Em julho de 2019, cerca de 40 mulheres se reuniram em uma fazenda na localidade de Val de Serra, no interior de Júlio de Castilhos, para dar origem ao Peitaço da Composição Regional, um evento que tinha como proposta compor, contar e cantar sobre o feminino na música regional. Nos anos seguintes, a pandemia tornou inviável novos encontros presenciais, mas a urgência em debater o tema fez com que o grupo de cantoras e compositoras criassem o projeto Leontinas no Galpão, uma série de lives realizadas quinzenalmente nas redes sociais.
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Para a cantora e apresentadora Shana Müller, idealizadora do movimento, a internet, em tempos de isolamento social, é peça fundamental para seguir abrindo espaço para que as mulheres se sintam apoiadas e terem sua própria voz:
– Precisamos seguir conscientizando as pessoas do quão importante é a participação da mulher dentro da cultura gaúcha, o quanto ela é inerente. Não existe cultura gaúcha só masculina, apesar da representatividade do masculino ser muito mais presente dentro deste universo. Nossa batalha é por trazer questões que precisam ser discutidas ou rediscutidas, questionar o que não se adequa mais aos tempos de hoje, como as letras das canções, e ao mesmo tempo seguir fomentando que a mulher também tem a sua própria voz – explica a cantora.
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Apesar do movimento ainda ser novo, Shana conta que já é possível notar o aumento das mulheres nos palcos e nas composições de músicas regionais. O grupo conta hoje com mais de 80 mulheres de todos os cantos do Rio Grande, inclusive de Santa Maria, como Analise Severo, Oristela Alves, Laura Guarany, Daiane Diniz, Gisele Guimarães, entre outras.
– Não havia nesses palcos preconceito transparente, específico de que aqui mulher não canta, mas o fato de ter mais mulheres incentiva outras a procurarem esses espaços, esses canais, a se sentirem parte. É a mesma coisa que minha entrada no Galpão Crioulo, que no ano que vem completa 10 anos. Hoje as mulheres ligam a televisão, olham para aquele Galpão e sabem que elas fazem parte desse espaço e dessa cultura. Daqui uns anos vamos parar e olhar para trás e perceber o quão essas ações são fundamentais para transformar a sociedade – acrescenta.
As lives são realizadas a cada duas semanas nas terças-feiras, a partir das 20h, e cada encontro conta com sete ou oito mulheres, que debatem e cantam. Os vídeos, que podem ser acessados também após o ao vivo, podem ser acompanhados pelo Facebook de Shana Müller e no Youtube do Peitaço.