Casos suspeitos de leptospirose são monitorados em Santa Maria; especialistas analisam cenário

Foto: João Vilnei/PMSM

Após as fortes chuvas das últimas semanas, a situação ainda é de alerta em Santa Maria. Assim como muitas cidades gaúchas, o município começou a notificar possíveis casos de leptospirose ao Centro Estadual de Vigilância em Saúde (Cevs). Em entrevista ao Diário, a secretária municipal da saúde, Ana Paula Seerig, falou sobre o cenário: 

Ainda não tivemos confirmação dos casos notificados. Mas é oportuno dizer que todo e qualquer caso suspeito de determinada patologia e que é de notificação necessária, precisa ser notificado. Não notificamos só o que temos certeza. Até o momento, emitimos em torno de 39 notificações referentes a leptospirose no mês de maio e muito provavelmente iremos ter algum caso confirmado.

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Conforme o médico epidemiologista e professor da Universidade Federal de Santa Maria (UFSM), Marcos Lobato, o surgimento de possíveis casos já era esperado devido o atual cenário gaúcho. Ele alerta que, mesmo que Santa Maria apresente um número menor de notificações em comparação com outras regiões do Estado, situações pós-enchentes envolvendo o contato com água ou itens infectados podem aumentar os números. 

As pessoas podem ficar expostas à água contaminada tanto no momento da enchente quanto depois, quando elas forem fazer a limpeza das casas. Isso porque a água restante ou o barro ainda podem manter vivo o microorganismo que causa a leptospirose – explica o médico, ressaltando a importância do uso de luvas e roupas impermeáveis durante o processo.  

Óbitos

Apenas em maio, o Rio Grande do Sul registrou sete óbitos em decorrência da leptospirose. As vítimas eram dos municípios de Cachoeirinha (1), Canoas (1), Porto Alegre (2), Travesseiro (1), Venâncio Aires (1) e Viamão (1). Outras 10 mortes seguem em investigação. Um dos fatores que podem ter contribuído para esse cenário é a falta de acesso aos serviços de saúde. Conforme Lobato, é preciso lembrar que muitos postos de saúde e hospitais foram destruídos pelas chuvas nas últimas semanas. Sobre esse pontos, a situação de Santa Maria também é analisada pelo médico epidemiologista:

Não tivemos óbitos aqui em Santa Maria, talvez, porque além de ser menos pessoas do que em outras regiões mais afetadas, não tivemos um grande impacto nos serviços de saúde. Isso é algo que pode afetar o diagnóstico. É importante destacar que temos tratamento para a leptospirose e que essa não é uma doença nova. 

Conforme Ana Paula, o tratamento já é ofertado em Santa Maria e sem aguardar o resultado do diagnóstico laboratorial. A medida é uma orientação da Secretaria Estadual da Saúde (SES) para que os casos não evoluam para óbitos. 

Sabemos que, às vezes, a população fica insegura. Mas é uma orientação do Estado, que neste período de calamidade e dependendo da sintomatologia do usuário, já sejam tomadas as providências necessárias.Agora, temos um aumento significativo de notificações de leptospirose, mas não temos ainda casos confirmados. Tão logo tenhamos, compartilharemos com a população – afirma a secretária municipal da Saúde. 

O que é leptospirose?

É uma doença infecciosa febril aguda. O contágio pode ocorrer a partir da pele com lesões ou mesmo em pele íntegra se imersa por longos períodos em água contaminada com urina de animais, principalmente de ratos. O período de início dos sintomas pode variar de um a 30 dias. 

Conforme o Ministério da Saúde, “a leptospirose apresenta elevada incidência em determinadas áreas, além do risco de letalidade que pode chegar a 40% nos casos mais graves. Sua ocorrência está relacionada às condições precárias de infraestrutura sanitária e alta infestação de roedores infectados”. A pasta reitera que “inundações propiciam a disseminação e a persistência da bactéria no ambiente, facilitando a ocorrência de surtos”.

Portanto, ao apresentar sintomas, procure um atendimento médico. Os principais sinais são:

  • Febre
  • Dor de cabeça
  • Fraqueza
  • Dores no corpo (em especial, na panturrilha)
  • Calafrios

Durante a consulta, é recomendado informar o profissional também sobre o contato com água das enchentes. 

Testagem

As amostras de pessoas com casos suspeitos e que tiveram exposição às enchentes são analisadas pelo Laboratório Central do Rio Grande do Sul (Lacen), que é vinculado ao Centro Estadual de Vigilância em Saúde (Cevs). Atualmente, o Estado trabalha com dois tipos de diagnóstico: o de biologia molecular (RT-PCR) e o diagnóstico sorológico. 

Cuidados

O Cevs lançou um guia de riscos e cuidados com a saúde em enchentes. O material também conta com orientações para prevenir a leptospirose. Veja: 

  • Cubra os cortes ou arranhões com bandagens à prova d’água 
  • Não ande descalço
  • Use luvas e sapatos impermeáveis. Se não for possível, use saco plástico duplo; 
  • Evite o contato direto da pele com a lama, principalmente se estiver machucados
  • Evite nadar, tomar banho ou ingerir água que possa estar contaminada com água de enchente
  • Após o contato com a lama ou água das enchentes, lave bem as mãos e outras partes do corpo expostas com água limpa e sabão para evitar infecções e doenças
  • Caso apresente sintomas, procure atendimento médico. É importante informar se teve contato ou não com água ou lama durante as enchentes

Veja a situação da leptospirose no RS:*

  • Casos notificados – 2.327
  • Casos confirmados – 141
  • Casos em investigação – 1920 
  • Óbitos confirmados – 7  
  • Óbitos em investigação – 10  

Outras doenças (casos confirmados)

  • Tétano acidental – 1
  • Acidente antirrábico (AAR) – 182
  • Acidente com animais peçonhentos (AAP) – 28

*Dados de 1º a 29 de maio –  A SES reforça que os dados de casos notificados, confirmados e descartados de leptospirose reportados no dia 28 permaneceram inalterados em relação aos reportados no dia 29, devido ao Lacen estar enfrentando desafios significativos na padronização das informações provenientes de múltiplas fontes de dados.

Fonte: Cevs/SES, Sistema GAL e Vigilância Municipal de Porto Alegre

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