'Superficiais ou mirabolantes'

Eduardo Pazinato analisa as propostas dos candidatos

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Para avaliar semanalmente a propaganda eleitoral, que começou no dia 19 de agosto, o Diário convidou um seleto grupo de seis pessoas da comunidade santa-mariense, com diferentes opiniões e formações, mas sem filiação partidária. Confira, abaixo, as avaliações do nosso quinto avaliador, o professor universitário, diretor de Inovação do Instituto Fidedigna e coordenador do Núcleo de Segurança Cidadã da Faculdade de Direito de Santa Maria (Fadisma), Eduardo Pazinato, 32 anos. O professor universitário está sempre atento, principalmente, a temas relacionados à segurança pública. Ele destaca que incomodam os ataques pessoais entre os candidatos e as propostas mirabolantes. Porém, para ele, também causa perplexidade a superficialidade das promessas.

AS OBSERVAÇÕES DE PAZINATO

Dois fatos que impactaram
Preliminarmente, é importante considerar que as eleições de 2014 estão sendo fortemente impactadas por dois grandes eventos: o primeiro, previsível, a Copa do Mundo realizada no país no primeiro semestre, e o segundo, de caráter imprevisível, a morte trágica do presidenciável Eduardo Campos. Esses dois grandes eventos afetaram, e muito, a dinâmica eleitoral, seja pelo reduzido período de campanha, seja pelo ingresso da candidata Marina Silva no pleito no lugar de Eduardo Campos. Em maior ou menor escala e grau, tanto em termos nacionais quanto regionais, esses episódios acarretaram uma mudança qualitativa nas eleições do período.

Última semana
Nesta última semana, verificou-se o aumento do tom e da natureza das críticas, em regra, menos programáticas e mais pessoais, mormente da candidata Dilma em face de Marina, e, acessoriamente, de Aécio em relação a esta última. Além disso, a revelação de mais uma denúncia de escândalo de corrupção da principal empresa pública brasileira (Petrobras), a partir da delação premiada do seu ex-diretor, Paulo Roberto Costa, também trouxe potencialmente novos contornos ao debate, sem maiores consequências nas preferências da população até aqui, diga-se de passagem.

Propostas inviáveis
As propostas mais inviáveis, geralmente, estão localizadas nos candidatos a presidente e a governador de menor expressão, alguns dos quais em flagrante descompasso com o momento atual ou com as mais comezinhas regras de gestão pública. Em termos federais, chamou-me atenção as propostas despropositadas de privatização indiscriminada de todas as empresas públicas (encampada pelo candidato a presidente do PSC Pastor Everaldo), imputando uma suposta e absoluta eficiência do privado em detrimento do público, falaciosa, a meu ver; de extinção da Polícia Militar (a exemplo do defendido pelo candidato a presidente do PSTU, Zé Maria, e do PCB, Mauro Iasi) e, ainda, as propostas meramente verborrágicas calcadas em discursos de "terra arrasada" (especialmente dos candidatos Levy Fidelix, do PRTB, e Eymael, do PSDC) "contra tudo e contra todos". No plano estadual, os candidatos Estivalete (PRTB) e Humberto Carvalho (PCB), visivelmente, ocupam esse espaço, nesse caso, felizmente limitado, para defender ideias estapafúrdias, sem qualquer amparo na realidade, viabilidade ou eficiência, a exemplo do fim da área da segurança no Estado do Rio Grande do Sul e do abrupto não pagamento da dívida do Estado com a União.

Temas mais recorrentes
No Rio Grande do Sul, em virtude da dramática situação financeira do Estado, acrescente-se a esse rol a dívida do Estado com a União e temas mais concretos como o pagamento do Piso ao Magistério (a relação entre a promessa de campanha e as possibilidades concretas de cumprimento). A meu ver, todavia, os assuntos são abordados com indisfarçável superficialidade, sem o devido detalhamento (não se aponta como será feito tecnicamente, muito menos de onde sairão os recursos para o provimento das políticas e serviços públicos), o que, de um lado, acaba por gerar a sensação de que as propostas"

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