investigação

Primo acusa deputado Paulo Pimenta, que nega estelionato

Deputado negou qualquer envolvimento no caso e disse que não conhece os produtores que teriam sido lesados (Foto: Lucas Amorelli)

O deputado Paulo Pimenta (PT) foi acusado pelo próprio primo de ter, supostamente, exercido um esquema de fraude em São Borja, na Região da Fronteira do Rio Grande do Sul. O médico veterinário Antônio Mário Fouchard Pimenta, conhecido como Maíco, afirmou, em entrevista à RBS TV, que o deputado estaria envolvido em um esquema que lesou produtores de arroz de São Borja em cerca de R$ 12 milhões. Segundo a reportagem, Maíco chefiava uma arrozeira que comprava arroz dos produtores rurais. Porém, os agropecuaristas não estavam recebendo o pagamento. Quando um dos produtores foi questionar Maíco, recebeu a informação dele de que o dono da empresa seria Paulo Pimenta.

O caso é investigado pelo Supremo Tribunal Federal (STF) desde 2012, por estelionato. De acordo com um parecer da Procuradoria Geral da República (PGR), existiriam indícios de que o deputado seria o dono da arrozeira ou que teria, ao menos, algum tipo de vínculo que o tornaria responsável por possíveis fraudes.

Maíco foi entrevistado pela RBS e afirmou que chefiava a arrozeira por convencimento do primo, Pimenta, que teria oferecido um bom negócio a ele. Segundo Antônio, o deputado seria o "operador" do esquema do qual fariam parte, também, um lobista de Brasília e o ex-diretor do Dnit, Hideraldo Caron.

O Diário tentou contato com Antônio Mário Fouchard Pimenta e Caron, mas não conseguiu localizá-los. O STF informou que o processo só pode ser consultado pessoalmente, em Brasília, pois não está digitalizado.

O deputado concedeu entrevista ao Diário e negou ter qualquer tipo de envolvimento no caso:

Diário de Santa Maria - O que você tem a dizer sobre essa acusação? 

Paulo Pimenta - Esse episódio surgiu em 2009, na época eu tomei a iniciativa e denunciei na Polícia Federal que pessoas estavam meu nome de maneira indevida. Estavam utilizando o meu nome para realizar negócios. Portanto, a denúncia é minha. Isso gerou um inquérito, que tem quase 10 anos. Foram quebrados sigilos bancários, telefônicos, e durante esse tempo nunca foi encontrado nada que me vincule a esse processo. É uma matéria [a reportagem da RBS] "requentada" de 2009. Sem qualquer base real, que do nosso ponto de vista trata-se de uma disputa política que nós temos com o Grupo RBS.

Diário - Chama a atenção que seu primo dá muitos detalhes do caso, inclusive cita reuniões com o senhor e o Hideraldo Caron para, supostamente, prestar contas dos resultados da arrozeira e cita ainda que teria feito pagamentos de R$ 30 mil e R$ 40 mil, fracionados, a um posto de combustíveis do senhor em Porto Alegre. Isso é verdade?

Pimenta - Eu não tenho contato com o Antônio há muitos anos. Eu não tenho nenhuma informação acerca dos negócios que ele realizou. Não sei com quem ele fez negócios. Não sei com quem ele comprou, nem para quem ele vendeu. A família dele atua no ramo agropecuário há mais de 50 anos. O posto de gasolina tem uma contabilidade auditada. Os extratos bancários estão à disposição das autoridades. Eu tenho esse estabelecimento, com toda a documentação pública. Vou provar que nunca houve qualquer centavo, de qualquer esquema semelhante a esse que tenha passado perto do posto. Eu vou processar a RBS por ter vinculado uma matéria expondo uma empresa que não tem qualquer vínculo com isso. Isso é uma irresponsabilidade. Não existe nada. Ficará provado que isso é uma irresponsabilidade e quem fez isso certamente deverá ser responsabilizado por ter feito isso.

Diário - Há quanto tempo o senhor não tem contato direto com o Antônio?

Pimenta - Nem por telefone, há sete ou oito anos.

Diário - Por qual motivo vocês se distanciaram?

Pimenta - Desde que houve esse episódio, em que o meu nome foi exposto, nós nos afastamos, sem qualquer tipo de contato.

Diário - O Antônio afirmou que houve, inclusive, uma reunião entre o senhor, ele e o ex-diretor do Dnit, Hideraldo Caron. O senhor confirma isso?

Pimenta - Para tratar de assuntos relativos a esse caso, jamais.

Diário - A matéria mostrou produtores afirmando que teriam sido lesados. O senhor teve algum contato com eles?

Pimenta - Eu desconheço completamente esses fatos. Eu nunca comprei arroz de ninguém, nunca vendi arroz pra ninguém. Eu não conheço esses produtores e eles nunca tiveram contato comigo.

Diário - Qual é a sua relação com o Hideraldo Caron?

Pimenta - O Hideraldo não tem nada a ver com esse assunto. Ele jamais teve qualquer contato com essas pessoas. A utilização do nome dele é uma tentativa de criar uma narrativa política com um fato que ele não tem qualquer envolvimento. Desconheço qualquer oportunidade na vida dele, que ele tenha qualquer contato com esse assunto.

Diário - Um dos apontados como réu na ação é o advogado Luiz Piauhylino Filho, de Brasília. O senhor o conhece?

Pimenta - É só uma pessoa conhecida. Ele é um investidor, com o qual eu não tenho nenhum tipo de relação e que também não tem nenhuma participação nesse processo.

Diário - Por que o senhor acredita que o seu primo teria interesse em envolver o seu nome nesse processo?

Pimenta - Eu acho que você tentar envolver o nome de pessoas públicas, com prestígio, sempre é uma forma de reduzir a responsabilidade de quem efetivamente está envolvido. Eu sei que uma das principais organizadoras dessa reportagem é a pessoa que organizou os atos contra a caravana do ex-presidente Lula em São Borja. São nossos adversários políticos e foram responsáveis por aqueles atos de enorme violência que nós sofremos lá. E eu credito as motivações de tudo isso a esse grupo político de extrema-direita, que tem forte relação com o novo governo. Eles são inimigos históricos do PT e do nosso trabalho. Credito a eles a responsabilidade dessa denúncia que eu caracterizo como uma fake news.

Diário - Mas e a fala dos produtores? Qual o interesse deles em se envolver no processo?

Pimenta - Os produtores nunca tiveram contato comigo. Eu tenho a impressão de que, talvez, seja uma maneira de tentar buscar receber os recursos que perderam em negócios com o Antônio. Agora, nenhum desses produtores esteve comigo, tratando qualquer tipo de negócio. Jamais. Qualquer um que disser o contrário, vai responder criminalmente por isso.

Diário - Por que o senhor pediu que o processo seguisse no STF, se o caso não tem a ver com a sua atuação como deputado?

Pimenta - Porque a investigação foi concluída. Mostrou que eu não tenho participação e evidentemente que eu quero que ele seja rapidamente julgado para que eu seja inocentado.

Diário - O que o senhor pode dizer para os seus eleitores nesse momento?

Pimenta - Que fiquem tranquilos. Nós estamos enfrentando um período de tentativas de assassinatos de reputações. Assassinatos físicos e morais contra todos aqueles que se opõem a esse sistema que está aí. Nós sabemos que, pelo papel que eu ocupo, nós somos alvo desses grupos de extrema-direita. E que nós vamos dar as respostas necessárias e vamos continuar mantendo a mesma conduta e firmeza de atuação, denunciando todos eles, desmascarando os sistemas criminosos que estão envolvidos e que isso não alterna nenhum milímetro da minha disposição de continuar fazendo a mesma coisa que eu sempre fiz.

Diário - Sobre os boatos de que o senhor é dono de empresas e de fazendas, o que tem a dizer sobre isso?

Pimenta - Eu já ouvi falar que sou dono da São João, da PRT, da Sulclean. Eu enfrentei, durante toda a minha trajetória, essa onde de boatos criminosos. Em todas as oportunidades, eu processei pessoas. E até hoje todas elas foram condenadas, porque jamais ninguém vai conseguir provar nada contra mim, pois não existe nada a ser provado.

Diário - Então, o senhor pretende processar o seu primo?

Pimenta - Nós vamos processar todas as pessoas que, de maneira indevida, utilizaram o meu nome nesse processo, de qualquer forma. Isso aí os meus advogados vão analisar o momento adequado. E com certeza, se aquilo que foi veiculado for provado que aconteceu, ele (primo) terá que provar o que ele disse.

Diário - De acordo com a reportagem, o arquivamento do processo foi negado e agora sai do STF para seguir na Justiça Federal de Uruguaiana. Que medidas o senhor vai tomar?

Pimenta - Eu não sei. A RBS sabe mais sobre o processo do que qualquer pessoa. Essa informação não procede. Não há uma decisão definitiva do STF ainda. Eu apenas pedi o arquivamento por falta de materialidade no processo.

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