Foto: Jânio Seeger (Diário)
Pela diferença de um voto, a médica Cida Brizola, conhecida como Drª Cida, venceu a eleição da Mesa e preside o Legislativo neste ano
Médica ginecologista e obstetra, Cida Brizola, Drª Cida, como é conhecida, comandará a Câmara de Vereadores de Santa Maria este ano. Do Progressistas, a sexóloga venceu a eleição da Mesa, no dia 27 de dezembro, por uma diferença de um voto, marcando a retomada do controle da Casa pela bancada governista, após ter perdido em 2017. No início da tarde de sexta-feira, logo depois de encerrar um plantão, a médica recebeu o Diário no Gabinete da Presidência, oportunidade em que falou dos planos para administrar o Legislativo, sobre a polêmica obra da nova sede e o acirramento dos ânimos por conta da eleição. Confira os principais trechos:
Diário de Santa Maria - Quais são suas prioridades à frente da Câmara?
Cida Brizola - Eu já trago alguma coisa como vereadora: eu presidi a Comissão de Resíduos Sólidos durante um ano e meio. A nossa intenção é realmente fiscalizar, dar sugestões que serão entregues para o Executivo, trabalhar de forma harmônica. Sabemos que tem muito trabalho pela frente na questão de projetos para a cidade de Santa Maria, até porque o prefeito fez uma busca financeira e, este ano, ele começa a aplicação desse recurso. Então, queremos dar esse apoio harmônico, organizar a Casa e que consigamos entregar, no final do ano, uma Câmara de Vereadores mais evoluída, buscando atualização e investimento no sentido de evolução tecnológica. Nós estamos com algumas dificuldades e acho que é o momento de a gente já melhorar.
Diário - Que tipo de dificuldades?
Cida - Nós tivemos a questão da TV, que foi implantada (canal aberto), mas tem algumas coisas para resolver. A questão da informatização, que precisamos revisar. Ainda, até o final de janeiro, vou tomar conhecimento de tudo. Já passei por alguns setores e recebi sugestões e pedidos. Até o final do mês, vamos definir, junto com a Mesa Diretora, algumas metas.
Diário - No pronunciamento após a vitória, a senhora pregou harmonia, porém o novo rompimento do acordo para a Presidência acirrou mais os ânimos entre os blocos da situação e oposição, inclusive com troca de acusações de traição entre ambos. É possível buscar harmonia nesse ambiente?
Cida - Quando se vai para um pleito de uma Mesa Diretora, é exatamente isso que acontece: os ânimos se acirram de tal forma que a consequência pode ser aquilo que aconteceu durante a sessão. Naquele momento, nós estávamos em dois blocos. Depois que a Mesa Diretora é eleita e empossada, ela é de todo o Legislativo. Não tem como trabalhar com dois blocos, nós trabalhamos com todos os blocos para poder compor o trabalho do Legislativo. A Mesa é composta pelas duas chapas, então, não tem como a gente trabalhar diferente. A harmonia é importante para que possamos levar a dinâmica do Legislativo de forma tranquila, serena e compatível com todos os vereadores. Todos têm aspirações, e a Mesa Diretora é que vai acatar as aspirações de cada um e encaminhá-las.
Diário - O governo Jorge Pozzobom (PSDB), do qual a senhora faz parte, tem dificuldades na articulação com o Legislativo, inclusive perdeu a maioria ampla já no primeiro ano, 2017, e em 2018, os problemas continuaram. Como a senhora poderá ajudar a melhorar a relação na condição de presidente?
Cida - Além de fazer parte do governo, o vice-prefeito é progressista, o Sergio Cechin. Eu tenho que tentar que a harmonia seja a primeira meta dessa legislatura por conta de que nós não podemos levar em consideração as animosidades que possam ocorrer entre um ou outro, e isso respingar em Santa Maria. A cidade não pode ser vítima de ideologias políticas e de individualidades. Por isso, no momento em que é eleita a Mesa, ela vai administrar a Câmara. Temos R$ 25 milhões de orçamento este ano e funcionários. Isso precisa estar harmonizado com a prefeitura para não bloquear projetos bons para Santa Maria. Todos os projetos foram trabalhados no sentido de pensar em Santa Maria e espero que todos os vereadores concordem que a gente siga nessa linha.
Diário - A oposição aprovou praticamente todos os projetos do governo. Só não deu acordo para a votação do projeto dos puxadinhos em virtude da derrota na eleição da Mesa?
Cida - Com certeza foi, mas foi um ato momentâneo. Temos que ver o que isso vai trazer de efeitos para Santa Maria.
Diário - Como o vereador Leopoldo Ochulaki (PSB), Alemão do Gás, juntou-se ao bloco governista, supõe que serão mais fáceis as votações neste ano, já que serão 11 votos contra 10, da oposição?
Cida - Não, porque o Alemão do Gás é independente. Tive uma conversa bem tranquila e ele vem com uma posição independente. Precisamos respeitar o voto de cada um, porque o voto é aquilo que o vereador tem de alinhamento ideológico, político ou social. Todos os projetos para Santa Maria, nós, com certeza, inclusive o bloco de oposição, votaremos. Penso que não terei dificuldade.
Diário - A senhora disse que, neste ano, a Câmara tem R$ 25 milhões de orçamento. Em 2018, o Legislativo devolveu cerca de R$ 4 milhões à prefeitura, o que ajudou a pagar serviços na área da saúde. A senhora pretende adotar medidas para reduzir gastos e devolver valores para ajudar a prefeitura?
Cida - A economia não pode inviabilizar o funcionamento da Câmara. Ela deverá ser uma consequência de uma ação que viabilize um funcionamento adequado dentro daquilo que precisamos no município. Se sobrar, esse dinheiro será devolvido para o Executivo, talvez de uma forma mais direcionada. Mas foi muito bom que tenha tido essa sobra e que ela tenha sido destinada para a área que precisava, que era a saúde.
Diário - A nova sede da Câmara está emperrada e, em 2018, não avançou. Sem falar que é alvo de apontamentos do TCE, inclusive responsabilizando ex-presidentes. O que a senhora pretende fazer em relação à obra?
Cida - Eu participei da Mesa, em 2017, e, lá, houve uma evolução e discussão a respeito do prédio. Agora, eu não tenho conhecimento do que foi feito no ano passado, mas daqui para frente, até o final de janeiro, eu quero tomar conhecimento e realmente dar encaminhamento para aquilo que é possível nesse assunto. Ali é dinheiro público, é sério e, por isso, alguns ex-presidentes foram responsabilizados por atos ou não atos, porque a omissão também é um ato. A gente precisa mostrar alguma coisa, viabilizar o que der.
Diário - A senhora é médica do município, plantonista na Casa de Saúde e atende na unidade do Bairro Tancredo Neves, e as agendas de presidente exigem tempo. Como a senhora pretender fazer para conciliar os horários?
Cida - Eu já articulei minha agenda para que eu possa estar aqui às terças, quartas, quintas e sextas o dia todo, disponível para Câmara. Nós, médicos, trabalhamos em plantão, e, aí, claro que eu vou usar finais de semana para que não haja choque, incompatibilidades de horários.
*Colaborou Eduardo Tesch