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Começa a produção da vacina Coronavac no Instituto Butantan

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data-filename="retriever" style="width: 100%;">Foto: Dvulgação (Suamy Beydoun/Agif/Folhapress)

O Instituto Butantan iniciou a produção da vacina Coronavac, produzida pela fabricante chinesa Sinovac, em sua fábrica na zona oeste de São Paulo nesta quinta-feira (10). O anúncio foi feito pelo próprio governador do estado, João Doria (PSDB), em entrevista coletiva na sede do instituto, em um momento em que outros países iniciam a campanha de vacinação e o governo federal patina para anunciar um plano

Doria falou em nome do Instituto e pelo governo de São Paulo. Com a presença de insumos suficientes para a produção de 1 milhão de doses do imunizante, além da chegada, até o dia 15 de janeiro, do restante das 46 milhões de doses, o governo tem vantagem no planejamento e obtenção dos insumos em relação ao governo federal.

O governo paulista havia anunciado na segunda-feira (7) que a vacinação em SP iniciará no dia 25 de janeiro de 2021, embora isso ainda dependa da aprovação do imunizante pela Anvisa, a reguladora do setor.

O plano de vacinação apresentado pelo Ministério da Saúde no dia 1º de dezembro previa o início apenas em março. O governo federal realizou a compra de 100 milhões de doses da vacina da Universidade de Oxford (Reino Unido) em parceria com a AstraZeneca, a primeira do mundo a publicar em uma revista científica de prestígio os resultados de eficácia, de 70%.

Doria e Jair Bolsonaro (sem partido), prováveis adversários nas eleições presidenciais de 2022, travam uma disputa retórica na corrida pela produção e distribuição das vacinas. O tucano saiu na frente.

Em outubro, o presidente chegou a desautorizar o ministro da Saúde, Eduardo Pazuello, ao dizer que não compraria a vacina da Sinovac para integração ao plano de vacinação nacional. Pazuello acabara de anunciar a intenção de comprar a vacina paulista, mais adiantada do que aquela produzida pela AstraZeneca/Universidade de Oxford, a aposta principal do governo federal.

Nesta quinta-feira, o governador reforçou o desejo de a vacina produzida pelo Butantan ser a "a vacina do Brasil" e disponibilizá-la prontamente a toda a população. Segundo o peessedebista, 11 estados e 912 municípios entraram em contato com o governo para adquirir doses da Coronavac.

EFICÁCIA

As conclusões sobre os testes de eficácia da Coronavac, no entanto, ainda não foram divulgadas, e o pedido por registro na Anvisa ainda não foi feita. A conclusão do ensaio de fase 3 e apresentação dos dados são pré-requisitos para a aprovação da agência. Na segunda-feira, a Anvisa afirmou que não deverá liberar registros de vacinas em prazo inferior a 60 dias.

- Por que aqui em São Paulo que já temos a vacina, a vacina do Butantan, temos que aguardar mais tempo? Por que iniciar em março se podemos iniciar em janeiro a vacinação mais eficiente? - disse Doria.

O governador disse ainda que é preciso eliminar todo discurso político e de viés ideológico da disputa pela vacina e que deseja ofertar uma "vacina segura, eficaz, com credibilidade e que permita a imunização de milhões de brasileiros".

1 MILHÃO DE DOSES POR DIA

Em meio a elogios ao instituto centenário e com um histórico de grandes nomes que passaram pelo Butantan, o diretor do instituto, Dimas Covas, apresentou informações sobre a produção da Coronavac, cuja capacidade será de até 1 milhão de doses por dia. Em um primeiro momento, no entanto, a vacina deve ser apenas envasada e rotulada no instituto.

A fábrica para produção da Coronavac foi construída no espaço destinado ao antigo projeto de Hemoderivados do instituto, nunca completado e motivo de disputa entre o ex-diretor, Jorge Kalil, e o atual dirigente, Dimas Covas. O governo de SP solicitou ao Palácio do Planalto R$1,9 bilhão para a adequação da fábrica e compra das doses de vacinas.

O pedido de dinheiro foi o estopim para que Bolsonaro se colocasse contra a produção do imunizante, que ele afirmou ser de origem "duvidosa" por ser fabricado na China.

Os ensaios clínicos da Coronavac são atualmente conduzidos em três países no mundo: Brasil, Indonésia e Turquia. O Instituto Butantan afirmou que já foi atingido o número mínimo de casos para uma análise preliminar do imunizante, e deve divulgar os resultados em breve. A Indonésia disse que possui dados primários do seu ensaio, mas afirmou ainda não ser possível calcular uma eficácia para a vacina.

Além da produção, o Instituto Butantan coordena os ensaios clínicos da vacina no país. Os dados desse ensaio devem ser apresentados à Anvisa nos próximos dez dias. Equipes da agência visitaram a fábrica da Sinovac, em Pequim, para avaliar as condições da fábrica.

A construção e adequação da fábrica para produção da vacina em São Paulo contou ainda com a contratação de mais 120 técnicos, segundo o governador. O Butantan já fornece cerca de 20 vacinas e soros diferentes para o Ministério da Saúde todos os anos, com produção de 120 milhões de doses anual.

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