Cidadania

Projeto acolhe crianças em vulnerabilidade social em Santa Maria

Luisa Neves

Na infância, a dona de casa Joice Santos da Rosa frequentou um projeto social onde recebeu carinho, educação e alimento por mais de 10 anos. Hoje, 15 anos depois de fazer parte da iniciativa, ela retorna ao mesmo local para deixar as filhas Maria, 9, e Lia, 5. Joice conta que, no Catando Cidadania, suas meninas recebem reforço escolar, formação espiritual e muito mais:

– Fui criada neste projeto quando ainda tinha outro nome e era mantido pelos Irmãos Palotinos. Conheço e respeito a seriedade deste trabalho. Tenho plena confiança em deixar minhas filhas aqui – destaca.

Bebê segura na mão de médico durante o parto, e foto causa emoção

Mantido pelo Projeto Esperança/Cooesperança da Arquidiocese de Santa Maria, o Catando Cidadania tem como objetivo acolher crianças com idades entre 4 e 12 anos, principalmente moradoras da Comunidade Cerrito. De acordo com a coordenadora geral da iniciativa, irmã Lourdes Dill, no projeto são oferecidos oficinas e passeios educativos, aulas de capoeira, catequese, reforço escolar e brincadeiras lúdicas.

– Nossa intenção é cooperar com mães catadoras que não têm onde deixar os filhos enquanto trabalham. Nosso compromisso é colaborar com a formação e fornecer alimentação aos pequenos, enquanto eles estão na instituição – reforça.

Foto: Gabriel Haesbaert / NewCo DSM

O Catando Cidadania recebe as crianças no turno inverso ao escolar. A pedagoga Cláudia Machado conta que, no início das atividades, o expediente se estendia até às 17h, mas, devido à falta de recursos para manter todas as despesas, o horário precisou ser reduzido.

– Recebemos as crianças para o café da manhã. Depois do almoço, os que estudam à tarde seguem para a escola. Em seguida, temos as oficinas com quem chega do colégio e encerramos o trabalho às 14h30min – explica a pedagoga, que atua no projeto há três anos.

ONG Infância-Ação seleciona voluntários para 5 projetos 

Segundo irmã Lourdes, entre as atividades que as crianças mais gostam, está a hora da leitura, já que dispõem da Geladeira Cultural, uma atração para os pequenos. Ela salienta que, além do Esperança/Cooesperança, o Catando Cidadania conta com parcerias indispensáveis como as da Sociedade Vicente Pallotti, dos Agentes de Saúde, dos parceiros da Igreja das Dores, do Grupo de Voluntários Sperare e do Mesa Brasil, do Sesc, entre outros apoiadores.

Foto: Gabriel Haesbaert / NewCo DSM

– Os voluntários fazem toda a diferença na manutenção do projeto. Atualmente, um grupo de médicos veterinários ensina as crianças a cuidar e conviver com os animais. Gostaríamos de contar também com assistentes sociais, psicólogos, dentistas e colaboradores de outras áreas para que pudéssemos fazer um trabalho cada vez melhor – acrescenta a irmã.

Cláudia afirma que materiais de limpeza e alimentos também são bem-vindos. Ela enfatiza que, todos os dias, as crianças são incentivadas a terem uma alimentação saudável, à base de frutas e verduras.

– Quando as crianças chegam aqui, geralmente, resistem às saladas, mas a gente insiste, e logo elas adquirem o hábito – ressalta.

Três vezes por semana, a voluntária Sandra Feles Ferreira é responsável por preparar a comida do projeto. Moradora do Cerrito, ela conta que se dispôs a ajudar para retribuir o cuidado que os filhos sempre receberam na instituição.

– Minha recompensa é o abraço que ganho de cada um dos pequenos. Conviver e acompanhar o crescimento deles é muito bom – afirma.

Formação religiosa

Outra prioridade no projeto é a formação religiosa. Segundo irmã Lourdes, aos sábados, as crianças participam de aulas de catequese e, uma vez por mês, participam de celebrações na Igreja das Dores.

Jornadas, ponto eletrônico e atendimentos: um panorama da rede básica de saúde 

Para Joice, as aulas de catequese contribuem com a educação das filhas. Ela conta que as brigas entre as irmãs diminuíram e que elas rezam todos os dias.

A pedagoga acredita que os resultados do projeto podem ser observados no desenvolvimento da socialização, comunicação e respeito às diferenças, aspectos que são muito trabalhados entre alunos e pais na instituição.

– Aqui, a gente conta com o apoio dos pais. Eles têm muita consideração pelo trabalho realizado com os filhos deles. Para mim, o Catando Cidadania é uma ação que permite o aprendizado e o ensino ao mesmo tempo. Neste trabalho, aprendi que a gente pode ser feliz com as coisas básicas – acrescenta Claudia.

O projeto Catando Cidadania funciona no Bairro Cerrito, em um galpão construído por meio de uma parceria entre Mitra Diocesana e padres palotinos. 

As atividades são realizadas de segunda à sexta-feira, das 9h30min às 14h30min. 

Quem desejar ser padrinho da iniciativa pode entrar em contato com Projeto Esperança/Cooesperança, pelo telefone (55) 3219-4599.

Carregando matéria

Conteúdo exclusivo!

Somente assinantes podem visualizar este conteúdo

clique aqui para verificar os planos disponíveis

Já sou assinante

clique aqui para efetuar o login

Anterior

OPINIÃO: Lançamento da Campanha Instinto de Vida no Rio Grande do Sul

Próximo

Workshop sobre direitos autorais será realizado nesta terça em Santa Maria

Geral