que os primeiros momentos logo que acordamos afetam muitíssimo todo o restante do dia. Se resistirmos a levantar, nos enrolamos e somos autoindulgentes já de cara no início do dia, bem menores são as chances de eu viver o dia com alegria, dinamismo e responsabilidade diante dos deveres.

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Quero imensamente me libertar da minha tendência à negatividade. Como diz minha amiga que tanto admiro como compositora, cantora e mestre do bem viver Renata Schuler (que "coincidentemente" é uma disciplinada capricorniana), "vamos falar de coisa boa..." Por que, Jesus amado, meus olhos, mente e boca focam tão frequentemente no que não está ou não foi tão legal?


Foto: Pixabay

Eu sei (eu estudo!) os males do pensamento negativo. Mas só saber não é suficiente. É preciso praticar. O verdadeiro caminho do autoconhecimento e/ou espiritualidade é a prática. E para colocar em prática o que sabemos e acreditamos é preciso disciplina.

Disciplina para criar hábitos que auxiliem no aquietamento e silenciamento da mente para, assim, conseguir OUVIR o coração (alma, essência, Eu maior, Brahman interno, Deus, como preferir) que está sempre dizendo o que é o bem maior a cada momento. "Você não precisa comer esta torta". "Levanta logo da cama e usufrua de mais um dia."

Disciplina também para conseguir AGIR conforme o coração. A prática da disciplina amplia nossa força de vontade e nos ajuda a agir em outras novas situações. Normalmente é das mais fáceis que avançamos para as mais difíceis, como são o caso de padrões inconscientes que nos fazem refém de repetições negativas que só cessarão de chegar quando nos libertarmos deles.

Krishna, no Bhagavad Gita, cita quais seriam os esforços internos que devemos praticar para encontrar a paz e a verdadeira liberdade. Junto da "pureza de coração" e "mente piedosa", "culto do silêncio" e "serenidade", Krishna destaca o "incessante desejo de disciplina" e a "firmeza de vontade".

E, de fato, a disciplina, e, inclusive para sustentá-la, a força de vontade são fundamentais! Que tal fazer uma breve lista de 3 práticas ou hábitos que você quer transformar? Depois, é só se agarrar na vontade de viver mais feliz e ser disciplinad@.

Ontem tinha feito uma lista destas com os seguintes objetivos: dormir mais cedo, levantar antes das 6hs, tomar banho mais rápido e não olhar o celular antes de concluir minha prática de Yoga e meditação, ali pelas 8hs. E a vida safada me deu a oportunidade perfeita de vencer os meus padrões despotencializantes. Acordei sozinha às 5h40 e consegui vencer a tentação de voltar a dormir mais um pouquinho. Foi uma verdadeira luta para não levar o celular para o banheiro e mantê-lo no modo avião. E fiquei ligada durante o banho para não me perder em muitos devaneios e consequentemente no tempo (e desperdício).

Venci estas batalhas e, como não poderia deixar de ser, meu dia está se mantendo estável numa vibração mais positiva. Apesar dos desafios que surgiram, consegui me firmar na fé, na paz e na aceitação. Tenho certeza de que a liberdade conquistada com a disciplina faz parte do meu caminho rumo à felicidade que sempre peço e busco criar a cada momento. E se você, ao invés de focar seus pedidos em algo externo, também pedisse e especialmente agisse para conquistar vitórias internas, como o da disciplina?

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