Sem polícia não dá

A falta de PMs na ruas é um problema que o futuro governador precisa resolver

Marilice Daronco

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Uma questão simples de matemática poderia solucionar o problema. Se a população cresce, o número de policiais militares (PMs) deveria acompanhar esse aumento. Porém, a estatística revela que a quantidade de PMs tem se mantido praticamente a mesma há 30 anos (veja gráficos na p. 14).

O déficit oficial admitido pelo Comando Regional de Policiamento Ostensivo (CRPO), que atua em 29 cidades do centro do Estado, é de 28%. No Rio Grande do Sul, a defasagem nos quadros da Brigada Militar é de 14,4 mil policiais, representando um déficit de 39,51%.

Equacionar o problema da falta de efetivo será um dos principais desafios a ser enfrentado pelo futuro governador. O assunto faz parte da série de reportagens do Diário sobre diferentes áreas que envolvem o Estado e precisam de respostas.

O Estado tem uma portaria que regulamenta a quantidade ideal de PMs para as cidades entre 100 mil e 500 mil moradores. O cálculo é de um PM para 450 moradores. Número difícil de ser aplicado na prática.

Na região, há cinco anos, uma média de 80 policiais militares têm se aposentado todo o ano sem reposição. O CRPO conta com apenas 1.216 PMs para toda a sua área de atuação.

_ Se o policial não é visto na rua, a sensação é de que a insegurança aumentou. É um problema difícil de se resolver porque muita gente está se aposentando ou vai se aposentar em breve. O interessante seria oferecer atrativos para que o efetivo não se aposente tão cedo _ diz o tenente-coronel Sidenir Cardoso, que responde pelo CRPO.

A situação piora em épocas de grandes eventos, como a Copa do Mundo, operações de fim de ano e veraneio. Nesses períodos, parte do efetivo do Interior é deslocada para garantir a segurança na Capital ou mesmo no Lioral.

Em cidades menores, essa falta é mais evidente.

_ O ideal seria não ter grupos com menos de 15 policiais, para que as escalas sejam adequadas e o policiamento mais eficiente, mas temos grupos com oito policiais militares por falta de efetivo _ diz Cardoso, citando Júlio de Castilhos como exemplo.

Para problemas pontuais, a BM aposta em operações especiais e no reforço do policiamento em pontos estratégicos, como o Calçadão, no centro de Santa Maria.

Obviamente, não se pode creditar à falta de efetivo da BM toda a responsabilidade pela onda de violência enfrentada em Santa Maria em 2014. Esse ano, ocorreram 40 assassinatos, sendo cinco latrocínios, sequestros relâmpago e assaltos a apartamentos. A questão é bem mais profunda. Porém, uma coisa é certa, com menos policiais fica difícil garantir que a insegurança não seja apenas uma sensação.

Uma luz no fim do túnel

Um concurso público está em andamento no Estado para a contratação de mais 2 mil policiais militares, que devem ser chamados em 2015. Não se sabe quantos virão para a região.

Mesmo assim, não é suficiente para suprir o déficit de efetivo. Uma das alternativas vem da Associação Pró-Efetivo da Brigada Militar. O Estado poderia autorizar a convocação transitória de membros da reserva não-remunerada. Já há 1,2 mil voluntários cadastrados para voltar à ativa e passar a receber salário por isso.

_ Seria uma medida a ser adotada até conseguirmos regularizar o efetivo. Estamos sem policiamento suficiente e os criminosos sabem _ diz o presidente da associação, Olivério Bolina.


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