Kiss seis anos

VÍDEO + FOTOS: cavalgada emociona os participantes da vigília em frente à boate Kiss

Eduardo Tesch

Foto: Renan Mattos (Diário) 

As homenagens aos seis anos da tragédia da boate Kiss - que aconteceu no dia 27 de janeiro de 2013 e culminou com a morte de 242 pessoas - foram marcadas por emoção, orações e, sobretudo, pedidos por justiça. Por volta das 22h do sábado, pais, parentes e amigos das vítimas que Santa Maria jamais irá esquecer saíram em caminhada da Praça Saldanha Marinho e seguiram até a frente da boate, na Rua dos Andradas, onde permaneceram até a 1h da manhã de domingo. Ao contrário do que aconteceu em outros anos, os familiares não ficaram em frente à boate até às 2h30, momento em que iniciou o incêndio dentro da casa noturna em 2013. 

O grupo foi acompanhado de perto por 16 voluntários da Cruz Vermelha, que estavam a postos para prestar assistência médica para quem precisasse. A enfermeira Geovana Ribeiro, 36 anos, era uma das voluntárias. Para ela, participar das homenagens é muito mais do que um simples ato de solidariedade. Geovana, assim como muitos santa-marienses, ainda não conseguiu cicatrizar as feridas que surgiram após a tragédia.

- Eu perdi 14 amigos dentro da boate. Participo desde o primeiro ano, sempre para auxiliar as famílias nesse momento. É importante a gente estar aqui nessas horas - ressaltou.

O calor, mesmo à noite, beirava os 30º quando os familiares chegaram em frente à boate. O silêncio da cidade se confundia com a dor e com as lágrimas nos rostos de quem estava no local.

- É um desânimo, uma falta de respeito, uma imoralidade, um abandono total por parte da Justiça e da política. É um sentimento bem triste, sabe. O nosso objetivo aqui é marcar terreno, é falar todos os anos, é se envolver - afirmou o presidente da Associação dos Familiares de Vitimas e Sobreviventes da Tragédia de Santa Maria (AVTSM), Sérgio da Silva, que perdeu o filho Augusto, com 20 anos, na tragédia.

Em meio às orações, familiares falaram sobre o rompimento da barragem de Brumadinho, na última sexta, como um caso de descaso e falta de fiscalização do poder público. Para eles, o grande papel das famílias é não deixar que tragédias como a boate Kiss se repitam.

- As tragédias, infelizmente, acontecem. Está aí, depois de três anos que a barragem rompeu em Mariana, aconteceu a mesma coisa. Quantos morram lá? Inevitavelmente vai acontecer de novo, porque nada muda com esses acontecimentos - reclamou a doceira Ligiane Righi da Silva, 49 anos.

CAVALARIANOS 

"Essa tragédia, infelizmente, serve de exemplo para que o jeitinho, o enjambre, o de qualquer maneira deixe de existir aqui. Acreditamos que a justiça dos homens até tarda, mas a lá de cima um dia vem. Que patrão velho ilumine os culpados. Sim, os culpados. Porque para as vítimas, pais e familiares, existe uma guarde de 242 anjos olhando para baixo e iluminando os nossos dias. Que a justiça seja feita".

Foi com essa frase que o líder do grupo Cavaleiros da Paz, de São Gabriel, saudou os familiares ao chegarem em frente à boate, na noite de sábado. O grupo, formado por 15 cavalarianos e seis pessoas de apoio, saiu de São Gabriel na última quarta e percorreu 30 quilômetros por dia até chegar a Santa Maria. Para eles, estar presente em um momento tão especial, acaba aliviando um pouco a saudade daqueles que já se foram.

- Tínhamos dois amigos próximos no grupo, que eram o Otacílio e o Heitor. Eles se foram. Só de São Gabriel, se foram sete pessoas. Essa é a nossa maneira de ajudar e de prestar a nossa simples homenagem para eles e para essas famílias - afirmou o cavalariano Mairo Ferreira, 31 anos. 



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