No Dia Nacional de Combate ao Fumo, especialista faz alerta sobre o consumo de cigarros e casos de câncer de pulmão

Arianne Lima

No Dia Nacional de Combate ao Fumo, especialista faz alerta sobre o consumo de cigarros e casos de câncer de pulmão
Foto: Marcelo Oliveira (arquivo/Diário)

O número de pessoas fumantes no Brasil tem diminuído nos últimos anos e apesar dos dados parecerem promissores no Dia Nacional de Combate ao Fumo, instituído em 29 de agosto, especialistas ainda permanecem em alerta. Segundo o Instituto Nacional de Câncer (Inca) José Alencar Gomes da Silva, fumantes têm vinte vezes mais chances de ter câncer de pulmão que não fumantes.

Em entrevista à Rádio CDN, o médico pneumo-oncologista José Miguel Chatkin comentou sobre o Agosto Branco, mês de conscientização e prevenção contra o câncer de pulmão, considerado um dos tipos que mais mata no país. De acordo com Chatkin, a baixa nos índices de brasileiros fumantes pode levar tempo para fazer efeito nas estatísticas:

– O que começamos a perceber é uma diminuição importante do número de fumantes em praticamente todo o país. Isso entre o sexo masculino. No sexo feminino, ainda há mulheres começando a fumar. Estou comentando isso, porque essa diminuição só terá repercussão no número de casos de câncer dentro de algumas décadas, porque esse é o tempo que leva a partir do momento em que a pessoa começa a fumar. Em alguns casos, pode ser mais rápido, mas média é essa.

Estimativa

No triênio 2020-2022, a estimativa no Brasil de câncer de pulmão é de:

17.760 casos novos em homens/ano12.440 novos casos em mulheres/ano

Na Região Sul, que engloba o Rio Grande do Sul, este tipo de câncer ocupa os seguintes lugares na lista de frequência:

2° em homens, com risco de 31,07 novos casos a cada 100 mil3° em mulheres, com risco de 18,66 novos casos a cada 100 mil

*Fonte: Instituto Nacional de Câncer (Inca)

Considerado silencioso, o tumor pode se desenvolver sem apresentar sintomas prévios, o que resulta em uma busca tardia por diagnóstico. Segundo Chatkin, este seria um dos fatores que contribuem para um elevado número de óbitos por conta desta doença.

– Na medida em que a pessoa vai fumando ao longo dos anos, sintomas de que o meio respiratório está doente começam a aparecer como tosse, expectoração e falta de ar. Quando o tumor se instala e começa a crescer, muda o perfil destes sintomas. A tosse, que era seca, pode começar a ter escarro sanguinolento. As infecções respiratórias podem ser mais frequentes. A falta de ar e apneia também. Junto a isso, aparecem sintomas e sinais gerais que vão apontando que a situação daquela pessoa não é boa – afirma o médico, destacando que dificuldades para se alimentar e perda de peso também servem de alerta.

Leia mais:

Primeiro caso de varíola do macaco é confirmado em Santa Maria Confira o calendário de vacinação contra a Covid-19 nesta semana

Cigarro eletrônico

Além do cigarro tradicional, Chatkin faz um alerta sobre o cigarro eletrônico, cujo consumo tem crescido entre os jovens.

– O cigarro eletrônico foi trazido a população como uma medida salvadora. A pessoa poderia usar um artefato contendo nicotina, sem riscos a saúde. Por isso, que ele se expandiu com uma velocidade espantosa. Mas, isso é uma mentira. O cigarro eletrônico tem uma série de efeitos adversos, porque é um pouco diferente a forma como evolui a doença com o tabagismo tradicional. No cigarro eletrônico, existe apenas a nicotina. Não existe o tabaco. A nicotina é aquecida pelo dispositivo e a pessoa inala essa substância vaporizada – explica.

Conforme o especialista, como a nicotina gera uma pequena quantidade de vapor apenas, propilenoglicol e outras substâncias passaram a ser adicionadas ao composto para aumentar o vapor, resultando também em problemas à saúde:

– O propilenoglicol é a mesma substância do gelo seco, usado em shows e boates. Ele é autorizado pela Anvisa e todos os órgãos de segurança sanitária no mundo, mas em ambientes abertos. É diferente quando a pessoa inala na boca, que vai para a garganta e para o aparelho respiratório, afetando diretamente a saúde da pessoa.

Chatkin alerta que, apesar dos riscos, não há comprovação que o uso de cigarro eletrônico cause câncer de pulmão:

– Ainda não temos a comprovação final. Então, o melhor é não brincar com essa possibilidade. O cigarro eletronico faz mal por uma série de situações que já foram apontadas, mas para outras ainda não há definições.

Prevenção

Para prevenir o câncer de pulmão, é recomendado que pessoas fumantes realizem anualmente tomografias e optem pelo acompanhamento com um pneumologista.

– O rastreamento anual dos fumantes através de tomografia computadorizada aumenta a possibilidade de detecção precoce do câncer. Ou seja, como, às vezes, ele é muito silencioso, a pessoa está se sentindo bem e continua fumando. Então, este rastreamento faz com que o número de mortes por câncer diminua bastante, porque se identifica o câncer cedo e as chances de cura são maiores – explica o pneumo-oncologista.

Considerando o histórico de desenvolvimento da doença, Chatkin afirma que o ideal é que homens e mulheres iniciem os exames a partir dos 40 anos de idade:

– Geralmente, esse grupo começa a fumar em torno dos 20 anos. E quando já tem entre 20, 25 anos de tabagismo, começa a acender uma ‘luz vermelha’ que precisa ser investigada.

Leia todas as notícias

Carregando matéria

Conteúdo exclusivo!

Somente assinantes podem visualizar este conteúdo

clique aqui para verificar os planos disponíveis

Já sou assinante

clique aqui para efetuar o login

“Meu filho veio para cá cheio de sonhos, e estou deixando ele aqui em uma caixa”, diz a mãe de Gabriel Marques Cavalheiro Anterior

“Meu filho veio para cá cheio de sonhos, e estou deixando ele aqui em uma caixa”, diz a mãe de Gabriel Marques Cavalheiro

Centro Social Marista Santa Marta é uma das instituições que vai receber as doações da Campanha Santa Maria Sem Fome Próximo

Centro Social Marista Santa Marta é uma das instituições que vai receber as doações da Campanha Santa Maria Sem Fome

Geral