Um mapeamento realizado pela Polícia Civil contabiliza que ao menos 10 facções criminosas atuam no município de Santa Maria. Elas se mantêm primordialmente pelo tráfico de drogas – elencado por autoridades como fator determinante para o incentivo à disputa por território, o que gera outros crimes, como os homicídios, por exemplo.
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O mercado de venda, compra e consumo de drogas é favorável aos criminosos. É o que afirmou o titular da 3ª Delegacia de Polícia Regional do Interior, delegado Sandro Meinerz, em entrevista ao programa Bom Dia, Cidade! desta terça-feira (28). Conforme ele, Santa Maria tem posição estratégica por estar no centro do mapa do Estado e, por isso, se torna um ponto logístico de distribuição de entorpecentes.
– Isso fez com que as facções se enraizassem em Santa Maria e usassem a cidade para seus negócios - afirma o delegado.
Segundo a polícia, as drogas que chegam ao município são oriundas - principalmente - da Argentina e do Uruguai (com destaque para a maconha e skunk), além da Colômbia e da região metropolitana de Porto Alegre.
Com o comércio, há o enriquecimento dos grupos criminosos, que chegam a faturar de R$ 4 a 5 milhões por ano, conforme Meinerz. O valor é aproximado, dado a dificuldade de ter acesso a cálculos precisos deste mercado.
Perfil das facções e consequências
Dez grupos atuando no mesmo território é um número elevado para um município do interior, como analisa o delegado regional. Por isso, a disputa pela venda de drogas é acirrada e gera consequências, como avanço da criminalidade e o aumento no número de homicídios. No último ano, Santa Maria registrou 66 homicídios. Em 2025, são sete casos.
– Dificilmente vamos encontrar uma cidade fora da Região Metropolitana com 10 grupos. Vários grupos vão habitando o mesmo espaço, brigando, atuando e vendendo drogas no mesmo território, por isso acabam conflitando.
Há três características que diferenciam os grupos que atuam em Santa Maria, conforme a polícia. O primeiro exemplo são grupos estaduais com alianças locais. O segundo é o caso de facções que atuam em âmbito regional e o terceiro se distingue por aliar pessoas somente do município.
É este último perfil que se demonstra “mais conflitivo”, como afirma Meinerz. Porém, em todos os casos há registro de superfaturamento com o tráfico e recrutamento de pessoas da comunidade para trabalhar em prol do ilegal.
– Todas têm número expressivo de participantes, todas têm armamento. Um exemplo é da Vila Babilônia, onde teve triplo homicídio no começo do ano. A região tem três ou quatro grupos criminosos que atuam no local. É um local mais vulnerável e por isso é muito fácil (para os criminosos) recrutarem pessoas para trabalharem para eles - afirma o delegado.
Acima, o delegado se refere ao caso em que três pessoas foram executadas a tiros dentro de uma casa, em 5 de janeiro deste ano, em Santa Maria. Na residência, no Bairro Passo D’Areia, a polícia encontrou drogas e munições.
O problema do crescimento financeiro dos grupos
Apesar das operações realizadas pela polícia, Meinerz descreve a situação de combate ao crime como uma “tarefa difícil”:
– Por mais que apreendemos drogas, o mercado é interessante para as facções e sempre vai abrir espaço para um novo grupo comercializar.
O delegado afirmou que há integração entre as forças de segurança (como Polícia Civil, Polícia Militar, Polícia Federal, Polícia Penal e Guarda Municipal) e que espera reforçar a ajuda por meio da nova secretaria de Segurança Pública criada no governo municipal. Do poder público, o delegado disse esperar auxílio para os policiais, criação de políticas preventivas e captação de recursos para novas ações:
– É através da prevenção que vamos tirar o jovem da rua, do contato das drogas e dar condições para famílias que não seja o trabalho com o tráfico.