Na despedida do Legislativo, Helen Cabral apresenta pré-relatório da CPI da Covid

No Legislativo local há cerca de três meses e meio, a primeira suplente do Partido dos Trabalhadores (PT), Helen Cabral, despede-se da Câmara de Vereadores nesta quarta-feira. Isso porque o titular do mandato, o também petista Valdir Oliveira, retorna nesta quinta-feira à Casa. Nos 107 dias como parlamentar, a professora da rede estadual apresentou pelo menos cinco projetos de lei em diferentes áreas. Uma das vozes mais críticas ao governo Jorge Pozzobom (PSDB) no Parlamento, ela teve uma passagem relativamente curta na Câmara, mas, devido ao alcance do seu trabalho e a sua habilidosa articulação, marcou presença na 18ª Legislatura.

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No Legislativo, a experiente parlamentar - Helen foi vereadora titular de 2009 a 2012 - foi uma opositora combativa, e também polêmica. Lutou pela vacinação dos professores, trabalhou na viabilidade de um auxílio municipal emergencial e tratou de pautas ligadas à economia e à população mais carente, especialmente voltadas à pandemia. Mas foi nos bastidores da Câmara que mostrou sua capacidade de articulação, conseguindo emplacar a Comissão Parlamentar de Inquérito (CPI) da Covid-19, criada para apurar ações e possíveis omissões do governo municipal no enfrentamento do coronavírus.

A CPI recebeu a assinatura de 10 parlamentares, de seis partidos. Nas últimas semanas, ao menos nove integrantes e ex-integrantes da prefeitura já participaram das oitivas. Apesar de não conseguir concluir a totalidade do processo, Helen vai apresentar, nesta quarta, um pré-relatório do trabalho desenvolvido até aqui. Segundo ela, o documento será encaminhado aos órgãos de fiscalização, como o Ministério Público.

O capital político de um secretário de governo

Um novo relator deve ser indicado pelas bancadas partidárias para assumir o lugar da petista - e não necessariamente será do PT (Valdir já sinalizou que não deve substituí-la na comissão).

APROXIMAÇÃO

Para viabilizar suas pautas, Helen se aproximou de vereadores ligados a siglas mais conservadoras e declaradas adversárias do PT em nível estadual e nacional, como o PP, da veredora Roberta Leitão, presidente da CPI da Covid-19. Nos corredores da Casa, a afinidade causou estranheza, mas a finalidade das propostas, afirma Helen, fica acima das diferenças ideológicas.

DISTANCIAMENTO

Filiada ao PT desde 1989, a vereadora diz ser a essência do PT no Legislativo. Para alguns, a aproximação com a direita causou constrangimento a correligionários, bem como os rumos tomados pela CPI.

"O GOVERNO NÃO FOI TRANSPARENTE COM A POPULAÇÃO NEM COM A CPI" 

Diário - Como avalia sua passagem pela Câmara?

• Helen Cabral - Sempre mantive minha linha política, com o propósito de fiscalizar e respeitar o povo. Neste período pandêmico, temos uma responsabilidade maior. Temos que ter lado na política, e acredito que o trabalho foi atuante e efetivo. Fizemos uma oposição crítica, mas apresentamos soluções e caminhos.

Diário - Quais os resultados, até aqui, da CPI?

• Helen Cabral - Vamos apresentar um pré-relatório. Gostaria de concluir o trabalho, pois tem muita coisa que precisa ser apurada. Acredito que o governo não foi transparente com a população e nem com a CPI. Se tivessem contribuído, teríamos avançado muito mais. Nesta quarta, vamos apresentar comprovações robustas.

Diário - Como se deu a aproximação com vereadores ligados à direita?

• Helen Cabral - Temos ideologias divergentes, mas os interesses da população estão acima disso. No enfrentamento à pandemia feita pelo governo municipal, tivemos concordância e pontos em comum de que há erros. A presidenta Roberta Leitão tem sido muito ética, seguindo na mesma linha. Fiquei impressionada com sua postura, firmeza e comprometimento.

Diário - Como está a relação com o partido?

• Helen Cabral - Represento a essência do partido. Sou filiada desde 1989, fui vereadora, candidata a prefeita e a vice-prefeita, e agora suplente. Não tenho nenhum problema com o partido, pois defendi os princípios básicos do PT, como a coragem, a determinação e a força.

Diário - O que fará a partir de agora?

• Helen Cabral - Seguirei minhas funções e atuações como professora e no movimento sindical. Mesmo sem mandato na Câmara, vou continuar atuando, pois podemos fazer muito mesmo fora do Legislativo.