Um vídeo de uma agressão ocorrida dentro da sala de aula de uma escola estadual de Rosário do Sul postado pelo pai de um adolescente, de 12 anos, levou a 19º Coordenadoria Regional de Educação (19ªCRE) a abrir uma sindicância para apurar a conduta do professor que estava à frente da turma.
Nas imagens, divulgadas pelo pai do aluno agredido, o professor aparece escrevendo no quadro enquanto o adolescente de 12 anos é agredido por um colega. No vídeo, de 38 segundos, o professor não interfere nas agressões. Gravado por uma pessoa que estava na sala de aula, o vídeo mostra um aluno agarrando o outro e dizendo para ele "pedir desculpas". Em seguida, o menino é jogado no chão e agredido com tapas e empurrões. Ele chega a ser empurrado contra o quadro em que o professor escrevia. Neste momento, o professor faz um sinal com o braço e continua escrevendo. Quando os dois alunos voltam para as classes, um deles profere um palavrão e o servidor ri.
O Diário preserva as identidades das pessoas que aparecem no vídeo já que eles podem levar à identificação do adolescente vítima de agressão, o que fere o Estatuto da Criança e do Adolescente (ECA).
O VÍDEO
Conforme o pai do aluno, ele recebeu as imagens na última terça-feira, quando estava no trabalho. Revoltado, compartilhou a cena nas redes sociais no mesmo dia. O caso teria ocorrido na segunda-feira. Até a manhã desta quinta, a postagem tinha 311 reações e 462 compartilhamentos.
- Eu estava no trabalho quando uma conhecida me mandou o vídeo e disse que tinha recebido através de um grupo no Whatsapp. Depois de assistir, eu procurei imediatamente a escola. Isso é um absurdo, eu postei no meu Facebook por um questão de indignação, para que os outros pais também tomem conhecimento do que acontece dentro da sala para que não aconteça coisas mais graves - conta o pai.
Segundo ele, o filho estuda na escola há três anos e já havia relatado outros casos de agressões dentro da sala de aula. O pai acionou o Conselho Tutelar e registrou uma ocorrência policial na delegacia de Rosário do Sul. O pai informou também que pediu a transferência do filho para outra escola.
O QUE DIZ A ESCOLA
O Diário entrou em contato com a escola, que afirmou que "já foram tomadas todas as medidas e mais detalhes do caso não serão fornecidos". Conforme a 19º Coordenadoria Regional de Educação, uma sindicância foi aberta e vai apurar os fatos. Pais, direção da escola e o professor serão ouvidos. Enquanto isso, o professor deve seguir dando aula na escola.
A sindicância é uma investigação que ocorre no âmbito administrativo, conforme a 19º CRE. Se comprovada irregularidade na atitude do professor, ele pode ferir as normas internas que prevê que os educadores têm obrigação de zelar pelos alunos. O caso também pode se configurar como omissão ou permitir que crianças sejam colocadas em constrangimento conforme o Estatuto da Criança e do Adolescente (ECA).
Dependendo do resultado da sindicância, pode ser aberto um Processo Administrativo Disciplinar (PAD), que pode resultar até na exoneração do servidor público.
A reportagem enviou uma mensagem ao professor para ouvi-lo sobre o caso, mas ainda não obteve retorno.
O QUE DIZ A POLÍCIA CIVIL
A delegacia confirma que uma ocorrência policial foi registrada pelo pai do adolescente. O delegado titular, Fábio Miguez, disse à reportagem na tarde de ontem que ainda não tinha conhecimento do caso e que iria se inteirar dos fatos antes de conversar com o Diário. Na manhã desta quinta-feira, Miguez não atendeu as ligações do jornal.
