Substituir os cortes da carne ajuda a deixar o churrasco menos “salgado”

José Quintana Jr.

Substituir os cortes da carne ajuda a deixar o churrasco menos “salgado”
A carne de primeira aumento de 93,9%. A carne de segunda teve alta ainda maior no preço do quilo: 95,6%. Foto: Eduardo Ramos

Quem pretende fazer o tradicional churrasco na Semana Farroupilha deve estar preparado para substituir cortes mais nobres por peças mais em conta, ou até mesmo mudar algumas carnes de gado por porco ou frango. Segundo dados do Departamento Intersindical de Estatística e Estudo Socioeconômicos (Dieese), a carne de primeira dobrou de preço nos últimos quatro anos, saltando de R$ 22,63, em média, para R$ 43,89 – aumento de 93,9%. A carne de segunda teve alta ainda maior no preço do quilo: 95,6%. Passou de R$ 17,74 para R$ 34,70.

O carvão também teve uma disparada de preço. No acumulado de 2022, o aumento é de 33,81%. O preço médio do saco de três quilos saltou de R$ 11,36 em dezembro do ano passado para R$ 15,20, conforme os dados divulgados pelo Núcleo de Pesquisa Econômica Aplicada da UFRGS.

Para o coordenador da 13ª Região Tradicionalista, Luiz Pozzobon Júnior, a alternativa para os festejos da Semana Farroupilha, esse ano, é fazer outros tipos de pratos típicos gauchescos, além do tradicional churrasco, para não pesar tanto no bolso.

– Além de a gente substituir um pouco da carne de gado, por outras opções, a gente optou em fazer em algumas refeições o carreteiro, a feijoada, que também fazem parte da nossa tradição – afirma Luiz Pozzobon, que admite que o preço da carne torna inviável a realização de churrasco todos os dias nas atividades diárias da Semana Farroupilha.

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Realidade que também é percebida nas casas de carne. O gerente do Empório Alvorada, Felipe Mahler, 39 anos, comenta que antes da pandemia eram vendidos mais de 20 pedaços de picanha no domingo. Atualmente, o consumidor tem procurado peças de carne mais em conta, como o vazio e a costela, além de outros tipos de carne.

Carnes mais nobres estão sendo substituídas por cortes mais em conta, como costela e o vazio. Foto: José Quintana Jr

– A gente percebe que diminuiu a procura por peças mais nobres. Aumentou a busca por frango, salsichão, mas principalmente outros cortes. O churrasco segue em alta, principamente nessa data, mas com mudança na escolha do pedaço ou tipo de carne – conta Felipe. 

Segundo especialistas, são dois os fatores principais para a elevação do preço da carne. O aumento da exportação do produto para outros países e a alta do custo de produção, principalmente para a alimentação do gado, além da pastagem.

– Principalmente uma pressão em relação ao câmbio, o que reflete nos insumos. A questão da ração, do milho tem um impacto direto no custo da alimentação do bovino. Além disso, tem um fator externo, exportação da carne em grande volume, que influencia no aumento de preço no mercado interno – diz o professor universitário e economista, Mateus Frozza.

Os números divulgados pela Federação da Agricultura do Estado do Rio Grande do Sul (Farsul) confirmam o aumento das vendas para o Exterior. No 1º quadrimestre de 2022, o RS exportou um total de US$ 6,6 bilhões, sendo US$ 4,5 bilhões produtos do agronegócio. Isto representa um aumento de 29% em relação ao valor exportado no 1º quadrimestre de 2021. A exportação da carne bovina aumentou de US$ 22,9 milhões para US$ 34,4 milhões.

Alternativa

O custo final da carne bovina brasileira deve cair em até 20% para o consumidor final em 2023, em função de uma maior oferta do produto no mercado interno. Foi o que apontou o relatório final divulgado pela Safras & Mercado, maior consultoria do setor no país.

De acordo com os dados apresentados, atualmente, a carcaça do boi é vendida no Brasil por aproximadamente R$ 320. Para o próximo ano, a expectativa é que esse mesmo produto tenha o custo para os frigoríficos de R$ 250.

Mas enquanto a redução não ocorre, a saída para garantir o tradicional churrasco no 20 de setembro, conforme os especialistas, é simples: variar os tipos de carne e opções para garantir as comemorações sem fugir do tradicionalismo.

– A gente precisa fazer escolhas, não só de carnes bovinas, mas também a carne de porco e de frango que estão mais em conta. Buscar cortes menos tradicionais, uma ponta de peito, um salsichão, um pão de alho feito em casa, um galeto, costela de porco. O que importa é ajustar o orçamento e comemorar o 20 de setembro – afirma Frozza.

Quem deixar para a última hora para garantir o churrasco na terça-feira, os mercados e supermercados e demais empresas do ramo de gêneros alimentícios poderão abrir no feriado. Em acordo com o Sindicato dos Empregados do Comércio de Santa Maria, ficou estipulado que os estabelecimentos podem abrir das 8h às 13h.

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