Na maioria das vezes, levar uma criança para tomar vacina não é uma tarefa fácil. A experiência da vacinação pode ser traumática para os pequenos. O medo da agulha e o choro dos filhos apertam o coração dos pais, ao ponto de que alguns ficam tão incomodados que acabam atrasando o calendário de imunização. Mas, a tecnologia aliada ao atendimento humanizado veio para mudar essa realidade.
Agora, a ansiedade das crianças dá lugar à magia de um mundo encantado, onde a inovação é a responsável por ajudar as famílias. A realidade virtual veio para amenizar a dor na hora da vacinação, distraindo as crianças. Para isso, foi desenvolvido um software com uma história que envolve a criança, fazendo com ela não perceba o que está acontecendo.
Central de UTI do Husm tem nova data para ser entregue
Há oito dias, uma clínica particular de Santa Maria está usando a tecnologia para ajudar as crianças a enfrentar esse medo. A proprietária da clínica, Giovana Alegranzi, 39 anos, comenta que, há um bom tempo, a ideia estava sendo pesquisada. Agora, com a novidade, e mesmo com o investimento, os valores das vacinas não aumentaram.
– A gente teve a ideia de aliar a tecnologia ao conforto da criança para tirar esse medo da vacinação, da tensão. Isso facilita muito, porque a criança fica focada na história e tira aquele pânico da agulha, de ver preparar o material, além de ser, também, um diferencial. Inclusive, teve até adulto perguntando se poderia fazer a vacina usando o óculos de realidade virtual, porque, na verdade, o pânico da vacina não é só das crianças. Tem muito adulto que tem um medo absurdo, isso independe de idade, é involuntário – relata Giovana, que também é enfermeira.
Realidade virtual cria ambiente próprio às crianças
A história é a seguinte: Quando a criança chega no laboratório para ser vacinada, entra na sala e, em seguida, recebe um óculos de realidade virtual com um celular acoplado. É por meio da realidade virtual que a mágica acontece – o paciente é transportado para um universo lúdico em um vídeo em 360° graus e em 3D. O enfermeiro prepara a vacina antes da criança entrar na sala para não causar pânico. Pelas lentes, nada de ampolas ou agulhas, só um novo amiguinho e um mundo encantado. Uma fada pede ajuda para a criança, para que o dragão não chegue até o reino.
Confirmados 12 casos de leishmaniose em Santa Maria
Para isso, é preciso restaurar um escudo. A pedra de gelo – momento em que a enfermeira passa o algodão com álcool no braço da criança – representa a pedra da sabedoria. Com a pedra da terra, a criança recebe as forças da natureza – algodão seco – e, para dar muita força, o próximo passo é a superpoderosa pedra de fogo – momento em que é aplicada a vacina. Seguindo a história, vem a pedra de ar, para o dragão não atacar – momento em que é colado o adesivo. Assim, o cristal ativa o escudo, a criança torna-se um herói e salva todo o reino.
O resultado? A maioria se diverte com a aventura, encara o medo da agulha e fica com a sensação de ter, de fato, se tornado um herói. E o que é melhor, sem a tensão e a ansiedade. A história dura 1min 30s, tempo que a enfermeira tem para entrar na história e fazer a vacina.
A técnica em enfermagem Eliane Reis, 22 anos, percebeu que as crianças estão menos apreensivas antes de tomar vacina. A cada aplicação, uma reação surpreendente.
– A expectativa deles para receber a vacina, agora, tem sido bem melhor. Já não tem mais aquela tensão, já entram mais com a expectativa de conhecer a história mesmo. Por isso que preparamos tudo antes de eles entrarem na sala. É muito legal ver a reação. Eles entendem que a vacina é uma proteção mesmo, igual ao escudo da história – avalia Eliane.
Lauren Barcellos Vieira Duarte, 10 anos, foi fazer a vacina que previne a pneumonia (pneumocócica 23 valente) e, pela primeira vez, usou o óculos de realidade virtual e aprovou a iniciativa:
– As coisas estão mais tecnológicas, e eu achei bem legal. Tive um pouquinho de medo no começo, mas, depois, passou e não doeu. A gente presta mais atenção na história do que na vacina e tira o medo.
Casa de Saúde ganha 16 leitos para pacientes em esperada de alta
Para os pais, um aliado contra o medo e a ansiedade
Para os pais, esse é um serviço que une a tecnologia em benefício da saúde. A vendedora Daniele Barcellos Vieira, 34 anos, mãe de Lauren, disse que a filha sempre foi corajosa e que não chorava quando criança. Tomar vacina, na maioria das vezes, era tranquilo, mas, agora, ficou ainda melhor.
– A gente sempre explicava para ela, antes de tomar a vacina, como ia ser. É algo para o bem, ela sempre teve consciência disso e, como a Lauren já teve meningite aos 6 e aos 9 anos de idade, acho que ficou mais forte em relação às vacinas. Eu achei bem legal a iniciativa da clínica. A realidade virtual está bem na moda – comemora Daniele.
Na próxima semana, chegará outro aparelho que ajudará ainda mais as crianças na hora da vacina. De acordo com o sócio da clínica, Jeferson Falcão 47 anos, o Buzzy é um dispositivo que tem o tamanho da palma da mão e usa a tecnologia para diminuir sensivelmente a dor da picada de agulhas. Por meio de uma bolsa de gelo, o aparelho vibra enviando para o cérebro informações de movimento e de frio, inibindo a dor na hora da picada da agulha. O dispositivo poderá ser colocado em qualquer lugar do corpo que receberá o medicamento.