data-filename="retriever" style="width: 100%;">Foto: Pedro Piegas (Diário)
Os constantes congestionamentos já fazem parte da rotina dos santa-marienses que trafegam pela BR-392, principalmente no final da tarde. Antes de chegar ao seu destino, o motorista enfrenta quase todos os dias de longas filas na saída para São Sepé, próximo às obras da Travessia Urbana de Santa Maria, no Trevo da Uglione. A conclusão dos serviços neste complexo viário, em abril do próximo ano, deve reduzir significativamente a tranqueira, conforme prevê o Departamento Nacional de Infraestrutura de Transportes (Dnit), o órgão responsável pela manutenção e obras nas estradas federais.
Porém, não há garantia ainda de que o trecho será duplicado, como chegou a ser anunciado cinco anos atrás. Agora, o governo federal prevê a concessão da rodovia à iniciativa privada, para instalação de pedágios, em que há expectativa de futura duplicada devido ao grande volume de veículos no trecho. Porém, só após estudos é que se saberá se a concessão vai exigir a duplicação dessa parte da rodovia.
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O estudo de viabilidade para conceder a rodovia está sendo feito pelo Banco Nacional de Desenvolvimento Econômico e Social (BDNES), garantiu o ministro da Infraestrutura, Tarcísio Gomes de Freitas. No Rio Grande do Sul, 500 quilômetros de estradas federais devem ganhar praças de pedágios, entre eles o trecho da BR-392, entre Santa Maria e Caçapava do Sul, além da BR-158, entre Santa Maria e Carazinho, conforme o governo federal havia divulgado em agosto de 2019. As duas BRs foram incluídas no Programa de Parcerias de Investimentos da Presidência da República (PPI) e no Programa Nacional de Desestatização, (PND) por um decreto publicado no Diário Oficial da União no dia 15 de agosto do mesmo ano.
Conforme o Ministério da Infraestrutura, a concessão à iniciativa privada, duplicação e melhorias nas BRs 158 e 392 fazem parte de um estudo de viabilidade junto ao BNDES desde o ano passado. As informações foram dadas pelo ministro Tarcísio Gomes de Freitas recentemente no Seminário Competitividade na Infraestrutura, transmitido pela TV Assembleia. Conforme Freitas, a ideia é iniciar a concessão das duas rodovias até 2022. Assim, seriam privatizados o trecho de Carazinho a Caçapava do Sul. Isto porque, a partir de Santana da Boa Vista, a BR-392 já é administrada pela iniciativa privada. As duas rodovias federais são o principal corredor de escoamento da safra de grãos das regiões Noroeste, Norte e Central até o porto de Rio Grande.
Na sexta, o Diário questionou o ministério se há previsão de duplicação total das rodovias ou, ao menos, dos trechos urbanos, como o da saída de Santa Maria para São Sepé. Mas até ontem à tarde, a assessoria de imprensa do ministério não havia respondido aos questionamentos.
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TENTATIVA
A duplicação de um trecho da BR-392 já teve até processo licitatório. Foi em 2015, quando o Dnit habilitou três empresas para duplicar 2,5 quilômetros que vão do Trevo da Uglione até a entrada para a Estância do Minuano. Na época, as três vencedoras da licitação desistiram da obra. O Dnit então chamou a quarta empresa colocada para executar os serviços. Mas construtora também desistiu porque havia cobrado R$ 123 milhões para os serviços, mas só poderia fazer a obra se assumisse o serviço pelo valor da empresa vencedora, de R$ 110 milhões. Diante disso, a duplicação não saiu do papel. Houve nova tentativa de realizar outro processo licitatório, mas acabou não acontecendo.
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REPAROS E LIBERAÇÕES
Questionado sobre as condições da BR-392, na saída para São Sepé, o Departamento Nacional de Infraestrutura de Transportes (Dnit) informa que estão previstos serviços de manutenção no trecho. Em relação ao complexo viário da Uglione, composto por quatro viadutos e uma trincheira, o órgão salienta que o primeiro viaduto foi liberado para o trânsito em julho, permitindo uma ligação direta para quem trafega no sentido Santa Maria a São Pedro do Sul, em ambos os sentidos. Em outubro, está programada a liberação da via lateral, possibilitando a chegada na rotatória em duas pistas. Já para dezembro, deve ser liberado o tráfego do segundo viaduto.
As obras seguirão conforme a disponibilidade orçamentária, e os prazos podem "sofrer alterações", diz o órgão. Para abril de 2021, está prevista a conclusão das obras do Trevo da Uglione, com a liberação do tráfego na trincheira duplicada (pista escavada abaixo do nível do solo), que ficará responsável pelo trânsito no sentido Júlio de Castilhos-São Sepé e vice versa. A partir daí, o Dnit espera uma melhoria considerável do trânsito urbano e do fluxo da rodovia, tanto para o escoamento da safra ao Porto de Rio Grande, quanto para o deslocamento à Fronteira-Oeste.
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DIFICULDADES
A proprietária da padaria Pães Nobre, Nadia Nobre, relata que o congestionamento na BR-392 "é direto", não é só no horário de pico, é todo o dia, de segunda a segunda. Para atravessar a rodovia de um lado para o outro, é complicado e perigoso, diz. Ela também faz uma referência a veículos que desejam atravessar a via.
- Se não houver bom senso de algum motorista, o outro que precisa entrar na pista espera por muito tempo, fica ali meia hora - relata.
A tranqueira também impacta nas vendas da padaria, em função do acesso difícil de quem chega pelo outro lado da BR.
- Muitos dizem para nós a dificuldade em chegar até aqui pelo perigo em atravessar a pista, tanto de carro como a pé - aponta.
João de Oliveira, dono da lancheria Pirata, que funciona dentro de um ônibus, reclama do congestionamento, mas observa também o perigo da falta de pintura de faixas de seguranças naquele trecho e, de uma placa, que indica a troca de pista. Segundo ele, à noite, alguns motoristas seguem reto na contramão no sentido Santa Maria-São Sepé, onde não deveriam cruzar, na altura do acesso a vila Lorenzi.
- Já houve acidentes em função desta confusão da pista que muda de sentido por aqui - alerta.
Ele pede providências, tanto para a questão do congestionamento, como para a confusão de sentidos na pista.
A dona de casa Ivone Marin, que trabalha num mercado próximo a rodovia, reconhece as dificuldades provocadas pelos constantes congestionamentos na BR 392, mas acredita que assim que as obras do viaduto da Uglione forem concluídas as coisas irão melhorar. Para ela, é preciso ter paciência, principalmente na hora do pico. Esse para ela é o pior momento porque as pessoas vem fazer compras e geralmente não conseguem acessar ao estacionamento do estabelecimento.
O motorista de caminhão graneleiro, Aristides Silveira, considera-se veterano em tranqueiras. Geralmente utiliza mais esse trecho da estrada no primeiro semestre, quando faz o transporte da safra de soja do noroeste gaúcho para o porto de Rio Grande.
- É um castigo quando tem de se cruzar por aqui - resume.
Para ele, a solução definitiva virá apenas com uma possível duplicação.