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OPINIÃO: As viagens tornaram-se uma escola

Padre Xiko

Inicialmente, as viagens eram quase uma tortura, pelo tempo de espera nos aeroportos, pela impaciência, pela responsabilidade do trabalho, pelas correrias, pelos gestos e atitudes de certas pessoas mal-educadas e até pela angústia da insegurança do desconhecido. 

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Depois de nove anos de peregrinação, posso garantir que estou aprendendo, primeiramente, estou a ser mais paciente, a conviver no meio do barulho, aprendendo com os dissabores dos atrasos e com os imprevistos. 

Sim, posso garantir que as viagens estão sendo uma verdadeira escola de vida, pois, em lugar da ansiedade, procuro cultivar a serenidade, buscando observar tantas pessoas diferentes, de comportamentos os mais variados, com enorme dificuldade de locomoção e, mesmo assim, demonstrando enfrentar os desafios de viajar, muitas vezes, necessitando da cadeira de rodas e de auxílio especial.

 Os aeroportos, as rodoviárias, os táxis têm sido verdadeiras escolas, pois encontro neles pessoas  com as mais diversas ações e reações. Pessoas que se irritam  e xingam  por qualquer coisa, que esquecem a educação ou nunca tiveram; pessoas que, ao falar ao telefone, não levam em conta que há outras no ambiente, que falam como se todos fossem obrigados a escutá-las, outras que não param um instante, passam o tempo todo andando de um lado para o outro.

Aprendo com a humildade que vejo em tantas pessoas e  com atitudes arrogantes de alguns que se consideram mais que os outros. 

Aprendo vendo o modo carinhoso com que os pais dialogam e tratam os filhos, com o amor dedicado aos idosos que viajam; aprendo muito com aquelas pessoas que, apesar das limitações, aparentam serenidade. 

Aprendo como os que viajam em férias, com os que vão visitar seus familiares, com os que vão em busca de aperfeiçoamento e formação, com os que vão exercer sua missão profissional, com os que vão em busca de saúde, com os parceiros de viagem, mesmo que não saibam seus objetivos; aprendo com a delicadeza da tripulação. 

Sim, aprendo vendo a alegria do encontro ou do reencontro entre pais e filhos, familiares, amigos  e  namorados, ou com as lágrimas da despedida, com os acenos da partida.

Aprendo com aquelas pessoas simples, cheias de insegurança, que, a cada pouco, perguntam se estão no voo certo. Aprendo com a multidão, com os que estão sempre com um livro nas mãos, ou com seu tablet ansiosos pelas notícias. Aprendo até com os que, logo ao embarcarem, refugiam-se no sono. Aprendo com a alegria de muitos, com a serenidade de quem vai ao encontro de familiares, com os diálogos os mais variados e interessantes, desde futebol, política e religião. E, como não aprender com as crianças, com a sua espontaneidade, serenidade e criatividade?

Enfim, cada viagem tornou-se para mim um grande aprendizado. Aprendi, principalmente, que sempre é tempo de aprender! E que a vida é uma constante escola. 

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