O Brasil recebeu a certificação de país livre da filariose linfática como problema de saúde pública. Conhecida popularmente elefantíase, a doença parasitária crônica é considerada uma das maiores causas mundiais de incapacidades permanentes ou de longo prazo. A concessão foi entregue à ministra da Saúde, Nísia Trindade, pelo diretor da Organização Pan-Americana (Opas), Jarbas Barbosa, na segunda-feira (30/9).
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A certificação brasileira é resultado de um trabalho de décadas. No Brasil, o perfil epidemiológico dessa doença foi estabelecido ainda na década de 50, quando foram realizados inquéritos hemoscópicos em todo o país. Com base nos resultados desses inquéritos, foram identificados os focos, e eleitas áreas prioritárias para intervenção.
– Essa questão nos emociona pelo sofrimento que a doença causou a tantas pessoas no mundo e em nosso país em particular. Então, quero fazer uma homenagem a gerações de sanitaristas que se dedicaram a isso – afirmou Nísia, referindo-se ao trabalho de instituições, como a Fundação Oswaldo Cruz (Fiocruz), além de autoridades e pesquisadores brasileiros.
A doença faz parte das metas do programa Brasil Saudável, lançado neste ano e que busca eliminar ou reduzir, como problemas de saúde pública, 14 doenças e infecções que acometem, de forma mais intensa, as populações em situação de maior vulnerabilidade social.
O que é a doença?
A filariose linfática é causada pelo verme nematoide Wuchereria Bancrofti (foto acima) e transmitida pela picada do mosquito Culex quiquefasciatus (pernilongo ou muriçoca) infectado com larvas do parasita. A área endêmica da doença está restrita a quatro municípios situados na Região Metropolitana do Recife/Pernambuco: Recife, Olinda, Jaboatão dos Guararapes e Paulista. Os sintomas estão relacionados ao processo de desenvolvimento das larvas causadoras da doença e também do local onde se alojaram os vermes adultos, podendo variar desde ausência de sintomas, até quadros graves e incapacitantes, muitas vezes permanentes.
Como os quadros clínicos e os sintomas são semelhantes ao de outras doenças, é preciso um olhar atento por parte dos profissionais. Pois, a doença pode resultar em:
- acúmulo anormal de líquido (edema) nos membros, seios e bolsa escrotal
- aumento do testículo (hidrocele);
- crescimento ou inchaço exagerado dos membros, seios e bolsa escrotal
Os principais testes laboratoriais que comprovam a presença do verme parasita causador da doença são o exame direto em lâmina; hemoscopia positiva; e ultrassonografia, que pode demonstrar a presença de filarias nos canais linfáticos. Já o tratamento é realizado com a Dietilcarbamazina (DEC), na forma de comprimidos, de 50mg.
Programa Brasil Saudável
Entre 2017 e 2021, as doenças determinadas socialmente foram responsáveis pela morte de mais de 59 mil pessoas no Brasil. A meta é que a maioria das doenças sejam eliminadas como problema de saúde pública ou tenham a transmissão reduzida. Algumas delas são:
- Malária
- Doença de Chagas
- Tracoma
- Filariose linfática
- Esquistossomose
- Oncocercose
- Geo-helmintíase
- Sífilis
- Hepatite B
- HIV/Aids
- HTLV
- Tuberculose
- Hanseníase
- Hepatites virais
*com informações do Ministério da Saúde