data-filename="retriever" style="width: 100%;">Foto: Pedro Piegas (Diário)
Falta de panela, teto em obra, falta de empresa para gerenciar. A lista de problemas enfrentados pelo Restaurante Popular Dom Ivo Lorscheiter é conhecida há pelo menos cinco anos. Em contrato emergencial desde março, o local teve a licitação que definiria a empresa responsável pela gerência suspensa. Agora, a solução imediata será uma nova contratação, neste molde, com a mesma empresa. Enquanto isso, a receita para o funcionamento pleno ainda desanda, apesar de que a a prefeitura garante que o restaurante não irá deixar de funcionar.
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Em março deste ano, a empresa que administrava o restaurante não renovou com a prefeitura. O motivo alegado era o custo com o trabalho. O almoço popular custava R$ 6,50, sendo que R$ 3,50 eram pagos pela prefeitura e R$ 3 pelo consumidor. A Serv Sul pedia aumento, o que não foi aceito pelo Executivo municipal.
Desde 23 de março, a Alexandre Paz Cardoso - ME é responsável pelo estabelecimento. A empresa é de Santa Maria, administrada pelo casal Ana Amélia de Freitas Saccol e Alexandre Paz Cardoso e atua desde a década de 1990 no ramo de alimentação. Esta gestão vai, oficialmente, até 18 de setembro.
NOVA EMERGÊNCIA
O contrato emergencial tem duração de três meses. Ele valeria de março a junho, mas foi prorrogado por 90 dias, o que pode ser feito apenas uma vez. Por isso que a prefeitura fará um novo enquanto a licitação está suspensa.
A suspensão se deu por pedido de uma das empresas que participou do certame. A prefeitura, contudo, não informou quais são as impugnações analisadas.
O Executivo vai manter a administração da Alexandre Paz Cardoso - ME. O contrato emergencial, se iniciado em setembro, pode ir até dezembro, além da prorrogação até março (considerando mais 90 dias).
Em resposta à reportagem do Diário, a prefeitura afirma que o novo contrato será feito para que haja tempo hábil de o processo ser concluído sem que o Restaurante Popular seja fechado.
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SEGURANÇA ALIMENTAR
Denílson Juliano da Rosa, 48 anos, está desempregado e almoça a refeição do Restaurante Popular de segunda a sexta-feira, sempre que pode. Para ele, o preço é ótimo, e há pessoas com ainda mais necessidade que precisam do local.
- Se não tivesse o restaurante, ia ter que me virar ainda mais - conta ele, que considera o almoço "bem completo".
Além de simplesmente garantir a comida, o Restaurante Popular tem o cardápio regido por análise nutricional. Isso significa que a refeição que Denílson chama de "completa" é balanceada. É por isso a preferência do aposentado João Luiz Prestes, 74 anos, pelo local.
- Se não tivesse o Popular eu ia almoçar em casa, mas a dieta não seria tão saudável, tão rica em nutrientes. Almoço quase todos os dias aqui - afirma.
RESTAURANTE POPULAR
- Quando - De segunda a sexta-feira
- Quanto - R$ 3 (marmitex)
- Horário - Das 11h30min às 13h30min
- Endereço - Rua Dr. Pantaleão, 356
BALANÇO
Em todo 2020, foram servidas 125.979 refeições. Devido à pandemia, vale apenas o sistema de pegue e leve. Em 2021, a Serv Sul serviu 31.050 refeições. Desde que assumiu, até junho, quando o contrato emergencial foi prorrogado, a Alexandre Paz Cardoso serviu 39.318.
A média é de 575 refeições por dia. Segundo a prefeitura, a média de refeições, antes da pandemia, era de 500 diárias. O entendimento é de que o sistema pegue e leve e ausência de fila para que as mesas sejam liberadas aumentaram a demanda. Quando o atendimento for normalizado, é esperado que o número possa cair. Atualmente, a fila se estende pelo largo da prefeitura e em parte da calçada da Rua Venâncio Aires quando chega próximo do horário de abertura, mas os usuários apenas retiram as marmitas para comer em outro local.
O Plano Plurianual (PPA) prevê ampliação do atendimento. Em 2022, é esperado manter a média de 575 refeições diárias, com aumento progressivo ate chegar a 727 por dia em 2025. O valor para isso será definido Lei de Diretrizes Orçamentárias (LDO), aprovada anualmente e elaborada com base no PPA. A certeza é que a verba será oriunda de recursos livres do município a partir da cifra de segurança alimentar.
HISTÓRICO
Fechado em 2016 e reaberto em 2019, Restaurante Popular teve caminho atravancado até os dias de hoje
- 2008 - Restaurante Popular é inaugurado
- 2016 - Contrato do município com a ONG que mantinha o local é rompido, e espaço é fechado. Cerca de 400 pessoas por dia deixaram de ser atendidas. Na época, o almoço custava R$ 2
- 2017 - Quatro licitações são lançadas a fim de tomar preços para renovação dos laudos das panelas, exigidos pelos bombeiros para emissão do PPCI. Somente a última teve uma empresa interessada
- Maio de 2018 - Espaço ainda não tinha previsão para reabrir
- Setembro de 2018 - Reabertura fica para 2019 depois que contrato com empresa que reformaria o telhado do prédio é rescindido
- Março de 2019 - Mesmo sem previsão de reabertura, Jorge Pozzobom (PSDB) falou em oferecer gratuidade a alguns usuários. Hoje, usuários cadastrados em Centro De Referência Da Assistência Social têm acesso à refeição gratuita
- Abril de 2019 - Licitação para reabertura é lançada. A Serv Sul, de São Borja, assume a gestão
- Junho de 2019 - Reforma de telhado passa por segunda licitação
- Dezembro de 2019 - Restaurante Popular Dom Ivo Lorscheiter é reaberto
- Março de 2020 - Serviço se restringe a marmitas devido à pandemia
- Dezembro de 2020 - Contrato com a Serv Sul é renovado para 2021
- Março de 2021 - Com a saída da Serv Sul, contrato emergencial é feito. Após três meses, o acordo é renovado por mais 90 dias. Licitação segue prevista
*Colaborou Pedro Piegas