cultura

Está claro que não está claro...


Foto: Leo Roat (Arquivo Pessoal)

Já escrevi e perguntei para vocês aqui neste espaço, em outra coluna de cultura, qual a arte que vocês compartilhavam na internet.

Também teci breves comentários sobre o modo como a rede, suas mídias e ferramentas são, provavelmente, a mais potente plataforma de distribuição/ contato com inúmeros artistas e obras pelo mundo. 

Especialmente se nos dermos conta (de uma pequena obviedade) que é humanamente impossível conhecermos todas as ruas (com instalações artísticas) ou visitar todos os museus do mundo. E isso que nem estou falando de espetáculos, filmes, shows, etc. 

Mas hoje, desejo fazer o caminho contrário. Provocar a reflexão que ocorre no encontro presencial com a obra. A obra que é contemplada ao vivo. Na sala de museu. Sem a internet por intermédio. 

Foto: Leo Roat (Arquivo Pessoal)

Eu uso muito a rede para compartilhamento de arte, debates e diálogos disto ou daquilo relacionado ao tema. 

Porém, hoje quero compartilhar uma experiência que tive numa viagem recente. E que ainda não tenho maneiras de descrevê-lo. 

Em uma viagem para Curitiba fui novamente ao MON (Museu Oscar Niemeyer) e me deparei com artistas e obras que desconhecia, pouco tinha ouvido falar, e que de certeza, não tinha tido contato com elas presencialmente (no máximo pela web). 

Parei. Olhei. Senti. Pensei. Criei. Co-criei com eles. Me emocionei. 

É perceptível que esse contacto provocou inúmeras percepções, bem como provocações. Pensamentos ganharam asas, e a imaginação então nem se fala. 

Foto: Leo Roat (Arquivo Pessoal)

Tudo me impactou muito. Mas aí pensei em como eu poderia falar, contar o que vivi, tentando propor um pouco da experiência que tive. não consegui. Não plenamente. E por isso esse texto que escrevo hoje. 

Pois nas tentativas por meio da linguagem oral ou até mesmo escrita (mensagens de whats) sempre terminaram da mesma maneira: você tem que ir lá e ter a experiência com a obra. 

Ir pessoalmente e se dar tempo para sentir, pensar, refletir o que está sendo proposto. 

Foto: Leo Roat (Arquivo Pessoal)

Os diálogos que foram feitos, todos eles me colocaram em xeque quando tentei descrever para as pessoas o que senti, e sei que seria assim mesmo. E sempre disse que tem que ir lá sentir, experienciar a arte. 

Mesmo com a impotência incompleta da minha tentativa (frustada?) de comunicação uma coisa aconteceu. 

Uma coisa transpareceu. Foi o brilho no olho, do impacto, da vivência, da sensação, do encontro que ocorreu. Da transformação que a arte causou em mim. 

Obviamente que não espero que as pessoas sejam impactadas pelas mesmas obras, ou se quer sejam impactadas de qualquer maneira, mas colocando nesse movimento isso é possível que ocorra. 

E mesmo que as perguntas que me fiz 

  • como traduzir em palavras o impacto de uma obra?
  • como traduzir as impressões de um exposição inteira para algumas linhas de um texto? 

Foto: Leo Roat (Arquivo Pessoal)

sigam sendo válidas, mesmo que sem respostas. Elas disparam o gatilho, a necessidade de que é preciso movimento para novos ares. E que o contato presencial com a arte é uma forte potência nesse sentido. 

E não precisamos ir até outra cidade, ou museu distante para fazermos isso, temos excelentes artista e trabalhos expostos aqui em Santa Maria. Temos sempre alguma nova exposição com certa regularidade. Basta o tempo e a disposição para se entregar a tal experiência. 

Para encerrar digo que foi a série da artista Juliana Stein sob o título de "Não está claro até que a noite caia" foi uma das coisas que mais me impactaram nos últimos tempos, e entre outras coisas, me fizeram ter essa reflexão. 

Foto: Leo Roat (Arquivo Pessoal)

Procure sobre esse trabalho, parece simples num primeiro momento, mas não se engane. E outra coisa, as peças são bem grandes, e estar frente a elas muda a sua percepção diante do trabalho (o tamanho da escala das coisas na web às vezes nos engana) 

A série é simples (poucas palavras, poucas fotos, poucas cores), mas leva a reflexão profunda mesmo com pouco elementos. Provoca ainda mais quando vemos todas as obras em conjunto numa única sala sem divisórias. 

Pra encerrar, só posso dizer é que se tiverem chance de ter contato com arte para além das redes tenham. Mas também sigam com arte na rede. 

Foto: Leo Roat (Arquivo Pessoal)

Resumindo: Sigam em contato com Arte. Sigam com Arte na vida. 

Espero que alguns trabalhos deixem vocês com vontade de falar e sem palavras para descrever. 

Até o próximo encontro.

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