Entrevista

VÍDEO: Pozzobom fala sobre as ações prioritárias para os próximos dois anos de governo

Jaqueline Silveira

Foto: Janio Seeger (Diário)
Pozzobom avaliou quais foram as maiores dificuldades e melhores realizações da prefeitura na primeira metade do mandato

O prefeito Jorge (PSDB) chegou, ao final de 2018, à metade do seu governo. Em entrevista ao Diário, ele faz um balanço desse período e projeta as prioridades para os dois próximos anos. Também aborda a polêmica da Rua Sete de Setembro, no Bairro Perpétuo Socorro, criticando o ex-prefeito Valdeci Oliveira (PT), que assinou o convênio que previa o fechamento da via como contrapartida à obra do túnel e que, em manifestação por nota, afirmou que não se arrepende pela construção da estrutura. Pozzobom também falou sobre os projetos que enviará à Câmara em 2019, como o da planta de valores, e sobre a relação com o Legislativo, agora que o governo retornou a presidência da Casa.

No vídeo abaixo, ele fala sobre as 3 maiores conquistas até agora e as ações prioritárias para os próximos dois anos:


Confira a entrevista completa:

Diário de Santa Maria - O senhor chegou à metade do mandato, o que será prioridade nos próximos dois anos? 
Jorge Pozzobom - Primeiro, ao final de dois anos, a maior prioridade era o equilíbrio financeiro. Pesquisei na Região Sul e Santa Maria é uma das raras cidades que está pagando o salário e o 13º em dia. Falo de cidades do porte de Santa Maria, não das pequenas cidades. Foram dois anos de um trabalho silencioso, com muita dificuldade. Enfrentamos três inimigos: a falta de dinheiro, o vandalismo e a burocracia. Isso fez com que coisas que já deveríamos ter entregado, acontecessem somente agora. Um exemplo clássico desse inimigo que é a burocracia é o Floriano Rocha (unidade de saúde da Cohab Santa Marta inaugurada em dezembro de 2018). Eu, com o dinheiro depositado na conta, fiquei um ano explicando que eu poderia usar aquele dinheiro pela nova lei. Outro símbolo marcante da burocracia são os R$ 31 milhões (do Programa de Aceleração do Crescimento) que liberamos há um ano, mas até agora, por conta da burocracia, só conseguimos executar R$ 100 mil, que é o da ponte do Cerro Azul. Mas estamos enfrentando. São também prioridade as duas unidades de saúde da Urlândia e do Km 3, que já estão licitadas e vão ser executadas este ano, além da Avenida Dom Ivo Lorscheiter, que está com o projeto pronto, e vamos começar também este ano. Só o projeto da Dom Ivo, a Caixa Econômica fez corrigir cinco vezes. As pessoas perguntavam muito: 'cadê o Jorge'? Se eu não tivesse permanentemente em Brasília, as coisas não aconteciam (devido à burocracia).

Diário - E a continuidade da recuperação das ruas também será prioridade? O que a população questiona é que o senhor, desde o início, sabia dos buracos e que não havia dinheiro em caixa. Não demorou muito para buscar os recursos?
Pozzobom
- No primeiro ano, não tínhamos nada de dinheiro e nem capacidade de endividamento. Começamos no negativo. No segundo ano, descobri que tínhamos 1.315 alunos fora da sala de aula e tínhamos R$ 14 milhões para tratar das ruas. Eu tinha o dever, como gestor, de contratar de uma só vez 247 professores, que daria um impacto na folha no final deste ano de mais R$14 milhões. Com o impacto dos professores e com os R$ 50 milhões (financiamento do Programa Avançar Cidades) que já estava amarrado, eu não tina capacidade financeira para fazer um empréstimo. Em setembro, eu procurei a superintendente-executiva da Caixa Econômica Federal em Brasília, Louise Magalhães Dias, e disse que a Caixa, inexplicavelmente, está com uma burocracia sobre o projeto do Avançar Cidades e eu preciso de dinheiro para enfrentar a buraqueira. Conseguimos os R$ 28 milhões, mas demorou um tempão na Câmara de Vereadores para votar um tempo, tinha o óbice dos 11 vereadores do bloco da oposição, que fizeram de tudo para não aprovar o projeto. Quando eles souberam que o vereador Ovídio e o que o Alemão do Gás votariam a favor, os outros vieram junto. Depois, a Caixa depositou a primeira parcela em 17 de dezembro (2018) e dia 20 de dezembro, as empresas deram férias coletivas para os servidores deles. Em resumo, tivemos primeiro a dificuldade financeira, depois a demora na aprovação do projeto e, por fim, a burocracia. Agora, esse trabalho que nós vamos fazer não é um tapa-buraco, é uma fresagem baseada em um estudo técnico levantado pela prefeitura.

Diário - E como estão os trâmites sobre do financiamento de R$ 50 milhões? Ele já está garantido?
Pozzobom -
Não, nós temos um projeto que foi aprovado para fazer um estudo das 64 ruas, nós estamos habilitados no governo federal. A partir desse estudo que nós vamos fazer, não significa que, se for liberado todo o dinheiro, eu vou ocupar os R$ 50m milhões. Eu já tenho os R$ 28 milhões e nesse estudo, por exemplo, tem algumas avenidas que nós íamos estudar que eu já fiz.

Diário - Talvez o dinheiro possa começar a ser liberado no segundo semestre?
Pozzobom -
Tem de concluir os projetos. Eu fiz um cronograma de trabalho: primeiro faz todos os projetos e depois a gente vai ver como vai fazer. E tem toda a parte de licitação. Eu sabia que não tinha dinheiro, eu sabia de todas as dificuldades do município, não vou chorar as pitangas, agora eu não sabia do tamanho da burocracia que a gente enfrenta para entregar (serviços e obras) às pessoas.

Moradores de Santa Maria expressam insatisfação com os serviços prestados pelo poder público

Diário - Quanto de recurso da Corsan já entrou nos cofres da prefeitura e onde foram investidos?
Pozzobom -
Foram R$ 24 milhões até agora. R$ 12 milhões foram para o trabalho de tapa-buracos, que nós não tínhamos como atender toda a cidade. E R$ 12 milhões são exclusivamente para saneamento. Bairro Tomazetti, a Rua Maranhão e o buraco da Borges de Medeiros são exemplos de locais que iremos utilizar esse recurso, resolver os alagamentos.

Diário - E como está o projeto para o cercamento eletrônico?
Pozzobom
- Está pronto para ser licitado e vai ser executado este ano. Só não foi feito antes porque não tinha dinheiro.

Diário - O projeto da planta de valores (atualização dos imóveis da cidade) está pronto para ir para a Câmara?
Pozzobom
- O projeto está pronto e vai para a Câmara, estamos terminando uns ajustes. Agora, depois de 20 anos que não fizeram, eu não vou sobrecarregar a população com a atualização da planta de valores de uma só vez. Eu vou discutir tecnicamente quando que vai começar a cobrança. Não há a menor hipótese de onerarmos o contribuinte, principalmente quando eu tenho de entregar mais coisas. Eu vou parcelar não sei em quantas vezes. A minha ideia é que, a princípio, se o projeto for aprovado ainda em 2019, começar a cobrança em 2021.

Diário - O fechamento da Rua Sete de Setembro virou uma briga política desnecessária...
Pozzobom
- Não houve briga política nenhuma

Diário - Houve e de ambos os lados
Pozzobom
- Só se foi dentro da Câmara, comigo não tem briga política nenhuma.

Diário - O senhor mesmo usou as suas redes sociais para classificar de "irresponsabilidade" o gestor que assinou o convênio, alimentando ainda mais a disputa.
Pozzobom
- É irresponsabilidade um prefeito fazer o que o Valdeci fez. Ele montou o projeto que dizia: 'constrói o túnel e fecha a Rua Sete'. Depois de todo o tempo, isso estoura aqui, a gente buscando alternativa com o Dnit. O Dnit falava uma coisa aqui, falava outra coisa lá...

Diário - Mas o senhor chegou anunciar que, com o pagamento de R$ 638 mil ao Dnit, o problema estaria resolvido?
Pozzobom
- O que aconteceu com o boleto de R$ 638 mil? Veio um servidor do Dnit lá de Brasília e eu disse: 'quanto custa esse muro? Se a contrapartida era pagar o muro, eu devolvo o dinheiro.' Ele manda o boleto, eu achei que estava tido resolvido. Anexo a guia ao processo e o jurídico do Dnit não aceita. Eu não vou dizer que fui induzido ao erro, mas acho que foi uma tremenda irresponsabilidade, tanto que parte do dinheiro será devolvido.

Diário - Quando o senhor tomou conhecimento, em novembro, que tinham esgotadas as alternativas e que a rua seria fechada, a comunidade, a maior interessada, não deveria ter sido comunicada?
Pozzobom
- Eu ia esperar passar o Natal e o Ano Novo, eu não podia dar uma notícia tão triste. Nem meu pai (morador do bairro), eu tinha avisado. Só que um dos servidores, que estavam colocando placas de sinalização, falou para o pessoal do posto de gasolina que teria a intervenção, aí foi para uma rádio e deu tudo aquilo. Aí, chamei uma coletiva.

Novo secretário de Saúde assume o cargo e novo nome para Finanças deve ser anunciado

Diário - O senhor tem conversado com o governador Eduardo Leite, do seu partido? Fez alguma reivindicação específica, como a duplicação do RSC-287 e abertura integral do Hospital Regional?
Pozzobom
- Sobre a RSC-287, o projeto está pronto. Como a modelagem da 287 está pronta, eu pedi para que ele desse prioridade nessa concessão. Falei da 287 e do Hospital Regional. Pedi que o hospital fosse olhado com uma lupa. Além de falar com ele, falei com a Arita (Bergmann, secretária estadual da Saúde). Ela era a secretária adjunta do Osmar Terra e, portanto, ela conhece toda a história do Hospital Regional. Também fui na posse do João Gabbardo, que é o número dois do Ministério da Saúde, falar com ele sobre o Regional. Nós precisamos de dinheiro para cobrar do Instituto de Cardiologia a execução do projeto.

Diário - Ainda sobre o Estado, como estão os trâmites para o município fazer o convênio com o IPE Saúde? Os dados estão sendo analisados?  
Pozzobom
- Também é outra é burocracia. Nós mandamos todos os dados que eles pediram, agora eles querem que a prefeitura diga quem quer aderir, eu tenho 4,5 mil servidores, como é que vou perguntar para cada um se quer aderir? O percentual de desconto não passaram, de maneira concreta. Então, nós não vamos bater o martelo enquanto não tivermos a segurança desse percentual para mostrarmos aos servidores. Agora, começa uma nova caminhada com o novo governo.

Diário - O momento mais difícil de 2018 foi o surto da toxoplasmose? O surto realmente acabou, já que não foi descoberta a causa até hoje?
Pozzobom
- Eu acho que foi. Mas a dificuldade também serviu para mostrar a coragem do governo de enfrentar o problema. Foi um problema gravíssimo, afinal de contas, de novo Santa Maria é pauta no mundo inteiro. O maior surto de toxoplasmose do mundo ocorre em Santa Maria. Nós fomos atrás do governo do Estado e do governo federal, mas nos deixaram na mão. Nós enfrentamos tudo sozinhos: foi quase R$ 1milhão. Entramos com uma ação judicial para cobrar o Estado e, além disso, entramos com uma ação por dano moral coletivo contra o governo federal. O surto acabou, o que não acabou foi a doença. Agora, nós seguimos trabalhando na prevenção e no atendimento às pessoas que foram contaminadas. Além disso, não podemos parar a investigação. Por isso, eu autorizei a contratação de três enfermeiros e dois técnicos para atuar nessa questão, trabalhando exclusivamente sobre a toxo.

Diário - O senhor já definiu o novo secretário da Saúde, que será o vereador Francisco Harrisson (MDB), mas ainda as secretarias de Finanças e de Infraestrutura são comandadas por interinos, no caso o chefe da Casa Civil, Guilherme Cortez, e o vice-prefeito Sergio Cechin, respectivamente. Como está a escolha dos novos titulares?
Pozzobom
- O nome do novo secretário de Finanças já está definido, mas ainda não posso, porque ele pediu um prazo. Inclusive, ele já está trabalhando com o Guilherme sobre toda a questão orçamentária. Para a Secretaria de Infraestrutura, o nome nós estamos ajustando com o Cechin, provavelmente até o dia 1º de fevereiro estão todas as modificações feitas. Eu vou sair uns dias e não posso deixar o Cechin de vice, prefeito e secretário, ele ficaria sobrecarregado.

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Diário - Outras mudanças devem ocorrer?
Pozzobom
- Nós estamos estudando. Fizemos uma avaliação dos dois primeiros anos de governo comemorando o que deu certo e corrigindo os erros.

Diário - O senhor reclamou da oposição sobre a análise do financiamento para recuperação das ruas, mas o bloco aprovou praticamente todos os projetos do Executivo. Só não deu acordo para votar o projeto dos puxadinhos devido à derrota na eleição da Mesa.
Pozzobom -
É uma vergonha isso que aconteceu. Eu fui, durante quatro anos, vereador de oposição ao ex-prefeito Valdeci Oliveira. Uma oposição dura, forte, mas nunca votei contra um projeto de interesse da cidade. Os financiamentos que ele fez do Banco Mundial, eu votei a favor de todos. Esse projeto, além de dificultar a expectativa de uma arrecadação de quase R$ 20 milhões ao ano, está impedindo que aquele mercadinho lá na Santa Marta que quer se legalizar tenha o alvará. Foi uma tristeza que fiquei, não por mim, mas pela cidade. Claro que agradeço por todos os projetos aprovados. Eu vou protocolar (projeto dos puxadinhos) o pedido para tramitar em regime de urgência após o recesso.

Diário - A retomada da Mesa Diretora pela bancada do governo irá facilitar a articulação entre Executivo e Câmara, já que o vereador Leopoldo Ochulaki (PSB), Alemão do Gás, votou junto e, então, devem ser 11 votos da situação e 10 da oposição?
Pozzobom
- A Mesa é mais uma questão política. A Mesa era do bloco de oposição (em 2018) e não atrapalhou o governo. Com a vinda do Alemão do Gás, é óbvio que ele volta a ocupar os espaços que ele tinha quando fazia parte da base do governo. Não houve troca de nada.

Diário - Quando o senhor disse que o vereador voltou a ocupar os espaços que tinha, isso quer dizer que, inclusive, os cargos na prefeitura que foram exonerados quando ele votou com a oposição?
Pozzobom -
Sim, era um espaço que foi um acerto no início do governo. E não é só ele, todos os outros tinham: Bolinha (Adelar Vargas), Alexandre (Vargas). Como eles tomaram a decisão de fazer parte do bloco de oposição, óbvio que a oposição não tem que ficar no governo. Na verdade, a reunião que eu tive com o Alemão, ele me trouxe uma lista de demandas, a maior demanda era o Bairro São José. Eu posso dizer que 98% do que ele pediu para votar com a gente é para resolver os problemas da comunidade, o que para mim é um prazer. Não significa, em hipótese alguma, que os outros vereadores que fizeram pedido para o governo não vão ser atendidos. O Bolinha está 24 horas por dia, na tribuna falando mal de nós, e lá no Cechin (Secretaria de Infraestrutura) pedindo uma ponte daqui, uma ponte dali, mas faz parte. Agora, diferente dos outros, eu não discrimino ninguém.

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