Retomar a esperança de famílias por meio do transplante de medula óssea foi o que o médico Dalnei Veiga Pereira fez por mais de 40 anos de atuação no Hospital Universitário de Santa Maria (Husm). Ele, que, em 1990, foi o primeiro a realizar um procedimento desse tipo no Rio Grande do Sul, também atuou na criação Centro de Transplante de Medula Óssea (CTMO) do Husm, em 1997.
O trabalho e o legado do hemato-oncologista foram celebrados neste sábado (29) no I Encontro de Transplantados de Medula Óssea, em Santa Maria. O evento, além de comemorar o aniversário de 53 anos do Husm, também marcou a entrega do título de reconhecimento de mérito do Husm à Dalnei.

Na oportunidade, estiveram presentes a gerência do Husm, pessoas que passaram pelo transplante de medula óssea e familiares. A comemoração do aniversário do Husm e a homenagem à Dalnei ocorreram com um almoço, no Centro de Tradições Gaúchas (CTG) Sentinela da Querência.
Homenagem
O título de reconhecimento de mérito é entregue para profissionais e serviços de excelência que fizeram ou fazem parte do Husm. Até o momento, apenas um certificado havia sido entregue pela superintendência do Husm, em 2018. Sempre que há algum nome indicado, este deve ter a trajetória submetida ao colegiado executivo. Neste ano, a indicação de Dalnei foi feita pelo médico Gustavo Brandão Fischer, 49 anos, que atualmente coordena o CTMO.
- A ideia veio do fato não só dele ter sido o primeiro médico a transplantar em Santa Maria, mas também porque ele passou mais de uma década fazendo transplantes e elevou Santa Maria a um estágio de cidade com hospital transplantador do interior do Estado. O mérito é total porque o transplante é um procedimento complexo, muito difícil de ser feito, então cabe ao Dalnei os parabéns por ter começado algo tão importante e ter ajudado não só o hospital, mas toda a cidade com isso - comenta Gustavo.

Na foto: O superintendente do Husm, Humberto Palma (à esquerda), e o médico Gustavo Brandão Fischer (à direita) fizeram a entrega do título de reconhecimento de mérito à Dalnei Veiga Pereira (ao meio)
O médico ainda afirma que sente orgulho em poder continuar com o trabalho construído por Dalnei no Husm, entre 1977 e 2019. Entre esse período, foram feitos 337 transplantes de medula óssea no local. Dalnei, que trabalhou como técnico no Husm de 1972 até assumir como médico, ficou feliz com a homenagem:
- É bastante gratificante porque é um reconhecimento de 47 anos de trabalho na Universidade Federal de Santa Maria (UFSM) e 44 anos como professor. A minha tarefa mais árdua, dentre tantas outras que eu e meu irmão (Waldir) realizamos dentro do Husm, foi o transplante de medula óssea. É muito interessante a grande quantidade de pessoas que acompanhou o esforço que tivemos não só de fazer o transplante mas de organizar a aquisição de todas as instalações, tudo foi muito difícil, mas tivemos diversas pessoas que nos ajudaram a chegar até esses doadores - conta Dalnei.

Reencontro
Em agosto deste ano, completam 25 anos do transplante de medula óssea da secretária Fernanda Lima Moreira. Em 1998, com apenas 19 anos, ela descobriu a leucemia e realizou o procedimento no Husm, com o hemato-oncologista Dalnei Veiga Pereira.
Ela foi internada em janeiro daquele ano e passou por três sessões de quimioterapia antes da cirurgia, em agosto. Fernanda foi uma das pacientes que não precisou esperar em filas, pois devido a compatibilidade, a irmã, Flávia, com 16 anos na época, pode fazer a doação da medula óssea. Hoje, Fernanda, aos 44 anos, se emociona ao falar sobre a sensação de conseguir reencontrar o médico durante o Encontro dos Transplantados:
- Pra mim, está sendo uma emoção muito grande poder, quase 25 anos depois, rever o Dr. Dalnei e todo pessoal que esteve comigo no transplante. Tenho poucas lembranças de tudo que aconteceu, foi tudo muito rápido porque fui internada em janeiro e em agosto já estava transplantando. Tenho duas irmãs, nós temos a medula idêntica, então, o Dr. Dalnei pode escolher quem seria a doadora, que foi a Flávia. Eu me emociono bastante e estou bem feliz de estar aqui - relata Fernanda.

Você também pode doar
Até o final de março, 143 pessoas aguardavam na lista de espera por um transplante de medula óssea no Rio Grande do Sul. No total, atualmente, são 369 mil voluntários gaúchos cadastrados no Registro Nacional de Doadores Voluntários de Medula Óssea (Redome).
Se você tem interesse em ajudar, pode fazer um cadastro como doador voluntário em qualquer hemocentro do Estado.
Cadastre-se no Hemocentro Regional de Santa Maria
- Horário de atendimento para cadastro de doador de medula óssea – De segunda a sexta das 8h às 14h e sempre no terceiro sábado do mês das 8h às 12h
- Endereço – Alameda Santiago do Chile, 35, Nossa Senhora das Dores
- Fone – (55) 3221.5262 ou 3221.5192
- E-mail – [email protected]
A idade limite para se registrar é 35 anos, mas o voluntário pode realizar a doação de medula óssea até os 60 anos. Além disso, ter boa saúde e não ter doenças infecciosas, neoplásicas, hematológicas ou do sistema imunológico são critérios a serem considerados para dar continuidade ao processo.
Como funciona
- O voluntário comparece a um hemocentro da região para se cadastrar como doador de medula óssea
- Além de documento com foto, é necessário fornecer dados de identificação e localização. O doador também deverá assinar um termo de consentimento, no qual se compromete com a causa e com as etapas a serem seguidas
- Após o cadastro e assinatura do termo, é coletada uma amostra de sangue (10 mL) do doador voluntário
- A equipe do hemocentro fará o cadastro inicial dos dados no Redome e encaminhará a amostra para um hospital habilitado para a realização do exame de compatibilidade, conhecido também como Tipagem do sistema Antígenos Leucocitários Humano (HLA)
- É fundamental que o doador cadastrado mantenha os dados atualizados no sistema
- Caso haja paciente compatível, o Redome entrará em contato com o doador, que será convocado para fazer novos exames
- Somente após todas as etapas concluídas, o voluntário será considerado apto e poderá realizar a doação