A colunista trocou uma ideia com Jordana Henriques, cantora de Santa Maria que e se aventurou pelo litoral de Santa Catarina neste verão na companhia dos amigos da Banda Rotações. A banda botou o bloco na rua com a trip #PésNaAreia com a ideia de formar novos públicos e divulgar o novo trabalho Terra dos Loucos, com previsão de lançamento para maio de 2018. O que você vai ler a seguir é fruto deste bate papo.
Fotos: Divulgação
Destino Floripa. Carnaval. Carro literalmente cheio de vontade, euforia e música. Aventurar-se no litoral catarinense em alta temporada é uma experiência única, cheia de aprendizado, prós, contras, trabalho e muitas histórias para contar. Praia Mole, Ingleses, Lagoa da Conceição, Barra da Lagoa, piscinas naturais... tudo inspirador.
São lugares incríveis! Rica oportunidade para formação de novos públicos. Sair com a cara e a coragem, visitar bares, apresentar trabalho novo, conhecer pessoas e fazer contatos... Rica expectativa!
_ Músico na estrada não é bem assim _ conta Jordana.
Quando se fala da vida de músico em "turnê" pelo litoral no verão, muito provavelmente a primeira ideia que aparece na cabeça das pessoas é um momento cheio de aventura, música, festas e dinheiro. Acontece que para boa parte dos músicos, isso tudo está longe de ser verdade. Dá trabalho? Dá. E muito! Estrada, engarrafamento, calorão. Chega, acampa, permuta, se apresenta, divulga... Sem esquecer da diversão, é claro! Pois tudo é fortemente alimentado pela animação, amizade e parceria...
Um dia faz contato, no outro faz show! É desafiador se permitir sair da zona de conforto e lidar com todos os tipos de gente. Estar disposto a lidar com o julgamento das pessoas em relação a sua arte e até mesmo sua aparência é uma grande prova de coragem. Bares lotados, carnaval, pessoas bêbadas, desrespeito, gente de todo tipo. Ah, pois é! Nem tudo são flores. Mas também não são só espinhos.
_ O carinho do público, o reconhecimento, a valorização que dão pra música e pros cantores foram o que mais nos renderam satisfação _ diz a cantora.
Ellen Oléria, Sandra de Sá, Jackson Brasileira, Jair Rodrigues: repertório rico e cheio de energia. E ainda dá até pra arriscar as autorais.O resultado nos faz refletir se é válida ou não a experiência, se serve ou não esse tipo de gig.
_ Mesmo com todo suporte e parcerias, acredito que precise um pouco mais de empatia pelo próximo da parte deste novo público, até então desconhecido, no que diz que diz respeito a educação e tratamento com o próximo. Respeito pelo músico e pelo artista é muito válido! É bom pra mudar a postura frente algumas situações e ver que não se pode parar de militar nunca. Trazendo na música nas novas composições, temas políticos-sociais _ comenta Jordana.
Segundo manifesto da Banda Rotações, que venceu a trip em terras catarinas, o saldo foi totalmente positivo:
"Mesmo feito com muito amor à camisa, suor e dificuldades, encontramos muitas pessoas que valorizam a arte, que dão suporte a artistas autorais e que enxergam a real necessidade da música, afinal, o que seria do mundo sem a música? Mais cansados que na ida, voltamos com a convicção de que não há desconforto que diminua a real importância da experiência compartilhada. Vai muito além da música. Vai além das dissonâncias, vai além das conversas, das reuniões e até dos debates acalorados que fazem parte de qualquer junção coletiva. Só quem tem banda sabe a complexidade da relação humana de conviver com pessoas que, geralmente, tu convives mais que tua família. Como dar certo se não houver cumplicidade? Cada um tem seu universo e suas manias, mas o respeito é anterior a música. E tem que ser a tônica de toda relação. Com isso estabelecido, fica a lição de outra banda santa-mariense: se movimente, não seja mais um que se rende! O mundo precisa, cada vez mais, de música."