diplomacia

Venezuelana que faz doutorado na UFSM fala sobre a crise em seu país

Ian Tâmbara

Foto: Edmar Barros (Divulgação)

Segundo um levantamento realizado pela Agência da Organização das Nações Unidas para Refugiados (Acnur) e a Organização Internacional para as Migrações (OIM), o Rio Grande do Sul é o Estado brasileiro que mais acolheu imigrantes venezuelanos pelo processo de interiorização realizado pelo governo federal. Ao todo 850 refugiados que vieram para o Estado.

A estudante e socióloga Daisy D'Amario, 45 anos, entretanto, está em Santa Maria por um motivo bem diferente de que seus conterrâneos, que tiveram de deixar o país às pressas devido à crise que atinge a Venezuela. Ela recebeu uma bolsa de pesquisa na UFSM há três anos e hoje faz doutorado. Apesar de os conflitos mais intensos na Venezuela terem começado quando ela já estava na cidade, Daisy ainda tem o marido e a mãe no país.

- São relatos horríveis. Hoje, um salário mínimo lá equivale a 5 dólares. Um dia, minha mãe foi comprar um quilo de banana e gastou metade do que ganha de aposentadoria - afirma Daisy, que diz não ter ficado surpresa com a situação atual do país.

O professor de Ciência Política da Faculdade de Direito de Santa Maria (Fadisma), Neandro Thesing, afirma que as dificuldades dos venezuelanos não são por acaso:

- Há muitos (e grandes) interesses externos e internos em jogo na crise venezuelana e poucos têm relação com a democracia ou o bem-estar do povo.

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Além das adversidades financeiras, Daisy diz se preocupar com a falta de liberdade.

- Hoje, eu tenho um olhar das duas perspectivas. Temos cada vez menos liberdades políticas. Nos últimos anos, não há outro país que tenha se fechado tanto. Vivemos uma cultura política cada vez mais autoritária lá - avalia a intercambista, que preferiu não ser fotografada.

Esse autoritarismo não é de hoje, segundo o cientista político.

- A política atual se relaciona com elementos muito antigos não apenas da Venezuela, mas dos países da América Latina, como o autoritarismo, a violência e o elitismo. A democracia é muito recente em nosso continente e não conseguiu se libertar desses elementos da política tradicional - explica o professor.

Atualmente, a fronteira com o Brasil está fechada, dificultando a entrada de venezuelanos.

INTERIORIZAÇÃO
Confira os três Estados que receberam mais venezuelanos, de acordo com o Acnur:

  • 1º Rio Grande do Sul _ 850
  • 2º São Paulo _ 768
  • 3º Paraná _ 524

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