vacinação contra a Covid-19

Com mais doses para segunda aplicação, expansão de grupos caiu em abril

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Foto: Renan Mattos (Diário)

O presidente afirmou, na última segunda-feira, que todos acima de 16 anos já podem se vacinar contra a Covid-19. O chefe do Executivo em questão, porém, é Joe Biden e ele se refere aos americanos, que já têm 26% da população vacinadas. No Brasil, a realidade é outra. Mesmo com o aumento gradual de aplicações, o mês de abril teve, até então, foco maior na aplicação de segunda doses em vez de ampliação de grupos aptos a receber a vacina.

Ministério da Saúde orienta vacinação em pessoas com comorbidades por idade

O vacinômetro do Rio Grande do Sul aponta que as segundas doses contra a Covid-19 começaram a ser aplicadas em 10 de fevereiro no Estado. Como o quantitativo não garante aplicação massiva, e sim por grupos, tornou-se prioridade aplicar a segunda dose em quem já tinha tomado a primeira, antes de poder ampliar a vacinação a mais pessoas. Em uma semana, de 10 a 17 de abril, Santa Maria teve um aumento de 3% no número de vacinados com primeira dose. Já o percentual de aumento para a segunda foi de 26%, segundo dados da prefeitura.

SANTA-MARIENSES VACINADOS

  • 10 de abril
    Primeira dose: 52.671
    Segunda dose: 12.819
  • 17 de abril
    Primeiro dose: 54.273
    Segunda dose  16.234

A expectativa era mais positiva para o mês. O Ministério da Saúde, porém, precisou alterar a quantia de doses distribuídas em abril. Inicialmente, eram previstas 47,3 mil. Depois, a previsão virou 25,5 mil. Segundo o ministro Marcelo Queiroga, problemas na regulamentação da fabricante indiana da Covaxin e atrasos n produção de Butatan e Fiocruz fizeram o planejamento mudar. Outras reduções de previsão já tinham acontecido em março. Já em 2020, o governo federal deixou de comprar 70 milhões de vacinas da Pfizer, das quais 500 mil seriam entregues ainda em dezembro.

'TODO DIA'
As aplicações de vacinas são centralizadas em ações específicas. O que o médico epidemiologista Marcos Lobato defende é que elas fossem constantes todos os dias em unidades de saúde. Ele argumenta que há estrutura para isso, o problema é o quantitativo de doses, o que gera um ritmo de vacinação considerado abaixo do necessário.

- Santa Maria e o Rio Grande do Sul estão melhores, mas não é o que a gente precisa. O Sistema Único de Saúde (SUS) consegue fazer muito mais, tem estrutura mesmo depois de anos de subfinanciamento. O grande problema é que falta vacina. O governo federal não providenciou o número no tempo adequado. Nós poderíamos ter começado a vacinar no final de dezembro. A gente perdeu meses - lamenta.

Abril já é o segundo mês com mais internações e mortes por Covid-19

O epidemiologista considera que a diferença, na prática, da vacinação contra a gripe e contra a Covid seria no registro. A notificação da imunização da Influenza é mais simples, mas a operação poderia ser a mesma.

- Podia fazer todo o dia. Pensa como funciona a vacina para a gripe. Praticamente todas as unidades fazem. A gente podia fazer a mesma coisa se tivesse vacina suficiente para o coronavírus. É a mesma capacidade - argumenta.

ATRASO NO REGISTRO
Conforme o consórcio de veículos de imprensa a partir de dados das secretarias estaduais de Saúde, o Rio Grande do Sul é o Estado que mais tem pessoas vacinadas em relação a população, com 17%. O dado poderia ser ainda maior, mas há defasagem na atualização dos municípios. É o caso de Santa Maria.

No painel de monitoramento da Secretaria Estadual da Saúde (SES), a cidade tem 4,9% da população com a primeira dose. O vacinômetro da prefeitura indica que o percentual é de 19% para o mesmo dado.

- O ritmo é muito acelerado. Algumas pessoas olharam no sistema do Estado, um índice bem menor. Tivemos um problema de cadastro lá, mas o nosso vacinômetro é extremamente transparente. E assim que a gente vai continuar - defendeu o prefeito Jorge Pozzbom (PSDB) enquanto acompanhava a vacinação da útlima terça-feira, destinada a idosos a partir de 62 anos.

OTIMISMO
A vacinação pode se tornar mais célere com o aumento da produção nacional. A Fiocruz espera produzir localmente o Ingrediente Farmacêutico Ativo (IFA), o que facilita a fabricação de vacinas no Brasil. Conforme o infectologista Alexandre Vargas Schwarzbold, produzir o IFA é uma das condições para se ter vacinas em grande escala.

- Com isso, no decorrer de setembro, a gente tenha todos os grupos prioritários vacinados, mas vai depender de novo dessa capacidade de produção nacional - estima.

O médico, que coordena estudos clínicos de vacina contra a Covid em Santa Maria, também espera que, com aumento da produção, novos grupos sejam incorporados na imunização.

Pozzobom considera satisfatório o ritmo de aplicações atualmente na cidade:

- Eu estou muito feliz hoje. O Rio Grande do Sul é número 1 em vacinação, algumas pessoas falavam que estávamos botando vacina fora, nem sabiam o que estavam falando. Em Santa Maria, avançamos muito. Eu agradeço muito ao papel dos voluntários em ter nos ajudado.

PROJEÇÃO
A pedido do Diário, o doutor em Engenharia de Produção e professor da UFSM Luis Felipe Dias Lopes fez uma projeção matemática com base no atual ritmo de vacinação de Santa Maria. Na velocidade atual, até dezembro, toda população apta a se vacinar estaria com as duas doses.

O cálculo leva em conta a estimativa do Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística (IBGE) para a população de Santa Maria em 2020, que é de 283.677. Porém, são excluídos os santa-marienses com menos de 18 anos, que ainda não podem se vacinar.

Para fins de comparação, em fevereiro, com o ritmo de vacinação menor, o mesmo cálculo apontava a imunização completa em 2023. Já no final de março, a estimativa era mais otimista: final de setembro. A projeção pode variar de acordo com a chegada de mais ou menos doses durante os próximos meses.

O Butantan entregou ao Ministéiro da Saúde 41, 4 milhões de doses. Até 2 de abril, a entrega da Fiocruz foi de 8,1 milhões. O esperado pela fundação, até o começo de maio, é 26,5 milhões.

*Colaborou Leonardo Catto 

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