
Acompanhar de perto os temporais de outubro em Santa Maria e ver o desespero de quem perdeu tudo foi um aprendizado muito grande para mim. Chegar nas casas dos atingidos pelas chuvas e ver o sofrimento de cada um foi muito difícil. E foi impossível não deixar a emoção se manifestar ao ouvir os relatos dolorosos de quem acordou com a água na altura dos joelhos dentro de casa e tentou, desesperadamente, salvar os filhos e os móveis. Nesse momento, entendi o meu papel de jornalista: no ato de contar histórias, carreguei a esperança de dezenas de pessoas de que a solidariedade chegasse.
Naqueles dias, tive contato com situações diferentes que me fizeram pensar e dar valor a pequenas coisas. Ouvi a Frida, moradora do Km 3, lembrando da casa dela sendo arrastada pela chuva e agradeci por poder voltar para a minha depois de um dia inteiro de trabalho. Assim como ouvir a Vera Lucia desesperada, sem saber onde passaria a noite com os filhos, fez eu me perguntar por que eu estava reclamando de apenas não ter luz. Também aprendi a importância do trabalho em equipe, porque nenhuma grande cobertura se faz sozinho. Não fosse a união de nossa equipe, os leitores não teriam a dimensão dos estragos.
Depois de tudo isso, percebi, por fim, que é preciso olhar para o próximo para entender que nossos problemas, muitas vezes, são bem mais simples do que imaginamos.
(Mariana Fontana, repórter)
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Durante os temporais de outubro, órgãos como a Defesa Civil agiram para remediar os estragos. Mas a população sentiu falta de informações preventivas, como alertas sobre risco de tempestades e granizo. Como eu já costumava ver as imagens de radar meteorológico da Aeronáutica, pelo site redemet.aer.mil.br, passei a publicá-las no Facebook do Diário e da Página 2, em tempo real, dando aos leitores uma ideia de onde havia maior risco de temporais.
O auxiliar administrativo Leonardo Maciel Londero, 26 anos, diz que o trabalho foi muito útil:
Com as informações divulgadas pelo jornal, eu escapei das pedras, chegando a tempo de guardar meu carro na garagem.
Eu olhava direto e podia sair de casa mais tranquila quando não tinha previsão de temporal conta a estudante Carol Machado Dal Piaz, que mora em Marau.
Histórias como essas me deixaram muito gratificado ao saber que as informações que passamos fazem a diferença na vida das pessoas e podem até evitar que elas passem por apuros. Isso me deixou ainda mais comprometido em fazer um trabalho cada vez mais útil.
As cobranças feitas pelo jornal mobilizaram, ainda, a UFSM e a prefeitura a planejarem a instalação de uma central de monitoramento de tempestades severas na universidade. Esse sistema permitirá à Defesa Civil a emitir alertas para a população. Continuaremos cobrando e apoiando isso.
(Deni Zolin, colunista da Página 2)