força-tarefa

VÍDEO: Rua do Rosário passa a ter fiscalização reforçada contra aglomerações

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data-filename="retriever" style="width: 100%;">Foto: Pedro Piegas (Diário)

Desde a noite desta segunda-feira, a prefeitura reforçou a fiscalização no entorno da Rua do Rosário para evitar as aglomerações. No final de semana, quando a cidade chegou as 690 vítimas do coronavírus, o local foi o cenário de festas que reuniram centenas de pessoas ao ar livre. Muitos consumiam bebidas alcoólicas no meio da rua e não usavam máscaras de proteção. A partir de agora, uma viatura da Guarda Municipal (GM) estará estacionada, diariamente, no entorno da Igreja do Rosário com o objetivo de coibir que grupos de pessoas voltem a se reunir na região.


Essa e outras medidas, para intensificar a fiscalização no Bairro Nossa Senhora do Rosário, foram decididas em uma reunião estratégica que contou com a participação dos órgãos de segurança pública e da prefeitura de Santa Maria, na tarde de segunda-feira. Além da presença de uma viatura, que também será utilizada para verificar denúncias, a Fiscalização Integrada Municipal irá continuar com as ações e operações que estão sendo realizadas pelos bairros e ruas da cidade desde o começo da pandemia.

data-filename="retriever" style="width: 100%;">Foto: João Alves (prefeitura)
Encontro contou com a participação dos órgãos de segurança pública e da prefeitura de Santa Maria

Conforme a prefeitura, de janeiro a maio deste ano, foram realizadas cerca de 462 vistorias na Rua do Rosário e em vias próximas, como nas ruas Silva Jardim, Duque de Caxias e Serafim Valandro. Ainda segundo a prefeitura, durante os finais de semana os números de denúncias aumentam em consequência do grande número de bares e distribuidoras de bebidas que funcionam naquela região.

Entretanto, o superintendente da Guarda Municipal, Santo Cordeiro, explica que os órgãos de segurança, sozinhos, não conseguirão amenizar esse problema. É preciso a cooperação da comunidade e a conscientização das pessoas do momento atual em que todos estão vivendo.

- É um trabalho de formiguinha. Sabemos que não vamos conseguir sanar esse problema. No momento em que coibirmos as aglomerações no Rosário, essas pessoas irão se reunir em outros lugares. O mesmo aconteceu após nosso trabalho na Praça Saturnino de Brito, na Avenida Fernando Ferrari e na Avenida Hélvio Basso - diz.

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Conforme o comandante do 1º Regimento de Polícia Montada (1º RPMon) da Brigada Militar, tenente-coronel Cleberson Braida Bastianello, o efetivo continua dando apoio à força-tarefa de fiscalização, percorrendo as ruas da cidade, não somente no Bairro Rosário, mas em outras regiões para coibir aglomerações. Além disso, a BM continua atuando no policiamento ostensivo com o intuito de diminuir os índices criminais.

- O que podemos ver é que não há, por parte dessas pessoas que se aglomeram, nenhum respeito às regras que estão sendo impostas em razão da pandemia. Seguimos intensificando o policiamento, mas, infelizmente, sabemos que essas pessoas não deixarão de se aglomerar. Somente ação da fiscalização não se basta para esse tipo de evento. Segurança pública é dever do Estado, mas nunca foi tanto o dever de todos - observa.

data-filename="retriever" style="width: 100%;">Foto: reprodução
Imagens das câmeras de segurança cedidas por um estabelecimento mostram a aglomeração na noite da última sexta-feira, por volta das 22h30min, em frente a bares no Bairro Nossa Senhora do Rosário

O VÍRUS E A VIOLÊNCIA INFILTRADOS NA AGLOMERAÇÃO
Com base nas fiscalizações e autuações, a prefeitura informa que os grupos que se aglomeram são formados por um público mais jovem, estimando-se que a maior parte esteja na faixa etária dos 15 aos 30 anos.

De acordo com a BM, na Rua do Rosário, especificamente, não se aglomeram somente estudantes universitários e de escolas do entorno. Até mesmo porque as aulas estão suspensas há mais de um ano. Uma das principais preocupações dos setores de segurança pública, além da disseminação do coronavírus, é de que naquele local se aglomeram muitos criminosos.

- Misturados na aglomeração, há traficantes, ladrões, assaltantes. Muitas vezes, os jovens que estão ali são vítimas desses criminosos. Quando fazemos abordagens nesses locais, nos deparamos com pessoas que estão traficando e, até mesmo, são foragidos da Justiça - afirma Bastianello.

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Para o comandante do 1º RPMon, não há dúvida de que essas aglomerações podem fazer com que a violência no bairro e nas regiões do entorno aumente, já que o criminoso, muitas vezes, vai onde há possibilidade de cometer delitos.

Nos cinco primeiros meses de 2021, os índices de criminalidade se mantiveram mais baixos do que no mesmo período do ano passado. Em 2020, o bairro teve 53 furtos e 38 roubos. Já neste ano, foram registrados 38 furtos e sete roubos. Bastianello diz que manter esses números baixos e levar segurança à comunidade da região são o desafio que a Brigada tem enfrentado trabalhando para coibir as aglomerações, que, consequentemente, contribuem para a elevação dos crimes.

- As pessoas precisam ter consciência de não se aglomerar por causa da pandemia, mas além disso, os pais precisam orientar esses jovens para que não se aglomerem também devido à violência. É preciso ter autocuidado. Contribuir com a segurança é cuidar de si. Os indicadores daquela região e do seu entorno são toleráveis, nós conseguimos com policiamento fazer isso e manter esses níveis. Porém, esse tipo de movimento social ele pode proporcionar o aumento na criminalidade - alerta.

MORADORES PEDEM POR TRANQUILIDADE
O risco do aumento de criminalidade e a falta de sossego público assustam os moradores do Bairro Nossa Senhora do Rosário. A preocupação é ainda maior para quem reside nas proximidades da Rua do Rosário, que tem sido um dos principais cenários de aglomerações e música alta.

Para conseguir amenizar o problema, a associação de moradores do bairro busca ajuda há cinco anos com a prefeitura e a Câmara de Vereadores. Depois do episódio do último final de semana, o grupo irá se reunir para buscar medidas emergenciais, já que o cenário na região é de medo e insatisfação dos moradores, que sentem perder a liberdade de residir no local.

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Segundo a empresária Rosane Minuzzi, 55 anos, que tem estabelecimento comercial e mora na Rua do Rosário há mais de 21 anos, a situação é tão preocupante que há moradores pensando até mesmo em se mudar para fugir do problema:

- Nós não temos sossego, as aglomerações acontecem de segunda a segunda. A única coisa que impede é a chuva muito forte, mas quando passa, eles voltam e começa tudo de novo.

A empresária relata que o problema não começou após a pandemia, já que, antes, estudantes saíam da universidade e se encontravam no local. Agora, além do risco da disseminação do vírus e do problema da perturbação do sossego público, surge também o medo das pessoas que começaram a frequentar o local.

- Não conseguimos mais sair de carro à noite. As pessoas que se aglomeram aqui não nos deixam passar. Antes saímos na sacada e pedíamos que baixassem o som, agora não tem mais como fazer isso. Temos medo do que eles possam fazer. Eles não respeitam ninguém, nem os policiais - revela Rosane.

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Com os repetidos episódios de aglomerações, nos finais de semana à noite, para conseguir dormir ou mesmo olhar TV, Rosane precisa mudar o quarto de lugar, o que para ela causa um sentimento de impotência já que precisa mudar os cômodos da residência para poder ficar confortável dentro da própria casa. Em relação à violência, ela conta que já foi vítima de vândalos. Em uma madrugada, a Brigada Militar bateu na porta da sua casa, para avisar que um grupo havia quebrado o portão da residência e destruído uma cerca viva que havia em frente ao local.

- Não sei mais o que vamos fazer. Nossos chamados sempre são respondidos pela polícia e pela Guarda Municipal, mas o que está faltando é a consciência dessas pessoas. A primeira coisa que preciso fazer de manhã é juntar os copos da grade e varrer o lixo que é deixado na calçada pelas pessoas - desabafa a empresária.

O mesmo sentimento faz parte da vida da instrumentadora cirúrgica Loreci de Fátima Moreira do Nascimento, 53 anos. Moradora da Rua Silva Jardim há três meses, ela conta que tem se surpreendido com a falta de respeito e empatia ao próximo. O local também tem sido um ponto de aglomeração dos jovens.

- Nas escadas do meu prédio diariamente tem gente bebendo e, frequentemente, há discussões e brigas. De manhã, a gente encontra garrafas de bebidas, cacos de vidros, copos plásticos. Tudo jogado na entrada do prédio, pela calçada e ruas - diz.

Loreci, que é nova na região, contou que se surpreende ao ver a quantidade de pessoas reunidas na rua, sem máscara e sem manter o distanciamento:

- Estamos em um momento em que um precisa do outro para conseguir vencer a batalha contra o coronavírus. Vemos os hospitais lotados, e os pacientes são cada vez mais jovens. Sei que devem estar cansados do distanciamento social, mas é preciso ter respeito ao próximo - alerta. 

PROBLEMA HISTÓRICO
Conforme Santo Cordeiro, superintendente da Guarda Municipal, as aglomerações nas ruas são um problema histórico da cidade. Eles diz que isso acontece muito porque Santa Maria é uma cidade universitária e abriga o segundo maior contingente militar do país.

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Um exemplo é a aglomeração gerada anualmente na volta às aulas das universidades, o popular trote dos bixos. A festa, que dura uma semana, já reuniu cerca de 20 mil pessoas em cinco dias. Esse tipo de ação incomodou e incomoda muitas pessoas que têm comércio e moram no local devido ao barulho e à sujeira. Em Santa Maria, não há um local específico que possa ser utilizado pelos jovens para esse tipo de confraternização.

Dentro do estudo comportamental da sociologia, a juventude é um período da vida em que se descobre muita coisa, no ponto de vista humano. É nessa época que começam as primeiras experiências do desenvolvimento do ser humano. Por isso, para esses grupos, ficar afastados e manter o distanciamento é muito difícil. Para o sociólogo e antropólogo Leonardo Pedrete, em meio à pandemia, as razões para os jovens estarem nas ruas se aglomerando pode acontecer por diversas hipóteses. Para ele, as pessoas têm agido, cada vez mais, como se fosse normal experimentar situações de riscos.

- Isso tudo pode acontecer por acúmulo de experiências do distanciamento e do sofrimento, que tem acometido as pessoas neste período, ou até mesmo pelo negacionismo dessas pessoas - observa.

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