6 anos da kiss

Nos 6 anos da Kiss, seminário na UFSM aborda prevenção de tragédias evitáveis

da redação


Foto: Janaína Wille (Diário)
Engenheiros Antonio Fernando Berto (à esquerda) e Alexandre Ravas Campos foram os primeiros a falar

Profissionais de três áreas distintas estiveram hoje no Auditório do Centro de Tecnologia da UFSM para debater, juntamente com familiares de vítimas e moradores da cidade em geral, as causas e consequências do incêndio da boate Kiss, além de discutir maneiras de prevenir tragédias semelhantes à que ocorreu no estabelecimento. As discussões foram baseadas nas percepções de pesquisadores e profissionais dos campos da Engenharia, Jornalismo e Direito

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Na abertura, o painel sobre segurança, engenharia, tecnologia e normas técnicas na prevenção de tragédias evitáveis contou com a presença dos engenheiros Alexandre Ravas Campos, diretor-secretário do Comitê Brasileiro de Segurança Contra Incêndio da ABNT, e Antonio Fernando Berto, responsável técnico pelo Laboratório de Segurança ao Fogo e à Explosões do Centro Tecnológico do IPT, de São Paulo. 

- Hoje nós lamentamos Brumadinho, que repetiu o que aconteceu em Mariana alguns anos atrás. Era uma tragédia evitável, assim como a Kiss. Nós não queremos repetir a Kiss - enfatizou Campos, logo em sua fala de abertura. 

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Ambos destacaram também a importância da fiscalização para o cumprimento das normas de prevenção. Segundo eles, estar de acordo com a legislação é muito mais do que ter um documento assinado que atesta as condições de segurança. É preciso, de fato, proporcionar as medidas de segurança. 

- Há uma nova legislação depois da Kiss, melhor do que a anterior. Mas a execução ainda não é a ideal. Na época da Kiss também existia uma legislação, que era menor. Mas nem essa legislação mais branda foi cumprida. Precisamos acabar com a cultura de que o alvará é só um pedaço de papel. As normas precisam ser seguidas, para que vidas possam ser salvas. Um alvará não apaga o fogo. De nada adianta ter o papel, é preciso estar tudo em dia com a legislação - afirmou Berto. 

Na sequência, Elói Zorzetto, apresentador do RBS Notícias; Daniela Arbex, autora do livro Todo Dia a Mesma Noite; e Marcelo Canellas, repórter especial do Fantástico, participaram do painel sobre a importância da mídia em tragédias. Veja como foi o debate:

O último painel da tarde tratou sobre Direitos Humanos e tragédias evitáveis contra minorias. As palestrantes foram Tâmara Biolo Soares, mestre em Direito pela Universidade de Harvard (EUA) e responsável pelo litígio internacional do caso da Tragédia da Boate Kis; e Raquel Lima, mestre em Direito Internacional pela Universidade de São Paulo (USP), com atuação em áreas da jurisprudência da Corte Interamericana de Direitos Humanos, Direito Internacional dos Direitos Humanos e Justiça Criminal.

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- Eu acho que essa questão da Kiss gera tanta repercussão porque eram jovens que estavam lá. Por um lado, há quem, como todos nós aqui presentes, se sensibilizou muito porque tratava-se de pessoas que tinham uma vida toda pela frente, que estavam só no começo da vida e morreram tão cedo. Mas, também percebe-se, às vezes, um julgamento. Pessoas questionam o simples fato do jovem estar fora de casa tarde da noite, bebendo, dançando, se divertindo. Estamos falando de direitos dos jovens - destacou Raquel. 

Para Tâmara, o caso da Boate Kiss levanta questões cruciais para o Brasil, desde a cultura de desrespeito à lei até o controle social e democrático das instituições. Por isso, ela tomou a iniciativa de denunciar o caso para a Comissão Interamericana de Direitos Humanos.


Foto: Janaína Wille (Diário)
Raquel Lima (à esquerda) e Tâmara Biolo Soares encerraram os debates 

- O caso ultrapassa os pais e as vítimas, mas os pais e as vítimas têm sido revitimizados constantemente pelo poder público brasileiro. O exemplo mais grave disso é a ação de calúnia e difamação movida pelo MP, que criminaliza os próprios pais. Na conjuntura de ausência absoluta de responsabilização pública pelo massacre da Kiss, os pais e familiares seguem lutando por justiça dentro do Brasil e agora também junto ao Sistema Interamericano de Direitos Humanos. Houve entidades públicas que tiveram relação com a tragédia na medida em que conheciam as irregularidades em que a boate atuava - relatou a advogada. 

A programação segue na noite de hoje, com uma vigília, às 21h, com saída da tenda da Praça Saldanha Marinho até o prédio onde funcionava a boate . Às 23h, amigos e familiares das vítimas se encontram com cavalarianos que vêm de São Gabriel para a homenagem. 

PROGRAMAÇÃO DE DOMINGO

  • 18h às 18h15 _ Abertura da 6ª edição do Janeiro 27, com exposição de fotos com a jornalista Alice Pavanello e o fotógrafo Dartanhan Fugueiredo. Como cerimonialistas estão Vilceu Godoy e Márcia Dernadin
  • 18h15min às 18h45min _ Lançamento da revista científica com artigos escritos por formandos que usaram o caso da Boate Kiss em seus Trabalhos Finais de Graduação (TCC), com os professores da Universidade Federal de Santa Maria (UFSM) Ada Cristina Machado e Flavi Lisboa
  • 18h45min às 19h _ Apresentação do projeto de uma pequena construção para vigília que deve substituir a tenda, com o professor Adriano Falcão, coordenador do Curso de Arquitetura da Universidade Franciscana (UFN)
  • 19h às 19h15min _ Apresentação do tema: O sentido do memorial e os projetos complementares, com o arquiteto Felipe Zene Motta, vencedor do concurso concurso público nacional de arquitetura para o Memorial às Vítimas da Boate Kiss
  • 19h15 às 19h35min _ Apresentação do questionário sobre o futuro museu do memorial pelas professoras Virginia Susana Veccholli, do departamento de Ciência Sociais da UFSM; Juliane Serres, coordenadora do programa em Memória Social e Patrimônio Cultural da Universidade Federal de Pelotas (Ufpel); e Letícia Ferreira coordenadora da equipe de curadoria do futuro memorial
  • 19h35min às 19h50min _ Apresentação do protocolo de atendimento psicológico com a médica psiquiatra Melanie Olgliari Pereira terapeuta cognitivo-comportamental pelo Beck Institute
  • 19h50min às 20h05min _ Apresentação de vídeos sobre o memorial pela TV OVO
  • 20h05min às 20h25min _ Apresentação artística da Royalle Academia de Ballet
  • 20h25min às 20h30min _ Toque de silêncio, com soldado Yago Araújo, corneteiro da Força Aérea Brasileira (FAB)
  • 20h30min às 21h10min _ Ato ecumênico com o arcebispo Dom Hélio Adelar Rubert e Renato Paz, representante da Sociedade Espírita
  • 21h10min às 21h20min _ Canções de encerramento com Andressa Goulart 

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